Vivendo o Judaismo (Parte 1, 5781) – Estudo para 18 de Dezembro de 2020 – 03 de Tevet de 5781

I. Vivendo Judaismo por Rabino Gloiber – No Judaísmo a ação é o principal. Fazer deve vir antes de entender.
Nessa seção você encontrará Mitzvót diversas que fazem parte da nossa vida diária. Algumas são Mitzvót da Torá chamadas de Mitzvót Deoráiita, algumas são Mitzvót Derabanan, instituídas pelos Sábios de Israel da antiguidade usando a permissão que a Torá deu à eles de que tudo o que eles decretarem será uma Mitzvá e não poderemos nos desviar delas nem para a direita e nem para a esquerda . Nessa seção você encontrará também tradições judaicas importantes. Rabi Akiva sempre disse que amar ao próximo como à si mesmo é uma grande regra da Torá, então vamos começar pelo que é mais importante:

1.Amar ao próximo – Rabi Akiva (um dos grandes Sábios do Talmud) explicou que amar o irmão judeu é “um dos princípios mais importantes da Torá”. Uma campanha para Ahavat Yisrael significa fazermos um esforço para que nosso pensamento, palavra e ação seja permeado com um real interesse e sensibilidade pelo bem-estar de nossos irmãos judeus. O Báal Shem Tov ensinou que o indivíduo deve ter Ahavat Yisrael até por um judeu que nunca viu na vida. O raciocínio por trás disso é explicado no capítulo 32 do Tanya.

2.Educação Judaica – A campanha para a educação de Torá procura envolver toda criança judia num programa educacional que ensinará o que significa viver como judeu. A educação não é somente para crianças; os adultos são encorajados a se matricularem em grupos de estudo e seminários de acordo com sua educação e conhecimento.

3.Estudo de Torá – A Torá é o meio de comunicação através do qual D’us permite ao homem conhece-Lo e servi-Lo. A campanha pelo estudo de Torá encoraja cada indivíduo a estabelecer um horário fixo para estudar Torá todos os dias, de modo que nosso crescimento espiritual possa ser sistemático e dirigido. Rabi Shneur Zalman de Liadi explicou que o estudo de Torá deveria ser fixo não apenas no tempo mas também na alma. Seria um eixo ao redor do qual gira todo o espectro da nossa experiência do dia-a-dia.

4.Tefilin – A Torá descreve o tefilin como um sinal, uma declaração pública do compromisso judaico. Ao colocar tefilin diariamente, um indivíduo expressa seu sentimento básico de identidade judaica. Os tefilin são colocados no braço, de frente para o coração, e sobre a cabeça. Isso significa a conexão dos poderes emocionais e intelectuais do homem ao serviço de D’us.

As correias, que vão do braço até a mão e da cabeça até as pernas, significam a transmissão da energia intelectual e emocional para as mãos e pés, simbolizando a ação.
Nossos Sábios explicam que o versículo: “E todas as nações do mundo verão que o nome de D’us está sobre vocês, e eles os temerão”, aplica-se ao tefilin.

Os tefilin são um meio de trazer segurança aos judeus na era atual e apressar a vinda da suprema segurança, que será vivenciada quando Mashiach chegar.

Rebe instituiu esta campanha na véspera da Guerra dos Seis Dias, e requisitou especificamente que os soldados das Forças de Defesa Israelenses colocassem tefilin, pois isso os protegeria na batalha.

5.Mezuzá – “E vocês os inscreverão nos batentes de suas casas e sobre os seus portões.” (Devarim 6:9, 11:20)
Uma mezuzá casher é um pequeno rolo de pergaminho, escrito à mão por um escriba especializado, contendo duas passagens bíblicas, uma delas o Shemá Yisrael. No lado oposto do pergaminho estão escritas as três letras hebraicas, Shin, Dalet e Yud. Isso é um acrônimo para as palavras hebraicas que significam: “Guardião das portas de Israel”.

Uma mezuzá é afixada do lado direito de toda porta da casa (exceto a do banheiro), e protege seus habitantes ao entrarem e saírem de casa.

Uma mezuzá designa uma casa (ou aposento) como judaica, lembrando-nos da nossa conexão com D’us e nosso legado.

Ao colocá-la no batente, declaramos que esta é uma casa ou aposento onde a palavra de D’us e Sua Torá influenciam nosso comportamento, assim tornando a morada sagrada.

Os tefilin e as mezuzot precisam ser certificadas como casher por um escriba autorizado. Precisam também de uma conferência periódica. Em muitos casos, quando o Rebe recebia um pedido de bênção (especialmente em questões de saúde), ele sugeria que os tefilin e mezuzot fossem examinados.

6.Tsedacá – Devemos doar aos outros por um senso de responsabilidade, entendendo que aquilo que temos também é um presente de D’us, confiado a nós com um propósito: ajudarmos os outros.

Nossa prosperidade é um fundo que devemos dirigir e generosamente partilhar com aqueles que precisam. A campanha de tsedacá clama por um aumento na doação, bem como a colocação de uma caixa de tsedacá visível para servir de lembrete para doar com frequência, todos os dias da semana, exceto Shabat e Yom Tov, quando antecipamos este ato colocando tsedacá antes do horário de acendimento das velas.
Nossos Sábios disseram: “A tsedacá é notável, porque aproxima a Redenção.”

7.Um lar repleto de livros judaicos – ambiente ensina. Aquilo que você tem em casa ajuda a determinar que tipo de lar você terá. Ao ter livros judaicos à vista em casa, sua família e os visitantes serão motivados a usá-los. Além disso, sua própria presença nos lembra seu conteúdo e a importância dos valores judaicos. Obviamente, quanto mais livros, melhor. No entanto, sugerimos um mínimo de um Chumash (os Cinco Livros de Moshê), um Tehilim (Livro dos Salmos) e um Sidur (livro de orações).

8.Acendimento das velas – Shabat é um dia de luz; um dia com padrão diferente dos demais dias comuns da semana. Todo Shabat é um precursor da Era de Mashiach. O acendimento das velas 18 minutos antes do pôr-do-sol introduz e inspira este estado de conscientização. A responsabilidade pelo acendimento das velas e por induzir esta mudança de perspectiva cabe à mulher. É ela também que dá as boas vindas à Rainha Shabat ao lar. Meninas a partir dos três anos também são encorajadas a acenderem sua própria vela, para que tomem parte na criação deste ambiente.

9.Comida casher – 0 Comer comida casher permite que nos identifiquemos com nosso Judaísmo num nível básico e fundamental. Quando nosso envolvimento judaico está limitado à prece, estudo ou atos rituais específicos, ele é espiritual, acima da nossa realidade do dia-a-dia. Mas quando você se alimenta de maneira diferente porque é judeu, seu compromisso é não apenas metafísico, mas uma parte integrante de seu próprio ser.
A observância da Cashrut consiste em comer apenas alimentos casher em casa e fora dela. Significa também não comer juntos laticínios e alimentos à base de carne, e separar louças, talheres e utensílios para carne e leite.

10.Pureza Familiar – Taharat Hamishpachá – as atitudes e práticas que a Torá prescreve para a vida conjugal – ajudam a desenvolver uma comunicação genuína e o amor entre marido e mulher, e trazem ao mundo filhos saudáveis e amorosos.

Casais de todas as esferas da vida adotaram esta mitsvá como um meio para realçar e enriquecer sua vida conjugal. É necessário consultar um rabino para saber os detalhes destas leis.

11.Brit Milá: Circuncisão – O que é – O Brit Milá é um preceito positivo da Torá na qual D’us ordena realizar a circuncisão de todo menino judeu. É um dos rituais mais sagrados e como é efetuado sem a consciência da criança, significa um ato de fé acima da lógica, mantido através das gerações; é sinônimo de uma aliança viva e eterna entre o homem e D’us.

O primeiro – Brit Milá é o sinal especial que tem distinguido o judeu dentre as nações, desde quando o patriarca Avraham circuncidou a si mesmo e a todos os de sua casa, por ordem Divina, na idade de 99 anos.
Quando Yishmael, o primeiro filho de Avraham, fez o Brit milá, já possuía 13 anos, estava completamente capacitado a compreender este mandamento. Estava orgulhoso de sua decisão em submeter-se racionalmente a um preceito de D’us. Sua aceitação do Brit Milá estava limitada à razão.

Yitschac, por outro lado, nasceu um ano após ter sido ordenado a Avraham fazer o Brit e foi circuncidado com apenas oito dias, um bebê sem o desenvolvimento intelectual.

Lei Judaica – Pela Halachá, Lei Judaica, um judeu deve circuncidar seu filho no oitavo dia após o nascimento, quando sua faculdade da razão ainda não está desenvolvida. Isto significa que um judeu está ligado e comprometido com D’us o mais cedo possível, de um modo absoluto e abrangente, que transcende sua razão e percepção.

Shalom Zachor – Na primeira sexta-feira após o nascimento de um filho, é feita uma cerimônia conhecida pelo nome de Shalom Zachor, traduzido como boas vindas e agradecimento a D’us pelo nascimento do bebê. Recebe na verdade esta designação por ser no Shabat, (também conhecido como Shalom, paz), quando nos reunimos para saudar o recém-nascido (Zachor).

Costuma-se convidar amigos para celebrar a chegada do novo membro logo após a refeição de Shabat à noite, quando então servem-se alimentos e bebidas além do prato essencial desta noite: grão-de-bico, conhecido como arbis ou nahit, que simboliza luto. Por que luto em uma ocasião tão festiva?

Para lamentar o fato de que ao nascer, a criança esqueceu a Torá que estava aprendendo no útero materno. Este aprendizado inicial da Torá lhe dá, mais tarde, a capacidade de adquirir o conhecimento e a sabedoria de D’us, por si mesma.

O dia do Brit Milá – O Brit é executado no oitavo dia subsequente ao nascimento da criança. Por exemplo, se a criança nasceu no domingo (do pôr-do-sol de sábado até o pôr-do-sol de domingo) o Brit é realizado no domingo seguinte. Isto se aplica mesmo quando o oitavo dia cai num Shabat ou em algum Yom Tov (desde que o nascimento tenha sido de parto normal —caso tenha sido de cesariana, o Brit é adiado para o dia seguinte).

A circuncisão é realizada através de um “Mohel”, homem temente a D’us, cumpridor dos preceitos judaicos e versado na prática da circuncisão, conforme as leis da Torá.

É o Mohel que decide se a criança está apta ou não a ser circuncidada. Se decidir que ela não está fisicamente capacitada a se submeter à circuncisão no tempo prescrito, por estar com icterícia, se encontrar abaixo do peso mínimo exigido (kg) ou algum outro problema, o Brit é adiado. Uma vez atrasada a cerimônia, ela não poderá ter lugar num Shabat ou em um Yom Tov, mas deverá ser realizada na primeira oportunidade.

Sempre que praticável, o Brit deve ser realizado pela manhã como sinal de nossa urgência em cumprir uma mitsvá, a vontade de D’us. Nunca deve ser realizado à noite.

Não se costuma convidar as pessoas para o Brit, mas simplesmente informá-las sobre a hora e o local, pois não seria apropriado que elas declinassem de um convite para um evento, no qual Eliyáhu, o profeta, estará presente.

O Profeta Eliyáhu – Na cerimônia de cada Brit Milá o Profeta Eliyáhu é uma visita ilustre que traz muita honra.
Há muito tempo, um dos reis de Israel, influenciado por maus conselheiros, aboliu a cerimônia da circuncisão. Eliyáhu, que vivia naquela época, clamou então a D’us relatando que o povo de Israel havia abandonado Sua valiosa aliança. A partir de então, D’us o instruiu a estar presente e a testemunhar todas as circuncisões. Por esta razão uma cadeira especial é designada em honra ao Profeta Eliyáhu, em cada Brit Milá.

O Mohel – Embora a Torá aponte o pai para circuncidar seu filho, o Brit é geralmente feito por um Mohel, pois a maioria dos pais não está qualificada para executar tal ato. O homem escolhido para fazer o Brit deve ser observante e temente a D’us, e estar adequadamente habilitado e treinado. A circuncisão realizada através de um cirurgião judeu, mas que não seja um Mohel, adulterará inteiramente o significado do Brit Milá, pois este ato é o elo espiritual que liga a criança a D’us.

Sandec, Kvater e outras honras – Juntamente com o Mohel, o Sandec, a pessoa que segura a criança durante a circuncisão, deve ser alguém de grande estima da família e da comunidade.

O dia do Brit Milá é visto como uma festa para o Sandec, tal como para o pai e o Mohel. Geralmente, um casal (de noivos ou casados) é escolhido para servir de Kvater (aqueles que trazem a criança para o aposento onde o Brit terá lugar).

A mulher toma a criança dos braços da mãe e por sua vez a entrega ao homem que a levará para o aposento. Ele ou ainda outro homem coloca então a criança sobre a cadeira reservada ao Profeta Eliyáhu. A tradição nos diz que ao dar a honra de ser Kvater a um casal ainda sem filhos, confere-se a este uma bênção especial para que se torne fértil e tenha seus próprios filhos.

Em seguida, o pai coloca o bebê no colo do Sandec. Depois que o Mohel executa a circuncisão, mais dois homens podem receber honras especiais: um, a de segurar a criança, enquanto o outro recita a bênção e a prece especial onde em seguida é anunciado a todos o nome judaico da criança. Na refeição que se segue é costume acender velas em honra da Simchá, porém, nenhuma bênção especial é recitada.

No Bircat Hamazon, Bênção de Graças recitada após uma seudat mitsvá, refeição festiva, vários pedidos são acrescentados para o bem-estar do nenê recém circuncidado, por seus pais, o Sandec e o Mohel.
Através do Brit Milá um menino se identifica como judeu logo no início de sua vida e permanece, por toda ela, ligado à sua Fonte. [1]

Fonte: [1] https://rabinogloiber.com/dia-a-dia/
Coordenador: Saul Stuart Gefter 03 de Tevet de 5781 – 18 de Dezembro de 2020

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