TAANIT (JEJUM DE) ESTER (5779) – Estudo para 15 de março de 2019 – 08 de Adar II de 5779

I. Introdução – Jejum de Esther, 20 de março de 2019 – O jejum do 13 de Adar II é destinado a aprimorar a alma e galvanizar a força judaica para os desafios futuros.

Purim é 21 de março de 2019, 14 de Adar II – Um feriado alegre que celebra a salvação dos judeus do iníquo Hamã. Shushan Purim – 22 de março de 2019, 15 de Adar II,
Por Rav Shraga Simmons.

Todos os anos, o jejum de Ester é realizado em um dos dias antes de Purim. Geralmente é o dia imediatamente antes de Purim, embora haja exceções. (Ver Lei nº 4 abaixo)

Qual é a fonte deste jejum? Na Meguilá (4:16), Ester concorda em ver o rei sem ser convidado, e pede ao povo judeu que jejuem por três dias de antecedência.

Por que ela pediu um jejum? Porque um jejum ajuda a diminuir o volume em nossas atividades físicas, a fim de nos concentrar mais intensamente em nossos egos espirituais. Isso facilita o processo de “teshuva” – literalmente “retorno”. Voltamos ao nosso estado essencial de pureza. Esther pediu um jejum, sabendo que através da busca de alma os judeus iriam forjar uma conexão espiritual necessária para tornar sua missão bem-sucedida. (E valeu a pena!)

Este não é um jejum de tristeza. Pelo contrário, o propósito do jejum é a elevação e a inspiração.

PREÇO DA GUERRA – Da mesma forma, houve outro jejum durante a história de Purim: Os judeus jejuaram e oraram no dia 13 de Adar em preparação para sua defesa contra o decreto de Haman. A Torá prescreve que sempre que um exército judeu vai para a guerra, os soldados devem passar o dia anterior em jejum. Isso contrasta profundamente com um exército secular que passa o dia preparando armas e armamentos. A melhor arma de um judeu é o reconhecimento de que a força e a vitória só vêm por D-us (ver Êxodo 17:10). Além disso, o fato de que estamos fisicamente enfraquecidos quando a batalha começa, assegura-nos que qualquer vitória não pode ser atribuída à nossa proeza física.

Os mortais têm limites, mas D-us pode alcançar o impossível. Como Mark Twain escreveu: “Todas as coisas são mortais, mas o judeu, todas as outras forças passam, mas ele permanece.” Qual é o segredo de sua imortalidade? É realmente este jejum de um dia antes da batalha que nós comemoramos todos os anos antes de Purim. No entanto, em homenagem à heroína Purim, é chamado Taanit Esther – o jejum de Ester.

HALACHÓT (LEIS) DO JEJUM DE ESTHER

1) O jejum começa ao amanhecer ( “Alot Hashachar” ) e termina após o anoitecer ( “Tzet Hakochavim” ).

2) Não é permitido comer ou beber. Embora outros aspectos – como usar sapatos e lavar – são permitidos.

3) Uma vez que este não é um grande jejum, as mulheres grávidas ou lactantes estão isentos do jejum, assim como as pessoas moderadamente doentes. Se alguém é saudável, mas tem uma dor de cabeça e tem dificuldade para jejuar, ele pode comer, mas é obrigado a “fazer” o jejum de outra hora. Em todos os casos, um rabino competente deve ser consultado.

4) Se o dia 13 cair no Shabat, não jejuaremos naquele dia, devido à honra do Shabat. O jejum nem sequer é realizado na sexta-feira, uma vez que isso afetaria negativamente os preparativos para o Shabat. Em vez disso, observamos o jejum no dia 11 de Adar.

5) É costume estender o jejum até depois que a Meguilá é lida. (Exceto em cidades muradas, onde a Meguilá é lida na noite do dia 15).

6) Durante a tarde, o parágrafo de Aneinu é adicionado ao silencioso Amidah , durante a bênção de Shema Koleinu . Em Shacharit e Mincha, o chazan insere Aneinu como uma bênção separada entre Geulah e Refuah .

7) Como em outros jejuns públicos, a leitura da Torá de Vayechal Moshe (Êxodo 32: 11-14, 34: 1-10) é lida tanto em Shacharit quanto em Mincha.

8) Se um Brit Milah cair no jejum de Ester, a Seudat Mitzvah deve ser adiado até a noite. O pai, mãe e Sandek podem até comer durante a tarde do dia, já que é considerado como seu “feriado”. (Sha’ar HaTziun 686: 16)

9) Avinu Malkeinu é dito somente em Shacharit, mas não em Mincha.(Uma exceção é se Purim cai no domingo e o jejum é observado na quinta-feira, então Avinu Malkeinu é de fato dito em Mincha.) [1]

II. A FESTA DE PURIM
A festa de Purim, celebrada no décimo quarto dia de Adar …, é o dia mais alegre do calendário judaico. Um dia, segundo nossos sábios, no qual devemos alegrar-nos mais do que em qualquer outra de nossas festas.

Em Purim celebramos a milagrosa salvação dos judeus da Pérsia, que lá foram exilados após a destruição do Primeiro Templo. O nome da festa advém da palavra persa “pur”, que significa “sorte”. A Meguilat Esther o livro que relata com detalhes a história de Purim explica: “Por isso, àqueles dias chamam Purim (sortes)” por causa da sorte que Haman havia lançado, determinando o dia em que os judeus seriam aniquilados”.

Nossos sábios explicam que existem motivos profundos para Purim ocorrer no mês de Adar. O Talmud assim declara: “Quando [o mês de] Adar se inicia, nós aumentamos a nossa alegria”. A razão disso é que o povo judeu se torna mais espiritualmente fortalecido e protegido durante esse mês. A fonte da força judaica nessa época do ano é baseada em uma conexão mística entre a Torá e o mês de Adar, cujo signo é peixes. Os livros místicos revelam que assim como o mar alimenta e protege os peixes, a Torá alimenta e protege o povo judeu.

Na Meguilat Esther, estão relatados, segundo o testemunho dos personagens centrais, Mordechai e Esther, os eventos ocorridos no Império Persa por volta do ano 450 aEC. A leitura pública deste relato é um dos mandamentos mais importantes da festa. Na própria Meguilá estão mencionados alguns dos preceitos que devem ser observados nesta data, sendo que outros foram instituídos pelo próprio Mordechai, segundo afirmam nossos sábios.

“Esses dias serão lembrados e comemorados em todas as gerações, em todas as famílias, em todas as províncias, em todas as cidades …” (Esther 9:28 ). Segundo o Midrash, Purim nunca deixará de existir e ninguém está isento de sua observância – homens, mulheres e crianças. Mesmo que todos as festas sejam anuladas, Purim nunca o será. E os acontecimentos serão lembrados pela leitura da Meguilá e celebrados com festas, oferta de alimentos, alegrias e presentes.

Em Purim agradecemos a D’us “pelos milagres, pela salvação, pelas maravilhas que obrou conosco…”. Por isto, durante as rezas da Amidá (Shmone Esre) e do Bircat Hamazon (bênção após uma refeição em que se comeu pão), adiciona-se o trecho “Al Hanisim”. No dia 14 de Adar, por ser um dia de muita alegria, é proibido jejuar e não se deve realizar trabalho desnecessário, nem é ocasião para lamentações e luto.

As celebrações referentes a Purim se iniciam no Shabat que antecede a festa: no sábado de manhã, a leitura da Torá na sinagoga deve incluir a porção Zachor (Êxodo 17:8-16). Este trecho lembra o ataque do povo de Amalek contra Israel pouco após sua libertação do Egito. Essa leitura está relacionada à data festiva, pois o grande vilão de Purim, o malévolo primeiro-ministro Haman, descendia de Amalek. A Torá nos manda recitar essa passagem para recordar e estar sempre atentos aos planos malignos dos inimigos do povo de Israel.” Pois Haman, inimigo de todos os judeus, não se satisfaria com nada menos do que a destruição física de todo o povo judeu” (Esther 9:24).

De fato, apesar de Purim ser o dia mais alegre do ano, sua história é sobre a reversão de um édito de genocídio contra o povo judeu. Conta a história: para salvar seu povo, Esther teve que enfrentar o rei. Por isso, ciente do grave perigo, pede a Mordechai: “Vá e reúna todos os judeus que estão em Shushan e jejuem durante três dias e três noites”.

Jejuando e pedindo perdão por todas suas falhas, os judeus de Shushan buscavam a Proteção Divina. Apelaram para a Misericórdia Divina, pois sabiam, assim como Esther, que somente com a ajuda do Todo-Poderoso poderiam conseguir a anulação do decreto fatal. Desde então, para lembrar este acontecimento, os judeus jejuam no dia anterior a Purim. O “Jejum de Esther”, Taanit Esther, é iniciado pouco antes do nascer do sol do dia 13 de Adar e acaba ao pôr-do-sol do mesmo dia.

Quando chega a noite e se inicia o dia 14 de Adar, começa a festa de Purim. Porém, antes de quebrar-se o jejum, ouve-se a Meguilat Esther. Esta deve ser lida na íntegra de um rolo de pergaminho e em voz alta, tanto à noite quanto na manhã seguinte. A leitura deve ser realizada na presença de um minian (um grupo de 10 homens judeus), de preferência na sinagoga. Toda pessoa deve ficar atenta durante a leitura para ouvir cada palavra, pois o propósito da leitura é entender o que ocorreu na época da Rainha Esther e aprender que os eventos de Purim não pertencem ao passado. Repetem-se, espiritualmente, em todas as gerações.

Três bênçãos são recitadas na noite de Purim, antes da leitura da Meguilá. E são repetidas no dia seguinte quando a Meguilá é lida novamente. Contudo, algumas comunidades apenas recitam a terceira benção a oração de Sheheheyanu na noite de 14 de Adar. Nas congregações em que também se recita esta oração no dia seguinte de manhã, deve-se anunciar que esta se aplica aos outros mandamentos de Purim.

“Esses dias serão lembrados e comemorados em todas as gerações, em todas as famílias”… Um dos mandamentos de Purim é o envio de presentes os mishloach manot. Deve-se enviar pelo menos um presente, composto de dois diferentes tipos de alimentos, a um amigo. Os alimentos devem estar prontos para consumo, por exemplo, biscoitos, frutas, doces, vinho ou outras bebidas. Esta é uma obrigação que homens e mulheres devem cumprir no dia de Purim, não podendo ser substituída pelo envio de dinheiro ou de qualquer outro presente que não seja um alimento.

É também aconselhável que esses presentes sejam entregues, sempre que possível, por terceiros, pois a palavra mishloach, que significa envio, indica que esta mitzvá deve ser cumprida por um intermediário.

Para comemorar Purim, além de enviar presentes, devemos também dar tsedacá a pelo menos duas pessoas carentes. A generosidade com os mais necessitados é particularmente importante nessa ocasião, pois nada é mais agradável aos olhos de D’us. Nossos sábios ensinam que não existe maior mandamento da Torá do que ajudar os pobres e necessitados. Pois aquele que traz alegria aos outros é comparado ao próprio D’us, que revive o espírito dos oprimidos e restaura seus corações” (Rambam, Hilchot Meguilá 2). Costuma-se dar tsedacá relativa ao cumprimento deste preceito no dia 13 de Adar, durante o jejum, e de preferência antes da reza da tarde, Minchá. Nessa ocasião, costuma-se dar uma doação equivalente a três “meio shekalim” (três moedas de prata). Uma doação que havia sido destinada à tsedacá, em data anterior, não deve ser usada para cumprir esta mitzvá.

Em Purim, mesmo os mais necessitados têm a obrigação de dar tsedacá. Esta pode ser dada em forma de dinheiro, comida, bebida ou roupas. A quantia mínima doada deve ser suficiente para comprar pão para uma refeição. O mandamento de tsedacá deve ser cumprido de preferência durante a noite ou na manhã de 14 de Adar para que a doação traga a quem a receber benefícios durante o próprio dia de Purim.

A comemoração de Purim por “todas as famílias” é cumprida através de uma seudá, uma refeição festiva. Todos são obrigados a comer, beber e se alegrar em Purim. O Zohar, obra fundamental da Cabalá, afirma que em Purim, ao deleitar-se com comida e bebida, pode-se alcançar a mesma elevação espiritual que ocorre durante o jejum de Yom Kipur.

A refeição festiva de Purim deverá ser realizada durante o dia 14 de Adar, sendo costume incluir-se carne e vinho. Entre certas comunidades as comidas favoritas de Purim incluem doces de três pontas, que representam as orelhas de Haman. São chamados de oznei haman, pelos sefaraditas, e de hamantaschen, pelo ashquenazitas.

O Talmud ordena que em Purim a pessoa beba vinho até que não consiga diferenciar entre “amaldiçoado é Haman” e “abençoado é Mordechai”. Porém, se a saúde ou a conduta de uma pessoa for afetada negativamente pelo consumo de bebidas alcoólicas, esta não deverá consumir mais do que uma quantidade simbólica.

Como o objetivo central da festa de Purim é fomentar e compartilhar a alegria, muitos judeus, em particular crianças, fantasiam-se e participam de desfiles e concursos. As fantasias mais populares costumam ser as de Mordechai e da Rainha Esther. Peças teatrais são encenadas para recontar a milenar história.

Uma Meguilá é comparada à Torá em seus requisitos rituais de como deve ser escrita: por um escriba e em um pergaminho. Mas como o Nome de D’us não é mencionado nenhuma vez na Meguilá, durante os séculos, os artistas tiveram a liberdade de ilustrá-la com magníficas ilustrações e iluminuras. Podemos encontrar retratados nas meguilot, Mordechai, Esther e até o malvado Haman. [2]

III. 4 Perguntas de Purim – … Por Rabino Arieh Raichman

1) Porque é esta festa diferente das outras festas, na qual nos é dito para beber até que não saibamos a diferença entre “abençoado Mordechai” e “amaldiçoado Haman”?
A indicação de se embebedar é um meio para alcançar um grande nível de alegria incomparável às outras festas. A celebração é por causa da sobrevivência da nação judaica após decreto desastroso de Haman para destruí-los. Em cada festividade, há um motivo para comemorar. Em Pessach saímos da escravidão. Em Chanuká, sobrevivemos a contaminação espiritual. No entanto, em Purim celebramos a sobrevivência da corporeidade da nação judaica, pois o decreto de Haman era de aniquilar a nação judaica. Desde que o destino de nossa nação estava em jogo, a celebração é expressa com coisas mundanas, comida, ainda mais do que em outros chaguim.

Além disso, a queda de Haman foi diferente de outros líderes iníquos, tornando, assim, a alegria ainda maior. Haman era descendente de Amalek, sobre quem diz o versículo: “E na destruição dos ímpios, há música (Provérbios, 11:10)”. Quando Amalek é obliterado, é como se houvesse uma revelação da Shechiná (Divindade) no mundo e por isso é justo nós comemorarmos.

2) Porque é esta festa diferente das outras festas, na qual devemos ouvir a leitura da Meguilá duas vezes em um só dia (uma vez à noite e uma vez de dia)?
Rabino Yoshua ben Levi ensinou que lemos a Meguilá duas vezes como um reflexo do verso em Salmos (22: 3) “… O meu D-us, eu chamo de dia e de noite eu não fico em silêncio.” Este verso é parte de um capítulo que os sábios do Talmud associaram com a rainha Ester.

3) Porque é esta festa diferente das outras festas, que contêm um jejum para comemorar o dia em que nenhuma tragédia aconteceu?
No dia de grandes batalhas, a nação judaica jejuava e orava. Essa era uma forma de expressar que não é a sua proeza que ganha a guerra, mas a força de Hashem. Nós jejuamos “O jejum de Ester” para lembrar que Hashem nos escutou (durante a história de Purim) e ouve aqueles que se arrependem. A vitória da guerra que nos faz humildes perante Hashem.

4) Por que algumas sinagogas fazem barulho durante algumas citações do nome de Haman (na leitura da Meguilá) e não em cada vez?
O Rei Salomão escreveu em Mishlei (Proverbios) que “shem reshaim yirakev – O nome de pessoas más são apagados.” Com base neste versículo temos o costume de adicionar sempre um título pejorativo para pessoas más no mundo. No entanto, quando a Torá nos ordenou a “apagar a memória de Amalek” (Deuteronômio 25:19), um título não é suficiente para esta nação. Virou costume escrever o nome de Amalek (Haman era descendente dele) nos sapatos e pisoteá-lo quando mencionado. O “Raashan” (reco-reco) foi criado, e outras formas de fazer ruído.

No entanto, alguns dos rabinos (incluindo dos judeus espanhóis e portugueses) protestaram contra esse excesso de barulho, considerando-o uma perturbação do culto público, e alegou que iria interferir com a audição de cada palavra da leitura da Meguilá. Portanto algumas sinagogas controlam o ruído, apenas fazendo barulho em determinados momentos onde Haman é mencionado (seguido de título).
Shabat Shalom e Shushan Purim Sameach! … [3]

Fontes: [1] Aish.Com: http://oqueejudaismo.blogspot.com/2017/03/taanit-jejum-de-esther-aishcom.html
[2] Morasha, Edição 39 – Dezembro de 2002: http://www.morasha.com.br/purim/a-festa-de-purim.html
[3] Chabad Manaus: chabad.org.br: https://www.chabadmanaus.com/templates/viewemail_cdo/aid/2883000/lang/pt
Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 08 de Adar II de 5779 – 15 de março de 2019

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *