VIVENDO JUDAISMO (PARTE 2, 5781)- Estudo para 25 de Dezembro de 2020 – 10 de Tevet de 5781

Pidyon Haben – A Torá menciona que todo primogênito é sagrado para D’us. Esta mitsvá é mencionada três vezes na Torá.

O que é – Cada judeu (exceto cohen ou levi) deve redimir seu filho primogênito nascido (de parto natural, sem aborto anterior) de mãe judia (não filha de cohen ou levi) no 31º dia de vida, com cinco shecalim (moedas de prata equivalentes a 101 g de prata pura). Esta quantia de resgate deve ser entregue, em prata, ao cohen durante a cerimônia. Se o 31º dia coincidir com Shabat ou Yom Tov, (que proíbe transações comerciais) deve ser adiada para o dia seguinte.

Origem – Os primogênitos foram inicialmente escolhidos por D’us para exercerem os deveres do sacerdócio (kehuná) em virtude de terem sido poupados quando o Criador matou os primogênitos egípcios. Entretanto, quando os primogênitos judeus executaram os rituais sacerdotais diante do bezerro de ouro, esse chamado sagrado foi transferido para os cohanim.

A fim de libertá-los legalmente dessa obrigação original, eles devem ser resgatados com cinco moedas de prata (shecalim), pagos a um cohen. O procedimento deste resgate não se aplica a um primogênito cujo pai é um cohen ou levi, ou a mãe filha de cohen e levi.

Procedimento – É costume cumprir esta mitsvá à luz do dia; entretanto a festa que se segue pode se estender até a noite. Prepara-se uma refeição (que deve conter pão e carne), em honra ao resgate do primogênito. Esta refeição é considerada seudat (refeição de) mitsvá.

A cerimônia do pidyon é realizada após a bênção sobre o pão antes de servir a refeição.

Se, por alguma razão, o primogênito não foi resgatado no tempo prescrito, isto deve ser feito na primeira oportunidade, mesmo sendo o menino já adulto. (Neste caso, ele próprio deve resgatar-se perante um cohen.)
O pai deve escolher um Cohen observante e bem versado na Lei Judaica para redimir seu filho na frente do qual apresenta o filho primogênito e as cinco moedas de prata as bênçãos específicas.

Bênçãos do resgate – O pai da criança declara: Ishti hayisreelit yaledá li ben zê habechor. “Minha esposa israelita deu à luz para mim este filho primogênito.”

O cohen pergunta: Bemai ba’it tefê, bevinchá vechorêcha, o becha-mishá sela’im dimchayávta liten, befidyon binchá bechorêcha zê? “O que preferes ter – teu filho primogênito ou as cinco moedas de prata que deves [me] dar pelo resgate de teu filho primogênito?”

O pai responde: Be’iná bivni vechori zê, vehelach chamishá sela’-im befidyon dimchayávna bêh. “Prefiro este meu filho primogênito e eis as cinco moedas de prata exigidas de mim pelo resgate.”

Ao entregar ao cohen a quantia do resgate, o pai recita as seguintes bênçãos: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al pidyon haben. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou sobre o resgate do filho.”

Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lizman hazê. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.”

Com um cálice de vinho na mão (contendo no mínimo 86 ml), o cohen recita a bênção sobre o vinho imediatamente após o resgate, bebendo-o em seguida:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam borê peri hagáfen. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que cria o fruto da vinha.”

Na conclusão da refeição recita-se o Bircat Hamazon, Bênção de Graças.
Pidyon Bechor – Resgate do primogênito (adulto)

O pidyon haben não deve ser adiado. Porém, um primogênito cujo pai não o redimiu deve resgatar a si próprio, tão logo seja possível, após tornar-se bar-mitsvá.

O primogênito deverá dizer: Ani bechor pêter rêchem, veha’Cadôsh baruch Hu tsivá lifdot et habechor. “Sou um primogênito que abriu o ventre materno e o Santo, bendito seja Ele, ordenou resgatar o primogênito.”

O cohen pergunta: Bemai ba’it tefê: yat garmach, o bechamishá sela’im dimchayávta befurcanach? “O que preferes – a si próprio ou as cinco moedas de prata que deves [me] dar pelo resgate?”

O primogênito responde: Be’iná yat garmi, vehelach chamishá sela’im befid-yon dimchayávna bêh. “Prefiro a minha pessoa e eis as cinco moedas de prata exigidas de mim pelo resgate.”

Ao entregar ao cohen a quantia do resgate, o primogênito recita as seguintes bênçãos: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech Haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al pidyon bechor. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou sobre o resgate do filho.”
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech Haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lizman hazê. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.”

Com um cálice de vinho na mão (contendo no mínimo 86 ml), o cohen recita a bênção sobre o vinho imediatamente após o resgate, bebendo-o em seguida: Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam borê peri hagáfen. “Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que cria o fruto da vinha.”

Na conclusão da refeição recita-se o Bircat Hamazon, a Bênção de Graças.
Significado – A mitsvá de Pidyon Haben significa que o “primeiro” (o melhor) de todos os nossos bens pertence a D’us. Um homem pode facilmente ser levado a pensar que tem direitos acima de qualquer disputa sobre todas as suas posses.

A Torá declara que o início de qualquer realização, da qual nos orgulhamos em especial, deverá ser para D’us e o Seu serviço, e só então podemos participar e aproveitar do restante. Isto era mais perceptível na época do Templo Sagrado, quando os primeiros frutos tinham que ser trazidos ao Santuário e os primogênitos do gado eram ofertados ao Cohen, o servo de D’us. Entretanto, D’us nos permitiu reivindicar nosso filho primogênito, desde que nos comprometamos a educá-lo nos passos da Torá.

Isto fica nítido através da pergunta retórica que o Cohen apresenta: “O que preferes – teu filho ou cinco moedas de prata?”

Já que o pai é obrigado a resgatar o filho de qualquer forma. A pergunta implícita é: “Estás consciente da tua obrigação de criar teu filho para ser dedicado a D’us, estudar a Torá e cumprir as Mitsvot? Compreendes que para educar uma criança apropriadamente deves estar preparado para fazer sacrifícios materiais se for preciso?”

Ao que o pai responde: “Eu quero o meu filho e aqui estão as cinco moedas de prata”, este é o testemunho de que ele entendeu plenamente a responsabilidade e o privilégio de criar seu filho para ser motivo de orgulho de D’us e de todo o povo de Israel.

Ophshernish – O Primeiro Corte de Cabelo de um Menino – Os judeus tradicionais geralmente esperam um menino completar três anos antes de fazer seu primeiro corte de cabelo. Isso é chamado “Upsherin” – uma palavra iídiche que significa “cortar fora.” O costume é primeiramente mencionado em “Sha’ar HaKavonot” por Rabi Chaim Vital, aluno do notável cabalista do século dezesseis, o Arizal.

O terceiro aniversário é uma etapa importante na vida de um menino judeu. É quando ele inicia oficialmente sua educação de Torá, e começa a usar kipá e tsitsit.

Falando em termos de desenvolvimento, três anos de idade é um tempo chave de transição. Cortar o cabelo nesta idade provoca forte impressão emocional na criança. Ele sabe que está avançando rumo a um novo estágio de maturidade, e isso o ajuda a corresponder ao novo papel.

Por que três anos? A Torá compara a pessoa a uma árvore: “Uma pessoa é como uma árvore do campo…” (Devarim 20:19).

A idéia de três anos como etapa de transição deriva da mitsvá de Orlá. A Torá diz que se você plantar uma árvore, todos os frutos que crescerem durante os primeiros três anos são “orlá” – fora do alcance (Vayicrá 19:23). Assim como o fruto Orlá está fora de alcance por três anos, assim também deixamos o cabelo de uma criança em paz durante seus primeiros três anos.

Bloqueio spiritual – O termo “Orlá” aparece em três referências diferentes na Torá: 1) Frutos; 2) Brit Milá, e 3) A busca da verdade. Mas o que significa literalmente a palavra “orlá”? E qual a conexão entre estas três referências?

A primeira referência, em Vayicrá 19:23, é que os frutos que crescem durante os três primeiros anos são classificados de “orlá” e não são comidos. Nachmânides explica que enquanto a árvore ainda é imatura, há um excesso de formação de fluidos nos frutos, o que pode ser prejudicial, caso ingerido. Orlá, como definido por Nachmânides, significa “bloqueado.”

A segunda, e talvez mais famosa referência à “orlá,” é o prepúcio que é removido durante a circuncisão (Bereshit 17:11). Os comentaristas explicam que aqui, também, orlá refere-se a bloqueio – neste caso, bloqueio espiritual. Um menino judeu não recebe a medida total de sua alma até que a circuncisão seja realizada, e por este motivo a Torá registra a conseqüência de “extirpação espiritual” para qualquer judeu do sexo masculino que não tenha um Brit Milá (Bereshit 17:14).

A terceira referência à “orlá” é quando D’us diz ao povo judeu “para remover a orlá do coração” (Devarim 10:16). Aqui a referência é simbólica; o Todo Poderoso está exortando as pessoas a buscarem a verdade. Fazer isso exige que se remova aquilo que impede a pessoa de enxergar a verdade – “as barreiras do coração.”

Portanto, é apropriado que o dia do opshernish do garoto (quando ele simbolicamente deixa a categoria de “orlá” juntamente com seu cabelo) seja também o dia em que ele tradicionalmente inicia sua educação de Torá. Pois o estudo de Torá é a maneira básica de desligar o bloqueio espiritual, e remover as barreiras que impedem a pessoa de enxergar a verdade.

Conforme vai se livrando de seu cabelo, o menino sente que está entrando em uma nova etapa. Este é o dia de remover as barreiras.

Costumes – O terceiro aniversário de um garoto judeu é um evento especial repleto de importância. Para o corte de cabelo em si, é costume que membros da família e amigos deem uma aparada. O primeiro corte é feito na frente da cabeça, no local onde o menino mais tarde colocará seu tefilin ao se tornar Bar Mitsvá.

Após aparar o cabelo, as pessoas dão ao menino uma bênção para obter sucesso na Torá, e também lhe dão dinheiro, que ele é encorajado a colocar na tsedacá, caixa de caridade. Já ouvi falar também de um costume de se pesar o cabelo do garoto, e então dar o valor equivalente em ouro ou prata para caridade – pelo mérito de que o menino tenha sucesso em Torá.

O primeiro corte de cabelo geralmente deixa o menino com “Peyot” – costeletas. Esta é uma glorificação do mandamento de não cortar o cabelo rente nos lados da cabeça (veja Vayicrá 19:27). As “Peyot” podem ser curtas ou longas, como preferir, desde que não sejam totalmente removidas. Os adultos cumprem esta mitsvá usando costeletas até o meio da orelha.

O dia do opshernish inclui estudar o Alef-Bet, as letras do alfabeto hebraico, com a criança. Uma bela maneira de se fazer isso é conseguir um cartão de plástico com o alfabeto, colocando um pouco de mel sobre cada letra. Deixa-se então a criança lamber o mel enquanto pronuncia cada letra. Isso é para que a Torá seja “doce em sua língua!”
Após três anos, ele agora começa a saborear os doces frutos da “Árvore da Vida.”

Também se ensina à criança o versículo: “A Torá nos foi ordenada através de Moshê, uma herança para todo o povo judeu” (Devarim 33:4). Estas são as primeiras palavras que um menino judeu deve ser ensinado a falar, pois isso expressa seu relacionamento único e pessoal com a Torá.

Em Israel, tornou-se um costume fazer o primeiro corte de cabelo de um menino em Lag Baômer, no túmulo de Rebe Shimon Bar Yochai, em Meiron. [1]

Fontes: [1] https://rabinogloiber.com/dia-a-dia/
Coordenador: Saul Stuart Gefter 10 de Tevet de 5781 – 25 de Dezembro de 2020

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