YIZKOR (5780) – Estudo para dia 21 de agosto de 2020 – 01 de Elul de 5780

I. O que é Yizkor? Yizkor em hebraico significa “lembrar”. Nós somos abençoados com a memória,com a qual podemos transcender não só o tempo, mas o espaço e ainda os limites do mundo físico. Mas é mais que uma prece de lembrança, é um tempo para os parentes do falecido se conectarem com as almas de seus entes queridos num nível mais profundo; a tradição diz que durante a prece de Yizkor as almas dos falecidos descem do céu e se juntam àqueles que lhes são mais próximos.

Ao lembrarmos dos entes queridos, rompemos a barreira que separa este mundo físico (onde nos encontramos) e o mundo espiritual (onde se encontram os que partiram), criando assim uma forte conexão de almas. E não há conexão mais forte que recitá-lo no dia de Yom Kipur, quando as almas também são julgadas e nós as ajudamos com o mérito da oração e da tsedacá (caridade).

Portanto durante o Yizkor estipulamos uma quantia de tsedacá, a ser doada em mérito aos entes queridos que já partiram. E importante doar lna primeira oportunidade após o final do feriado, para não reter as almas atadas (cabalá).

Quando recita-se o Yizkor? No primeiro ano de falecimento de um pai ou mãe, o enlutado permanece na singoga para escutar o Yizkor, mas sem pronunciá-lo. Completado um ano deverá pronunciar o texto do Yizkor.
O Yizkor é um momento introspectivo para reflexão sobre aqueles que já partiram, honrando seu nome e tomando boas decisões para perpetuar e engrandecer seu nome.
É recitado quatro vezes ao ano:
• Yom Kipur • No Oitavo dia de Sucot • No Oitavo dia de Pêssach • No Segundo dia de Shavuot. [1]

II. O Yizkor – fornece ao enlutado a oportunidade de rezar pela alma do falecido, de renovar seu próprio comprometimento espiritual, e de contribuir para caridade para elevação da alma daquele que partiu. É recitado nas seguintes ocasiões: Yom Kipur, Shemini Atsêret, o oitavo dia de Pêssach e segundo dia de Shavuot, mesmo quando estes dias coincidem com Shabat.

Embora Yizkor possa ser recitado mesmo sem minyan, é preferível recitá-lo com minyan.
Yizkor é recitado na sinagoga após a leitura da Porção da Torá, se Yom Tov cair em qualquer outro dia que não no Shabat. Se Yom Tov coincidir com o Shabat, Yizkor é recitado antes de “Av Harachamim”.
Ao recitar Yizkor por várias pessoas, os pais recebem precedência. Se ambos os pais já faleceram, um ou outro pode ser mencionado em primeiro lugar.

Nomes de homens e mulheres podem ser mencionados junto.
Uma pessoa cujos pais estão vivos não deve permanecer na sinagoga enquanto Yizkor está sendo recitado.
Quem tiver permissão para dizer Yizkor por um progenitor falecido, deve também recitar Yizkor por um cônjuge falecido, mesmo que tenha se casado novamente.

A pessoa que mora em Israel, mas encontra-se temporariamente em outro país durante um Yom Tov, deve recitar Yizkor no oitavo dia de Pêssach e no segundo dia de Shavuot, como é feito fora de Israel. [2]

III. Vela em Memória da Alma – Por Rabino Shamai Ende
Por que no judaísmo costuma-se acender uma vela por um ente querido falecido? Isto é relevante para a alma, ou é somente um ato simbólico? O rei Salomão comparou a alma do homem a uma vela, como consta em seu livro (Provérbios cap. 20): “A vela de D’us é a alma do homem”. O motivo para isto é explicado nos livros chassídicos, pois da mesma forma que a chama de uma vela está sempre subindo, e querendo se elevar, voltar a sua origem e desprender-se do pavio que a mantém acesa, a alma judaica, que é uma partícula Divina (vide Tanya cap. 2), deseja constantemente voltar a seu Criador, e se desvincular de seu corpo que a segura neste mundo inferior. Este também é o motivo do costume judaico de se balançar nas orações para despertar a intenção, pois imitamos involuntariamente a chama da vela nesta sua ascensão.

Um dos objetos importantes que havia no Santuário do deserto e, posteriormente, no Templo Sagrado de Jerusalém, era a Menorá. Esta consistia em um candelabro de sete braços que deveria ser acesa diariamente antes do pôr-do-sol. Durante a noite brilhavam todas as sete velas. Estas apagavam-se ao amanhecer, e apenas uma vela permanecia acesa, que milagrosamente ardia o dia todo.

Rabenu Bachyê, (1263-1340), um grande e famoso comentarista da Torá, explica o motivo desta Mitsvá: “É conhecido que a alma tem proveito do acendimento das velas. Por isso, ela navega nos espectros do brilho e da alegria, e se expande e se alarga pelo prazer da luz, já que a alma é uma partícula luminosa extraída da luz intelectual. Ela é atraída pela luz da vela, já que são da mesma espécie, apesar de que nossa luz é física, e a luz da alma é uma luz espiritual pura e simples, [mas ambas são chamadas de luz]. Por isso o Rei Salomão, de bendita memória, comparou a alma à luz da vela, dizendo: ‘a vela de D’us é a alma do homem’.

Este também é o motivo pelo qual na hora em que uma pessoa se encontra num estado terminal, deve-se acender uma vela para acompanhar a saída da alma.

Durante os sete dias de luto, deverá brilhar uma vela na casa em que faleceu, já que durante estes sete dias a alma visita a casa de onde ela partiu deste mundo. Como também, anualmente no dia do Yahrzeit (data do falecimento), deve-se acender uma vela em casa ou na sinagoga, já que nesta data a alma tem permissão de voltar a este mundo e visitar a sua casa (se não encontra lá uma vela acesa, ela vai à sinagoga), e ao ver uma vela acesa em sua homenagem, isto lhe causa uma enorme satisfação.

“Por este motivo a Menorá era acesa no Templo Sagrado, pelas almas do povo judeu que faleceram. De noite, quando o julgamento da alma é mais rigoroso, eram necessárias então sete velas, porém durante o dia, quando o julgamento é mais ameno, bastava apenas uma vela.” Entendemos desta explanação que acender uma vela pelo falecido nos dias citados, além de causar um grande prazer para a alma, ajuda em seu julgamento e ascensão espiritual. Por este motivo também, além dos 7 dias de Shivá, costuma-se manter uma vela acesa na casa do falecido, ou na sinagoga, durante os 11 meses da recitação do Kadish, ou até o primeiro Yahrzeit, acompanhando a elevação da alma deste período.

Acendemos também uma vela de 24 horas na véspera de Yom Kipur pelo falecido, para auxiliar em seu julgamento, já que também as almas são julgadas neste dia sagrado.

Também é um costume acender uma vela numa visita ao cemitério. Nossos sábios explicam, que a alma nem sempre encontra-se ao lado de seu túmulo, podendo ir e vir conforme sua vontade. Sendo assim, pode ser que no momento da visita ela não se encontra lá. Porém, ao deixar lá uma vela acesa, a alma ao voltar ao túmulo fica sabendo quem esteve lá, e pelo prazer de ser lembrada, ela volta ao Trono Celestial e desperta a Misericórdia Divina pela pessoa que a visitou. [3]

IV. Texto de Yizkor
Para um pai (e todos os homens), diga: Tradução:
Que D’us se lembre da alma de meu pai, meu professor (mencione o nome hebraico e o de sua mãe) que foi para o seu mundo [supernal], porque eu irei – sem me comprometer com um voto – doar a caridade por ele . Nesse mérito, que sua alma esteja ligada ao vínculo da vida com as almas de Abraão, Isaac e Jacó, Sara, Rebeca, Raquel e Léia, e com os outros homens e mulheres justos que estão em Gan Eden; e digamos, amém.

Para uma mãe (e todas as mulheres), diga: Tradução:
Que D’us se lembre da alma de minha mãe, minha professora (mencione o nome hebraico e o de sua mãe) que foi ao seu mundo [supernal], porque eu vou – sem me comprometer com um voto – doar caridade por ela . Nesse mérito, que sua alma esteja ligada ao vínculo da vida com as almas de Abraão, Isaac e Jacó, Sara, Rebeca, Raquel e Léia, e com os outros homens e mulheres justos que estão em Gan Eden; e digamos, amém.

Continue aqui: Tradução: Que o Pai Todo-Misericordioso, que habita nas alturas supernais, em Sua profunda compaixão, lembre com misericórdia os piedosos, os retos e os perfeitos, as comunidades sagradas que deram suas vidas pela santificação do Nome Divino.

Eles foram amados e agradáveis em suas vidas, e [mesmo] em sua morte não se separaram [dEle]; eram mais velozes que as águias, mais fortes que os leões para realizar a vontade de seu Criador e o desejo de seu Criador.

Que nosso D’us se lembre deles com favor, juntamente com os outros justos do mundo, e vingue o sangue derramado de Seus servos, como está escrito na Torá de Moisés, o homem de D’us: ó nações, cante louvores do Seu povo, pois Ele vingará o sangue de Seus servos, trará retribuição sobre Seus inimigos e aplacará Sua terra – Seu povo.

E por Seus servos, os Profetas, está escrito da seguinte maneira: Eu purificarei [as nações de suas más ações], mas pelo derramamento de sangue dos judeus não os purificarei; o Senhor habita em Sião.

E nos Santos Escritos é dito: Por que as nações deveriam dizer: “Onde está o seu D’us?” Seja conhecida entre as nações, diante de nossos olhos, a retribuição do sangue derramado de teus servos. E é dito: Porque o Vingador do derramamento de sangue está atento a eles; Ele não esquece o grito dos oprimidos. Além disso, é dito: Ele julgará as nações, e elas serão cheias de cadáveres; Ele esmagará cabeças sobre uma vasta área. Ele beberá da corrente no caminho; portanto [Israel] manterá sua cabeça erguida.[4]

Fontes: [1] Coisas Judaicas: https://www.coisasjudaicas.com/2018/04/o-que-e-yizkor.html
[2] Chabad: http://www.chabad.org.br/ciclodavida/Falecimento_luto/luto/ano3.html
[3] Chabad: https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1668794/jewish/Vela-em-Memria-da-Alma.htm
[4] https://pt.jewishisraelove.com/yizkor-oracao-memorial
Coordenador: Saul Stuart Gefter 01 de Elul de 5780 – 21 de agosto de 2020

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