PESSACH (5779) (15-22 de Nissan, 19-27 de abril de 2019)

I. Tudo o que você gostaria de saber sobre Pêssach – Escrito por Editora e Livraria Sêfer

A festa de Pêssach (Páscoa), a primeira das grandes festas judaicas mencionadas na Bíblia, é observada e comemorada pelos judeus mais do que qualquer outra festa do calendário judaico.

Uma pesquisa recente demonstrou que 99 porcento da população israelense observa a festa de algum modo – comendo matsá, evitando comer o que é proibido em Pêssach (chamêts), limpando suas casas completamente, participando de um Sêder ou indo ao serviço religioso na sinagoga.

Não é difícil explicar por que os judeus se sentem atraídos por Pêssach, pois as raízes da festa na história judaica são profundas. Pêssach celebra a saída dos Filhos de Israel da “casa da servidão” egípcia e serve para nos lembrar da importância de continuar a luta pela liberdade em cada geração. Além deste conceito espiritual fundamental, a pompa e as comidas especiais relacionadas com Pêssach a tornaram algo único entre as festas judaicas. Pêssach começou e ainda continua sendo uma festa familiar.

A Bíblia (Êxodo 12) diz: “E falou o Eterno a Moisés e a Aarão, na terra do Egito, dizendo: Este mês (Nissán) seja para vós, princípio dos meses; seja ele para vós o primeiro dos meses do ano… No dia dez deste mês, tome para si, cada homem, um cordeiro para cada família, um cordeiro para cada casa.” Este cordeiro, o cordeiro pascal, devia ser mantido até o décimo quarto dia do mês, quando era abatido, assado e compartilhado pelos membros da família. Hoje em dia, este arranjo de manjares associado com as comemorações do Sêderem família, como também as comidas preparadas para o restante de Pêssach, continuam atraindo os membros da família para que compartilhem da experiência de Pêssach.

Este capítulo apresenta respostas para muitas das perguntas feitas sobre a comida de Pêssach e também às relacionadas com o tema da festa. Isto foi lindamente resumido por Morris Joseph em sua obra “O Judaísmo como Crença e Vida”: “Pêssach tem uma mensagem para a consciência e o coração de toda a humanidade… Ele é o protesto de Israel, não o de D’us, contra a injustiça. O mal pode triunfar por algum tempo mas, ainda que seja perpetrado pelo forte contra o fraco, ele irá encontrar no final a sua inevitável retribuição.”

Confira algumas perguntas e respostas sobre Pêssach: Por que a comemoração de Pêssach é tão difundida? A variedade de alimentos e a emoção das reuniões familiares fizeram de Pêssach a festividade judaica mais popular. Um levantamento publicado em 1980 pelo Dr. Iehudá ben Meir, da Universidade Bar Ilan, revela que 99 porcento dos judeus israelenses celebra algum tipo de Sêder, e 82 porcento não come os alimentos proibidos durante a festa.

Em comparação, somente 79 porcento come exclusivamente carne casher durante o ano e apenas 44 porcento observa a cashrut (leis alimentares) na íntegra. Nos últimos anos do Segundo Templo, Pêssach era muito popular. O historiador judeu Flavius Josephus e o historiador romano Tácito estimaram o número de participantes que comemorava Pêssach em Jerusalém no ano de 65 e.c. em não menos que três milhões. Este número corresponde ao estabelecido no Talmud (Pessachim 64b), ao descrever o censo feito pelo rei Agripa. Agripa ordenou que os sacerdotes do Templo separassem um rim para cada cordeiro pascal oferecido. Como não menos que dez pessoas compartilhavam o cordeiro, calculou-se pelo número de rins separados que três milhões de judeus estavam em Jerusalém para comemorar Pêssach (cinco anos antes da destruição do Templo).

Por que se come matsá em Pêssach? A matsá é comida durante Pêssach para cumprir o mandamento bíblico que comemora a partida repentina dos filhos de Israel do Egito: “E levou o povo a sua massa antes que estivesse levedada” (Êxodo 12:34). Esta mensagem é ampliada em Deuteronômio 16:3: “sete dias comerás, nela, pães ázimos… porque apressadamente saíste da terra do Egito; para que te recordes do dia da tua saída da terra do Egito, todos os dias da tua vida.” A implicação deste verso, como interpretado pelos rabinos, é de que é obrigatório comer matsá na primeira noite de Pêssach, mas é opcional nas demais – contanto que não se coma chamêts.

Por que não se come matsá durante todo o dia anterior a Pêssach? A sensação de novidade de degustar a matsá durante o Sêder seria perdida se ela tivesse sido comida antes, durante o dia que antecede a festa. Rabi Levi, que foi o primeiro a propor esta regra, encontrada no Talmud de Jerusalém (Pessachim 10:1) colocava a questão assim: “Quem come matsá na véspera de Pêssach é como alguém que tem relações íntimas com sua futura noiva no lar do seu futuro sogro.” Alguns judeus se abstém de comer matsá durante um mês inteiro antes da festa para valorizar ainda mais a experiência de comê-la pela primeira vez no Sêder.

Por que se comemora o Sêder? O Sêder é um serviço especial feito em casa na primeira noite de Pêssach e repetido na segunda noite pelas pessoas que consideram o segundo dia como totalmente festivo. O serviço original de Pêssach (ainda não se chamava Sêder) é descrito no Êxodo: cada família deveria abater e consumir um cordeiro. Por vários séculos após o Êxodo, até que o rei Josias, de Israel, instituiu as reformas mencionadas em Reis II, 23, o Pêssach não era comemorado do modo prescrito na Torá. Após o estabelecimento do Segundo Templo (século VI a.e.c), porém, a celebração de Pêssach foi revivida e o verso existente no Êxodo (13:8): “E anunciarás a teu filho naquele dia (a respeito do significado do Êxodo)” adquiriu novo sentido.

As celebrações mais importantes ocorriam em Jerusalém, para onde os judeus de todos os lugares acorriam e ofereciam o sacrifício do cordeiro pascal, que eles depois repartiam e comiam em conjunto com suas famílias. Os judeus de fora de Jerusalém comemoravam a festa fazendo uma refeição festiva. Com o tempo, as cerimônias, comidas simbólicas, salmos e canções foram adicionadas à comemoração, que evoluiu até se tornar o Sêder moderno. Não está claro se o primeiro Sêder “moderno” formal foi realizado, mas acredita-se que o Raban Gamliel II, no fim do século I e.c. pode ter dado início à tradição. Foi ele quem declarou: “Quem quer que não tenha dito estas três palavras em Pêssach não cumpriu o seu dever: Pêssach (cordeiro pascal), matsá (pão não levedado) e marór (ervas amargas)”. Os estudiosos interpretam esta frase como querendo dizer que os judeus são obrigados a comer estes três ítens e a recitar a Hagadá, na qual o simbolismo de cada um deles é explicado.

Por que se recita a Hagadá em Pêssach? A Hagadá, tal como a conhecemos hoje, é um pequeno livro onde se conta (resumidamente) a dramática história do Êxodo. Ela também contém salmos e canções para recitar e cantar comemorando o evento. A Hagadá foi introduzida pelos membros da Grande Assembléia há quase 2500 anos, para cumprir o preceito bíblico “E anunciarás a teu filho naquele dia (a respeito do significado do Êxodo)” (Êxodo 13:8). A Hagadá é, em essência, um livro instrutivo, particularmente para os jovens e as crianças. …

Por que se servem quatro copos de vinho durante o Sêder? Tradicionalmente, nas refeições normais de Shabat e dias de festa, se servem duas taças de vinho. A primeira se toma depois de recitar o Kidush no começo da refeição; a outra é cheia e erguida enquanto se reza a Oração de Graças Após as Refeições. Por ser Pêssach a Festa da Liberdade, uma comemoração tão alegre e memorável, servem-se duas taças adicionais de vinho durante o Sêder. Uma delas (a segunda taça do Sêder) é tomada logo após a leitura da Hagadá, imediatamente antes de se servir o jantar. A outra taça adicional (a quarta do Sêder) é consumida no fim do serviço, logo antes das canções e hinos de encerramento serem cantados. Outras explicações tem sido oferecidas para o costume de tomar quatro taças de vinho durante o Sêder. A mais popular estabelece que tomam-se quatro taças de vinho porque a Bíblia usa quatro verbos diferentes para descrever o drama da Redenção do cativeiro do Egito. As quatro citações à Redenção podem ser encontradas no Livro de Êxodo (6:6-7): 1. E vos tirarei de baixo das cargas do Egito. 2. E vos salvarei do seu serviço. 3. E os redimirei com braço estendido, e com grandes juízos . 4. E vos tomarei por Meu povo.

Por que se coloca água com sal na mesa do Sêder? Em Jerusalém, à época do Primeiro e Segundo Templos, era costume mergulhar verduras (como entrada de uma refeição) em água salgada. Isto provavelmente era devido em parte a motivos de saúde: o sal era conhecido por seu valor anti-séptico, além do seu valor como condimento. O sal era usado nos sacrifícios por sua ação preservativa: a carne se mantinha fresca por mais tempo se tivesse sido salpicada com ele. Uma explicação popular para o uso da água salgada na mesa do Sêder relaciona este costume com as muitas lágrimas (salgadas) derramadas pelos israelitas durante os seus anos de escravidão no Egito.No Sêder, a água salgada é usada primeiramente para mergulhar o carpás.

Mais tarde, antes da refeição, um ovo cozido duro é embebido nesta água por todos os participantes. O ovo é um lembrete do sacrifício sagrado (Corban Chaguigá) que era trazido para o Templo. Em algumas casas hoje em dia, coloca-se um pequeno prato com água salgada (ou vinagre) na bandeja do Sêder junto com os outros seis alimentos simbólicos. … [1]

II. Pessach: O Que Comer???? Por Esther Goldberger
Lembro muito bem da primeira vez que TENTEI fazer Pessach. Eu tinha iniciado meu primeiro curso de conversão em SP e de repente, não mais que de repente Pessach chegou. Dai fui tentar manter a semana de Pessach, sozinha na casa de meus pais… comprei uma caixa de matza e uma garrafa de suco de uva… E lah fui TENTAR celebrar Pessach. … Durante meu segundo curso de conversão, agora em Jerusalém, aprendi a manter Pessach devidamente. …

PESSACH: CUSTO BAIXO – … Mantenha em mente outra coisa: verduras, vegetais, ovos e frutas sao CASHER PARA PESSACH! Se vc for Sefaradita, alem de tudo isso, vc ainda tem a benção de comer KTNIOT.

SEFARADITAS E KITNIOT – Ha muitas opiniões do que eh realmente ‘ktniot’. Entao no final das contas, o que eh e o que nao eh ktniot depende muito da tradição de cada família. Sefaraditas PODEM comer ktniot durante Pessach. Ashkenazitas NÃO podem (ha um certo movimento de Ashkenazim que comem ktniot ,..

Abaixo, uma lista de ALGUNS dos alimentos mais populares que são considerados ktniot pelo Vaad (Conselho Rabinico) de Montreal, Canada: Anise, Aspartame, Feijão, Milho e derivados (óleo de milho, amido de milho etc.), Canola e derivados, Grão de bico, Açúcar de confeiteiro ATENÇÃO: MUITOS fabricantes de Açúcar de confeiteiro adicionam chametz em sua confecção), Sementes de cominho, Trigo sarraceno, ácido cítrico (não sei como se usar isso na comida, mas tá na lista… ), Coentro, Cominho, Sementes de funcho e de cominho, linhaça, Glucose e derivados, Feijão verde, Gordura vegetal, Soja e derivados (óleo de soja, tofu etc.), Kasha, Lentilhas, Lecitina, Brotos de alfafa, Tremoço (um tipo de feijão), Painço (um tipo de cereal), Mostarda e derivados, Amendoim, Ervilha, Pipoca), Arroz, Sementes de papoula, Açafrão, Gergelin (sesame seeds), Sementes de girassol. Soh o fato de comer arroz, feijãoo e lentilhas jah alivia o Pessach de muito Sefaradita! … No final, a gente nem lembra que ktniot existem. Batata eh o alimento PRINCIPAL da dieta Ashkenazi durante a semana de Pessach. …
ONDE COMPRAR PRODUTOS PARA PESSACH? No supermercado mais perto de você. Abaixo as listas da BDK e BKA. Lista de Pessach Ashkenazi: http://bdk.com.br/produtos_,,,,,,,,1,,,,,.htm
Lista de Pessach Sefaradita: http://bdk.com.br/produtos_,,,,,,,,,1,,,,.htm
BKA: http://bka.com.br/lista.php

O QUE COMPRAR EXATAMENTE? Matza e vinho (ou suco de uva para quem é alérgico a vinho) é obrigação. Alem disso, cuidado com desperdícios. Pessoalmente, eu sempre tenho em mão: – amido de milho (Sefaraditas): fazer bolos e biscoitos – fécula de batata (Ashk. e Sef.): bolos e biscoitos, – chocolate em pó: cremes, pudins, bolos e biscoitos. – matza meal… eu não sei como chamam ‘matza meal’ no Brasil… seria ‘farelo de matzah’? Matza meal eh qdo pegamos a matza e a esfarelamos dentro do liquidificador huahauahauau para evitar a fadiga, compramos caixinhas com o farelo já pronto. Serve para fazer bolos, biscoitos e uma infinidade de alimentos. – bolo de matza: mesmo conceito da matza meal, soh que eh bem mais fino… parece farinha mesmo… uma farinha de matzah, digamos assim. Com estes três items vc poderá fazer sua bolacha p/ tomar com seu chá ou café. Só lembrando que ervas naturais como cidreira, erva doce etc. podem ser usadas em Pessach. …

RECEITAS DE PESSACH – CARNE – … toda carne casher é considerada boa para Pessach. Bom… agora se vc quer comprar carne casher para Pessach… reserve… mas reserve rápido pq nessa época do ano todo mundo vai atras de carne ao mesmo tempo. Até mesmo Judeus que não fazem questão de consumir carne casher durante o ano, compram carne casher para Pessach. O consumo de carne casher aumenta bastante… e o preço tbm. Se vc vive em uma comunidade anussita, se unam e encomendem a carne em grande quantidade p/ conseguir descontos. Qdo a encomenda chegar, mantenha no freezer ateh o dia de prepara-la p/ Pessach…. o papo aqui em Montreal eh que esse ano o preco da carne tah tao alto… que todo mundo fara Pessach vegetariano ou… só comprarão carne de frango.

OSEM SOUP PARA OS VEGETARIANOS QUE QUEREM SOPA DE GALINHA = Se vc é vegetariano, mas sente falta da “tradição” de ter sopa de galinha em Pessach, é só comprar pó p/ sopa de galinha da Osem ou outra marca que seja casher p/ Pessach… e durante o preparo, adicionar cebola picada, tomate, cenoura… enfim. Adicione os ingredientes que vc gosta de ter em sua sopa e voi-la! MAS A SOPA DE OSEM TEM QUE TER HEKSHER P/ PESSACH! Cuidado, pois há a mesma embalagem que não é p/Pessach. Veja abaixo: Heksher (simbolo de kashrut) tem que dizer KOSHER-PARVE FOR PASSOVER em Inglês e em Hebraico, como vcs podem ver no lado direito da imagem.

GEBROKTS E NAO-GEBROKTS – … é mais confuso para Judeus que estão fazendo teshuva ou candidatos a conversão do que o conceito de gebrokts e não-gebrokts durante Pessach. Por gebroktz, leia-se ‘guebroktz’… com o ‘gue’ de guerreiro… Gebrokts: alimentos feitos com matza ou farinha de matza (em Ingles: matza meal ou matza cake). Entre eles: bola de matza, bolos de farinha de matza, bolachas, popovers, pizza de matza, lasanha de matza etc. Não gebrokts: alimentos feitos SEM matza e derivados (matza meal, matza cake). Ashkenazim se dividem entre os que comem gebroktz e os que não comem. Famílias hassidicas não comem gebrokts. Chabad, que eh um grupo hassidico, alem de não comer gebroktz, ainda faz toda uma cena antes da refeição do Seder, trocando a toalha da mesa… eles fazem isso para que não exista o minimo risco de um pedacinho de matza cair dentro da sopa ou entrar em contato com água. …

CAIXA DE MATZA É CARA, POSSO FAZER MINHA MATZA EM CASA? Não.
Eu pensei que podia, mas… o amigo Rodrigo Mourão que eh um ativista e participante ativo da causa anussita e cuja família possui experiência em assuntos relacionados a panificação, me alertou que farinha de trigo que compramos em supermercados brasileiros é deixada de molho antes de ser empacotada por cerca de 30 minutos (a farinha já vem um pouco fermentada se ficar em contato com água mais de 18 minutos, o que eh proibido p/ Pessach)… e isso invalida a farinha, ela não pode ser usada para fazer matzah. Depois disso, conversei com Roberto Cosme, que eh amigo do Rodrigo Mourão se ele conhece alguma marca de farinha que não passa por este processo e ele disse que não, e até me chamou a atenção para o fato de que o armazenamento da farinha empacotada pode ter sido feito em um local úmido, ou que umidade (goteira? chuva?) pode ter entrado em contato com o pacote… assim sendo, que quem quiser comer matzah, tem que comprar. Espero que as dicas possam ajudar você e a sua comunidade. Chag Pessach Kasher Ve’Sameach! Esther [2]

III. MINI-GUIA DE PESSACH – Em Pessach, celebramos a saída do povo judeu, sob a liderança de Moshê Rabenu, do Egito. Pela importância deste fato, a frase “Zechêr Litsiat Mits-raim” (como uma memória da saída do Egito) ocorre freqüentemente em nossa liturgia. …

Os “Shabatot” Especiais – Nas seis semanas, durante os meses de Adar e Nissan, que precedem a festividade de Pessach, existem quatro Shabatot especiais que são chamados cada um deles de: Shecalim, Zachor, Parah e Hachodesh. E o Shabat imediatamente anterior a Pessach é chamado de Shabat Hagadol. Os quatros primeiros Shabatot citados acima, são marcados por leituras adicionais da Torah, e leituras especiais de Haftarah. …

… Eliminação do Chametz – A Torah descreve a proibição de se comer chametz durante todo o período de Pessach. A palavra “chametz” é traduzida como “pão fermentado”. Basicamente o chametz se refere à comida preparada a partir de cinco espécies de grão: trigo, cevada, aveia, espelta (espécie de trigo) e centeio. A estes, os rabinos askenazim adicionaram arroz, painço, milho, e plantas leguminosas, como feijão e ervilha, pois podiam ser confundidos com grãos.

A matzá comida durante os dias de Pessach é uma massa não fermentada, feita a partir de qualquer um dos cinco tipos de grãos já relacionados. É costume, contudo, fazer-se a matzá somente a partir da farinha de trigo. Naturalmente, é essencial que não se permita que a farinha de trigo possa fermentar. Para isso, o grão utilizado para a matzá deve ser mantido perfeitamente seco. A regra contra a fermentação se aplica não só aos alimentos que serão consumidas durante o Pessach, mas também, não ficar de posse de qualquer tipo de produto fermentado. Por isso, antes da chegada do Pessach, todo produto fermentado deve ser removido de sua residência. Para satisfazer estes requisitos, deve-se fazer a busca de todo e qualquer produto fermentado, fazer sua remoção ou queima, ou ainda, sua venda.

Na noite anterior ao primeiro Seder de Pessach (este ano 18 de Abril de 2019), após o pôr-do-sol, quando a casa já foi completamente limpa, faz-se a busca do chametz. Caso a noite do primeiro Seder de Pessach ocorra num Sábado, a busca do chametz é feita na Quinta-feira anterior, e a queima, na sexta-feira seguinte. Antes de se iniciar a busca, faz-se a b’rachá: “Baruch atá Adonai Eloheinu melêch haolam ashêr kid’shanu bemitzvotáv vetsivanu al biur chametz”.

Como a casa está limpa, as chances de se achar chametz são muito remotas. Daí, para não se fazer uma “b’rachá levatalah” (bênção em vão), costuma-se colocar pedaços de pão onde eles possam ser facilmente achados. Após serem achados, o chametz é embrulhado e colocado num local seguro para ser queimado na manhã seguinte. E faz-se a seguinte oração: “Kol chamirá vachamiá deiká virshuti d’lá chamitei u-d’lá viartei u-d’lá iedá-na lei libatêl velehevei hef’kêr keafrá dear’á”. Na manhã seguinte (19 de Abril de 2019), após o chametz ser queimado, é feita a seguinte oração: “Kol chamirá vachamiá deiká virshuti dachazitei u-d’lá chazitei dachamitei u-d’lá chamitei deviartei u-d’lá viartei libatêl velehevei hefkêr keafrá dear’á”. É bom lembrar que a hora limite para ingestão de chametz é às 10 (dez) hora desta manhã, e a hora limite para queima do chametz é até 11 (onze) horas da manhã.

Jejum dos Primogênitos (Taanit Bechorot) – Na véspera de Pessach, os bechorim (primogênitos) devem jejuar, lembrando a passagem do anjo da morte que matou os primogênitos egípcios e poupou os hebreus. Na manhã da véspera de Pessach, em algumas sinagogas, o rabino costuma fazer o “Syium”, que significa o término de um estudo de qualquer unidade da Torah, ou de um livro de Mishná ou do Talmud. O Siyum é seguido normalmente uma refeição festiva, chamada de Seudá MItzvah, ou seja, uma refeição em honra de uma Mitzvah. Siyum pode-se referir, também , a uma celebração. Os bechorim presentes podem e devem participar desta refeição, e ficam dispensados do jejum. Quando Pessach se inicia no sábado à noite, o Jejum dos Primogênitos é feito na quinta-feira anterior.

Casherização de Utensílios – É costume que os utensílios normalmente utilizados durante o ano sejam removidos e substituídos por utensílios novos, ou pelos utensílios que são usados exclusivamente para Pessach. Atualmente, é costume que alguns utensílios e talheres, usados durante o ano, sejam usados também para Pessach, desde que eles passem pelo processo chamado de “casherização” ou “hag’alah”. De maneira geral, isto é feito banhando-os em água em ebulição, ou que contenham água em ebulição, ou ainda, expostos a altas temperaturas. O processo de casherização só deve ser considerado como realizado, se forem seguidas todas as normas exigidas para tal.

Alimentos não ingeridos em Pessach – Durante os oito dias de Pessach não devem ser ingeridos “chametz”, ou seja, alimentos baseados nos cinco tipos de grãos referenciados, e que tenham sofrido processo de fermentação, que como vimos, ocorre ao entrarem em contacto com a água.Isto exclui a umidificação com outros líquidos, tais como sucos de frutas não diluídos. Daí, bolos feitos com farinha “kasher-para-Pessach” e ovos, ou com sucos de frutas não diluídos, podem ser ingeridos. Existem várias espécies de produtos fermentados, sendo os mais comuns, aqueles chamados de “chametz visível”, em que não existem dúvidas sobre a existência daqueles grãos e que tiveram contacto com a água.

Os alimentos que não tenham sofrido processo de fermentação em si, mas que tenham entrado em contacto com outras misturas ou mesmo com “chametz visível” são considerados como chametz. Daí, muitas pessoas não consumirem alimentos enlatados, engarrafados ou industrialmente processados, a não ser que tenham uma inscrição informando “Kasher-para-Pessach”, como existem atualmente para vários produtos como bolos, sucos, refrigerantes, etc. As frutas frescas, verduras e ovos podem ser ingeridos, bem como, carne e peixe de origem casher.
Acendimento das velas na primeira e segunda noite de Pessach – Acendem-se velas como nas noites de Kabalat Shabat e das demais festividades judaicas, fazendose a b’rachá “le-hadlik ner shel yom tov” se for dia da semana, ou “le-hadlik ner shel shabat veshel yom tov” se for Shabat, seguida da b’rachá de “shehecheianu”. Caso a primeira noite de Pessach ocorra num sábado, deve-se usar alguma chama que foi acesa antes do Shabat. E se a primeira noite de Pessach ocorrer numa sexta-feira, no kidush do seder da segunda noite, é incluída a cerimônia de Havdalá. Nas duas últimas noites de Pessach, as velas são acesas, mas não se recita a b’rachá de “Schecheihianu”.

Contagem do ÔMER – Antigamente, o Ômer tinha um aspecto exclusivamente agrícola, pois era uma medida da primeira colheita que era trazida ao Templo de Jerusalém, mostrando gratidão a Hashem. Após a destruição do Templo, foram buscados novos significados para que se mantivesse esta prática relevante. Um deles seria de reforçarmos os reclamos sobre a Terra Sagrada e trabalharmos para a reconstrução de Sion como um lar para os exilados, e como um centro de vida espiritual para o povo judeu. Outro significado para o Ômer se encontra num Midrash, que conta que o povo hebreu ao ser libertado do Egito, Hashem teria informado que a Torah seria recebida 50 dias após esta libertação. Isto fez com que se passasse a contar cada dia . E que esta contagem se tornaria uma prática para todas as gerações subseqüentes. Atualmente, podemos dizer que a contagem do Ômer é uma ponte entre Pessach e Shavuot, mostrando que não queremos apenas liberdade da escravidão, mas, também, liberdade para um propósito, isto é, receber a Lei no Monte Sinai e praticá-la. …

O Ômer é contado por 49 noites consecutivas, começando na segunda noite de Pessach, sábado e terminando na noite de véspera de Shavuot. No período do 1º. ao 32º dias de Ômer, período em que faleceram 24 mil discípulos de Rabi Akiva, não se realizam cerimônias de casamento nem de Bat/Barmitzvá. No 33º. dia de Ômer, chamado de Lag-baomer, é um dia festivo e não se diz Tachanum.

O costume sefaradim é de não colocar Tefilin durante o Pessach, mesmo em Chol-Hamoed … Durante todo o período de Ômer, que inicia na Segunda noite de Pessach e vai até a noite anterior à de Shavuot, é feita a B’rachá de Ômer, durante todos os dias, só à noite, normalmente antes do Aleinu. Cumprimentos em Pessach – Em dias de Chag, cumprimenta-se com as palavras “Chag Sameach” (Festa com alegria). Em dias de Chol Hamoed, cumprimenta-se com as palavras “Moadim Lê-simchá” (alegria nos dias intermediários) e a pessoa deve responder com as palavras “Chaguim Uzmanim Le-sasson” (que as alegrias permaneçam nos dias de Festas). [3]

Fontes: [1] Editora e Livraria Sêfer: http://blog.sefer.com.br/tudo-o-que-voce-gostaria-de-saber-sobre-pessach/ [2] https://www.vidapraticajudaica.com/single-post/2016/03/29/Pessach-O-Que-Comer [3] CJB, Barra de Tijuca: https://www.cjb.org.br/tiferet/culto/PESSACH_5778.pdf
Coordenador: Saul Stuart Gefter 14 de Nissan de 5779 – 19 de Abril de 2019

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