HISTÓRIA: ISRAEL, TEMPOS BIBILICOS (5779)- Estudo para 08 de Março de 2019 – 01 de Adar II de 5779

I. Tempos Biblicos – Os Patriarcas – A história judaica começou há cerca de quatro mil anos (cerca do século XVII AEC) com os patriarcas: Abraão, seu filho Isaac e seu neto Jacó. Documentos encontrados na Mesopotâmia, datados de 2000 a 1500 AEC, confirmam aspectos de sua vida nômade, tal como descrito na Bíblia. O livro do Gênesis relata que Abraão foi chamado de Ur dos Caldeus para Canaã, para formar um povo com a crença no Deus Único. Quando a terra de Canaã foi assolada pela fome, Jacó (Israel), seus 12 filhos e suas famílias foram para o Egito, onde seus descendentes foram escravizados.

Êxodo e assentamento – Depois de 400 anos de escravidão, os israelitas foram libertados por Moisés, que, segundo a narrativa bíblica, foi escolhido por Deus para tirar seu povo do Egito e levá-los novamente à Terra de Israel, prometida a seus antepassados (cerca dos séculos XIII e XII AEC). Durante 40 anos, eles percorreram o deserto do Sinai, onde formaram uma nação e receberam a Torá (Pentateuco), que incluía os Dez Mandamentos e deu forma e conteúdo à sua fé monoteísta. O êxodo do Egito (cerca de 1300 AEC) deixou uma marca indelével na memória nacional do povo judeu e tornou-se um símbolo universal de liberdade e independência. Todo ano, os judeus celebram a Pessach (Páscoa), o Shavuot (Pentecostes) e o Sucot (Festa dos Tabernáculos), relembrando os eventos ocorridos naquela época.

Durante os dois séculos seguintes, os israelitas conquistaram a maior parte da Terra de Israel e tornaram-se agricultores e artesãos; em seguida, veio a consolidação econômica e social. Durante períodos alternados de paz e guerra, o povo se uniu, representado por líderes conhecidos como juízes, escolhidos por suas capacidades políticas, militares e de liderança. A fraqueza inerente a essa organização tribal diante da ameaça representada pelos filisteus (povo marítimo da Ásia Menor estabelecido na costa do Mediterrâneo) gerou a necessidade de um governante permanente para unir as tribos, com sucessão por herança.

O rei Davi estabeleceu Jerusalém como a capital da monarquia

Monarquia – O primeiro rei, Saul (cerca de 1020 AEC), governou durante o período entre a organização tribal e o estabelecimento de uma monarquia plena com seu sucessor, Davi. O rei Davi (cerca de 1004 a 965 AEC) estabeleceu seu reino como uma grande potência na região através de expedições militares bem sucedidas, incluindo a derrota final dos filisteus, e através de uma rede de alianças amistosas com reinos vizinhos. Consequentemente, sua autoridade era reconhecida desde as fronteiras do Egito e do Mar Vermelho até as margens do Eufrates.

Em sua terra natal, ele uniu as 12 tribos israelitas em um só reino e estabeleceu sua capital, Jerusalém, e a monarquia no centro da vida nacional do país. A tradição bíblica descreve Davi como poeta e músico, com versos atribuídos a ele incluídos no Livro dos Salmos.

Davi foi sucedido por seu filho Salomão (cerca de 965 a 930 AEC), que fortaleceu o reino. Através de tratados com os reis vizinhos, reforçados por casamentos políticos, Salomão garantiu a paz para seu reino, igualando-o às grandes potências da época. Ele expandiu o comércio exterior e promoveu a prosperidade nacional, desenvolvendo grandes empreendimentos, tais como a mineração do cobre e a fundição de metais; enquanto isso, construía novas vilas e fortalecia as vilas antigas, de importância estratégica e econômica. O auge de suas realizações foi a construção do Templo em Jerusalém, que se tornou o centro da vida nacional e religiosa do povo judeu. A Bíblia atribui a Salomão o Livro dos Provérbios e o Cântico dos Cânticos.

A bênção sacerdotal – Um pequeno rolo de prata do século VII AEC encontrado em Jerusalém, contendo a bênção sacerdotal:
“O Senhor te abençoe e te guarde;
o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti;
o Senhor levante o seu rosto sobre ti e te dê a paz.” (Números 6:24-26)

Guiados pela necessidade de justiça e moralidade – Profetas

Sábios religiosos e figuras carismáticas, que o povo considerava dotados de um dom divino de revelação; pregaram durante o período da monarquia até um século após a destruição de Jerusalém (586 AEC). Seja como conselheiros dos reis sobre religião, ética e política, ou como seus críticos de acordo com a prioridade da relação entre o indivíduo e Deus, os profetas eram guiados pela necessidade de justiça e emitiam poderosos comentários sobre a moralidade da vida nacional judaica. Suas revelações estão registradas em livros de prosa e poesia inspiradas, dos quais muitos foram incorporados à Bíblia.

O apelo universal e eterno dos profetas resulta de sua procura por uma análise fundamental dos valores humanos. Palavras como as de Isaías (1:17) (aprender a fazer o bem, dedicar-se à justiça; ajudar o injustiçado, defender os direitos dos órfãos; defender a causa da viúva) continuam a alimentar a necessidade da humanidade por justiça social..

Após a Salomão, uma insurreição levou ao rompimento das dez tribos do norte

Monarquia dividida – O fim do reinado de Salomão foi marcado por descontentamento por parte da população, que teve que pagar muito por seus ambiciosos planos. Ao mesmo tempo, o tratamento preferencial a sua própria tribo irritava as outras, resultando em um crescente antagonismo entre a monarquia e os separatistas tribais.

Após a morte de Salomão (930 AEC), uma insurreição aberta levou ao rompimento das dez tribos do norte e à divisão do país em um reino do norte, Israel, e um reino do sul, Judá – este último no território das tribos de Judá e Benjamin.

O Reino de Israel, com sua capital Samaria, durou mais de 200 anos com 19 reis, enquanto o Reino de Judá foi governado a partir de Jerusalém durante 400 anos pelo mesmo número de reis, da linhagem de Davi. A expansão dos impérios assírio e babilônio causou a dominação de Israel e, depois, de Judá.

O Reino de Israel foi destruído pelos assírios (722 AEC) e seu povo foi levado ao exílio e ao esquecimento. Mais de cem anos depois, a Babilônia conquistou o Reino de Judá, exilando a maioria de seus habitantes e destruindo Jerusalém e o Templo (586 AEC).

Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém… Primeiro exílio (586 a 538 AEC) – A conquista da Babilônia pôs fim ao período do Primeiro Templo, mas não cortou a conexão do povo judeu à Terra de Israel. Às margens dos rios da Babilônia, os judeus se comprometeram a recordarem sua pátria:
Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se minha mão direita de sua destreza. Apegue-se-me a língua ao céu da boca, se não me lembrar de ti, se eu não preferir Jerusalém à minha maior alegria (Salmos 137:5-6).

O exílio na Babilônia, que se seguiu à destruição do Primeiro Templo (586 AEC), marcou o início da diáspora judaica. Lá, o judaísmo começou a desenvolver uma estrutura religiosa e um modo de vida fora da Terra, para assegurar a sobrevivência nacional do povo e sua identidade espiritual, imbuindo-a com a vitalidade necessária para preservar seu futuro como nação. [1]

II. Segundo Templo – O Retorno a Sião

Após um decreto do rei persa Ciro, conquistador do império babilônico (538 AEC), cerca de cinquenta mil judeus partiram pela primeira vez em direção à Terra de Israel.

Períodos persa e helenístico (538 a 142 AEC) – Após um decreto do rei persa Ciro, conquistador do império babilônico (538 AEC), cerca de cinquenta mil judeus partiram pela primeira vez em direção à Terra de Israel, liderados por Zorobabel, descendente da Casa de Davi. Menos de um século depois, o segundo retorno foi liderado por Esdras, o Escriba. Nos próximos quatro séculos, os judeus tiveram diferentes graus de autonomia sob governos persas (538 a 333 AEC) e helenísticos (ptolemaico e selêucida) (332 a 142 AEC).

A repatriação dos judeus sob a inspirada liderança de Esdras, a construção do Segundo Templo no local do Primeiro Templo, a fortificação das muralhas de Jerusalém, e o estabelecimento da Knesset Hagedolah (Grande Assembleia), o supremo órgão religioso e judicial do povo judeu, marcaram o início do período do Segundo Templo. Dentro dos limites do Império Persa, Judá era uma nação liderada pelo sumo sacerdote e conselho de anciãos em Jerusalém.

Como parte do mundo antigo conquistado por Alexandre, o Grande, da Grécia (332 AEC), a Terra continuou a ser uma teocracia judaica, sob o domínio dos selêucidas, baseado nos sírios. Quando a prática do judaísmo foi proibida e seu Templo foi profanado, durante a imposição da cultura e costumes gregos a toda a população, os judeus se rebelaram (166 AEC).

Dinastia dos Asmoneus (142 a 63 AEC) – Primeiramente liderados por Matatias, da família sacerdotal dos Asmoneus, e depois por seu filho Judá, o Macabeu, os judeus entraram em Jerusalém e purificaram o Templo (164 AEC). Os dois eventos são comemorados todo ano pelo festival de Hanucá.

Após outras vitórias dos Asmoneus (147 AEC), os selêucidas restauraram a autonomia da Judeia, como a Terra de Israel era então chamada, e, com o colapso do reino selêucida (129 AEC), a independência judaica foi alcançada. Durante a dinastia dos Asmoneus, que durou aproximadamente 80 anos, o reino recuperou fronteiras quase iguais às do reino de Salomão, alcançou a consolidação política sob o governo judeu e a vida judaica floresceu.

O governo dos Asmoneus terminou, e a Terra tornou-se uma província do Império Romano

Domínio romano (63 AEC a 313 EC) – Quando os romanos substituíram os selêucidas, passando a ser a grande potência da região, eles concederam ao rei Asmoneu Hircano II uma autoridade limitada, subordinado ao governador romano de Damasco. Os judeus reagiram com hostilidade ao novo regime, e nos anos seguintes houve diversas insurreições. Matatias Antígono fez uma última tentativa de restaurar a antiga glória da dinastia dos Asmoneus; sua derrota e morte finalizou o governo dos Asmoneus (40 AEC), e a Terra tornou-se uma província do Império Romano.

Em 37 AEC, Herodes, genro de Hircano II, foi nomeado rei da Judéia pelos romanos. Com autonomia quase ilimitada sobre assuntos internos do país, ele tornou-se um dos mais poderosos monarcas no Império Romano oriental. Grande admirador da cultura greco-romana, Herodes lançou um enorme programa de construções, que incluía as cidades de Cesareia e Sebaste e as fortalezas em Heródio e Massada. Ele também reformou o Templo, tornando-o uma das mais magníficas construções da época. Mas apesar de suas realizações, Herodes não conseguiu ganhar a confiança e o apoio de seus súditos judeus.

Dez anos após a morte de Herodes (4 AEC), a Judeia passou a ser governada diretamente pelos romanos. A opressão romana da vida judaica causou uma insatisfação crescente, resultando em episódios violentos esporádicos que se transformaram em uma grande revolta em 66 EC. Forças superiores romanas, lideradas por Tito, acabaram vitoriosas, arrasando Jerusalém totalmente (70 EC) e derrotando até a última fortaleza judia em Massada (73 EC).

A total destruição de Jerusalém e do Segundo Templo foi catastrófica para o povo judeu. De acordo com o historiador contemporâneo Flávio Josefo, centenas de milhares de judeus faleceram durante a tomada de Jerusalém e no restante do país, e outros milhares foram vendidos como escravos.

Houve um último e breve período de soberania judaica após a revolta de Shimon Bar Kochba (132 EC), durante o qual Jerusalém e a Judeia foram reconquistadas. No entanto, dado o enorme poder dos romanos, o resultado era inevitável. Três anos depois, de acordo com os costumes romanos, Jerusalém foi “arada com uma junta de bois”; a Judeia foi renomeada Palestina e Jerusalém, Aelia Capitolina.

Embora o templo tivesse sido destruído e Jerusalém totalmente queimada, os judeus e o judaísmo sobreviveram ao encontro com Roma. O órgão legislativo e judiciário supremo, o Sinédrio (sucessor da Knesset Hagedolah) foi reunido em Yavneh (70 EC) e, mais tarde, em Tiberíades. Sem a estrutura unificadora do Estado e do Templo, a pequena comunidade judaica restante se recuperou gradualmente, ocasionalmente fortalecida pela volta de grupos exilados. A vida institucional e comunal foi renovada, os sacerdotes foram substituídos por rabinos e a sinagoga tornou-se o foco das comunidades judaicas, como exemplificado pelos restos de sinagogas em Capernaum, Korazin, Bar’am, Gamla, etc. O Halachá (a lei religiosa judaica) serviu como elo comum entre os judeus e foi passado de geração a geração.

Massada: Cerca de mil homens, mulheres e crianças judias, que tinham sobrevivido à destruição de Jerusalém, ocuparam e fortificaram o palácio de Massada, do rei Herodes, no topo de uma montanha na região do Mar Morto, onde resistiram durante três anos a diversas tentativas romanas de desalojá-los. Quando os romanos finalmente escalaram Massada e derrubaram suas paredes, eles descobriram que os defensores e suas famílias haviam escolhido morrer por suas próprias mãos, em vez de serem escravizados.

Halachá é o órgão de direito que orienta a vida judaica em todo o mundo desde os tempos pós-bíblicos. Ele descreve as obrigações religiosas dos judeus, tanto nas relações interpessoais quanto nos rituais, e engloba praticamente todos os aspectos do comportamento humano – nascimento e casamento, alegria e tristeza, agricultura e comércio, ética e teologia. Baseada na Bíblia, a autoridade do halachá é fundada no Talmude, um corpo de leis e conhecimentos populares judaicos (concluído em cerca de 400), que incorpora a Misná, primeira compilação escrita da Lei Oral (codificada em cerca de 210), e o Gemara, uma continuação da Misná.

Para fornecer orientações práticas para o Halachá, resumos concisos e sistemáticos foram escritos por estudiosos de religião a partir dos séculos I e II. Dentre as codificações de maior credibilidade está o Shulchan Aruch, escrito por Joseph Caro em Safed (Tzfat), no século XVI.

História da menorá – A Menorá de Ouro (um candelabro de sete braços), era um importante objeto de rituais no templo do rei Salomão, na antiga Jerusalém. Através dos tempos, tem simbolizado a herança e tradição judaicas em inúmeros locais e formas. [2]

Fontes:
[1] Consulado Geral de Israel em Sao Paulo: https://embassies.gov.il/sao-paulo/AboutIsrael/history/Pages/HISTORIA-Tempos-biblicos.aspx
[2] Consulado Geral de Israel,em Sao Paulo: https://embassies.gov.il/sao-paulo/AboutIsrael/history/Pages/HISTORIA-Segundo-Templo.aspx
Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 01 de Adar II de 5779 – 08 de Março de 2019

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *