MOSHE MAIMÔNIDES – OS TREZE PRINCÍPIOS DE FÉ (5779) – Estudo de 19 de outubro de 2018 – 10 de Cheshvan de 5779

I. Introdução – Moshe Maimônides (1135-1204) é reconhecido como o mais famoso dos comentaristas judeus.

Escritor aclamado, estimado filósofo, médico de renome e mestre talmúdico – este é seu legado. Sua obra magna, Mishnê Torah, é considerada até hoje como a mais conceituada e completa codificação da lei judaica, na qual explica nos fundamentos da crença judaica que a Torá é verdadeira.

Se uma pessoa negar qualquer preceito ou conceito da Torá é como se ele estivesse negando a Torá inteira, pois a Torá é uma unidade, uma só essência. Se uma pessoa desconhece algum princípio da Torá, ele é simplesmente considerado ignorante. Mas se alguém é ignorante em um dos Treze Princípios de Fé de Maimônides, então ele deixou de conhecer o que é judaísmo. Mishnê Torah – Ao formular os Treze Princípios de Fé, Maimônides percorreu a literatura judaica sagrada, estabelecendo os principais pontos de afirmação e crença no D-us único e em Sua revelação a Moshe, o líder de nosso povo.

1. Creio com plena fé que D-us é o Criador de todas as criaturas e as dirige. Só Ele fez, faz e fará tudo.
2. Creio com plena fé que o Criador é Único. Não há unicidade igual à d’Ele. Só ele é nosso D-us; Ele sempre existiu, existe e existirá.
3. Creio com plena fé que o Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele.
4. Creio com plena fé que o Criador é o primeiro e o último.
5. Creio com plena fé que é adequado orar somente ao Criador. Não se dever rezar para ninguém ou nada mais.
6. Creio com plena fé que todas as palavras dos profetas são autênticas.
7. Creio com plena fé que a profecia de Moshê Rebênu é verdadeira. Ele foi o mais importante de todos os profetas, antes e depois dele.
8. Creio com plena fé que toda a Torá que se encontra em nosso poder foi dada a Moshê Rebênu.
9. Creio com plena fé que esta Torá não será alterada e que nunca haverá outra dada pelo Criador.
10. Creio com plena fé que o Criador conhece todos os atos e pensamentos do ser humano.
11. Creio com plena fé que o Criador recompensa aqueles que cumprem Seus preceitos e pune quem os transgride. 12. Creio com plena fé na vinda de Mashiach. Mesmo que demore, esperarei por sua vinda a cada dia.
13. Creio com plena fé na Ressurreição dos Mortos que ocorrerá quando for do agrado do Criador. [1]

II – Maimônides, Doutor das Perplexidades –

1) Vida – No decorrer da história, houve alguns pensadores cuja influência sobre as gerações que os sucederam continua evidente até os dias de hoje. Rabi Moshê ben Maimon (Maimônides) ou simplesmente Rambam como é mais conhecido, foi uma destas figuras. Maimônides nasceu em 1135, na cidade de Córdoba, na Espanha, então sob domínio muçulmano.
A cidade era um grande centro cultural, onde muçulmanos, judeus e cristãos conviviam e participavam ativamente da vida pública. Em 1148, no entanto, foi tomada pelos Almohads, que pregavam a restauração da fé pura Islâmica.

Os judeus que não se converteram foram expulsos. Rabi Maimon, pai de Maimônides e líder da comunidade judaica de Córdova, levou sua família de cidade em cidade no sul da Espanha durante a próxima década, à medida que os Almorávidas gradualmente varriam o país. Os comentários de Maimônides sobre os dois Talmud, o de Jerusalém e o da Babilônia, bem como seus primeiros tratados, foram compostos durante aqueles anos de perseguição.

Em 1159 chegaram a Fez, Marrocos, onde permaneceram por cinco anos. Maimônides estudou medicina e Torá durante este período, onde também compilou a maior parte de seu trabalho para o comentário da Mishná. Trabalhando às vezes sob condições difíceis, ele era com freqüência forçado a trabalhar de memória, condensando e esclarecendo as longas explicações talmúdicas da Mishná, sem ter o texto à sua frente.

Em 1164, a perseguição religiosa forçou a família a sair também de Fez. Após passarem pela Terra Santa, Rabi Maimon e sua família chegaram a Fostad, no Egito (antigo Cairo) em 1166, o ano do falecimento de Rabi Maimon. Durante os cinco anos que se seguiram, a família foi sustentada pelo irmão de Maimônides, David, permitindo que Maimônides começasse a trabalhar em sua obra Mishnê Torá.

Em 1171, no entanto, David morreu num naufrágio, e Maimônides passou a exercer a medicina como forma de sustentar a família. Foi nesta conjuntura que ele deu início àquilo que mais tarde se tornaria uma carreira de sucesso como médico, chegando a servir como médico pessoal do Grande Vizir Alfadhil e do Sultão Saladin. Por volta de 1177, as obras eruditas de Maimônides tinham se tornado tão respeitadas que foi convidado a ser Rabino Chefe do Cairo, uma comunidade judaica grande e influente. Apesar dessas responsabilidades, ele completou a Mishnê Torá logo depois e, dez anos mais tarde, seu Guia para os Perplexos. Maimônides faleceu em 1204, em Fostat, e foi enterrado em Tiberíades, Israel.

2) ‘Descanso’ atribuído a D’us – Em Gênesis 2, 2 está escrito: “…e descansou ao sétimo dia.” onde a palavra para cessar (ou descansar) é shabat.

O Rambam cita no ‘Guia’ uma passagem do Bereshit Rabbá, no qual os doutores dizem: ‘Ao sétimo dia fez descansar o seu universo, ou seja, a criação se deteve naquele dia. E o Rambam explica o que significam estas palavras: Que D’us fez permanecer o Universo como estava no sétimo dia. O que aconteceu em cada um dos seis dias sucederam-se feitos fora da natureza, como está estabelecido e existe agora em todo o Universo. Mas no sétimo dia tudo se consolidou e tomou a atual estabilidade. Em outras palavras: sobrevieram acontecimentos extraordinários, que de nenhum modo estavam de acordo com as leis da natureza, tais como elas nos aparecem na Criação acabada, pois essas leis ainda não estavam estabelecidas. (Guia dos perplexos Tomo I capítulo LXVII).

3) D’us não tem tamanho nem movimento – Tudo que se move é, indubitavelmente, tem um certo tamanho e é divisível. D’us não tem tamanho e, portanto, não tem movimento. Tão pouco atribuír-Lhe o repouso, pois é condição que haja repouso algo que tenha possibilidade de movimento. …

O Rambam diz que, todas as palavras que indicam as diferentes espécies de movimento dos animais se há aplicado, como na linguagem do vulgo, como atributos de D’us, o mesmo que lhe atribui a vida, pois o movimento é um acidente inerente ao ser animado, e não há dúvida de que se exclui a corporidade se exclui as idéias de baixar, subir, andar, estar de pé, parar entre outras. …Maimônides afirma a Criação ex-nihilo (criação do nada), contra argumentando os peripatéticos (seguidores das idéias de Aristóteles) que defendiam a eternidade do mundo. Segundo Maimônides o Universo não foi criado num determinado tempo, pois o próprio tempo foi criado. Então, na sua visão, não existe um tempo real, como o conhecemos, antes da criação, e sim um tempo imaginário. Ele também afirma que o espaço também foi criado. D-us criou o espaço e o tempo. Essas idéias são parecidas com as da Ciência moderna, que, através dos grandes avanços da Teoria da relatividade, e juntamente com observações astronômicas que nos mostram a expansão do Universo, levou-se a concluir que:

1) A matéria do Universo estava mais concentrado no passado;
2) Que cerca de 15 bilhões de anos o Universo estava concentrado num ponto (singularidade, na linguagem matemática, que significa que toda a matéria do Universo, em forma de energia, estão num ponto de volume zero, ou seja, densidade infinita);
3) As equações de Einstein levaram a concluir que, naquela condição limite, a variável tempo passaria a ter que ser tratado como um número imaginário, para podermos resolvê-la);
4) A partir desse ponto o Universo começou a se expandir, onde essa expansão começou, não se sabe ainda porque ela ocorreu, do que a ciência chama Big Bang (grande explosão);A ciência não consegue afirmar o que aconteceu ‘antes’ do Big Bang. Existem muitas teorias mas nenhuma que possa ser conclusiva. Maimônides diz inequivocamente no ‘Guia’ que toda coisa material que viria a existir provém daquilo que foi criado no primeiro instante de Criação. Ou seja, o único momento de criação foi aquele e que tudo que viria a surgir é derivado daquela massa (energia) foi criado no ínfimo momento inicial do Universo.

4) Seres semelhantes ao homem – A passagem de Gênesis V, 3 no qual diz que: ‘E Adão, tendo vivido cento e trinta anos, gerou a sua semelhança, segundo sua imagem’. É que, de todos os filhos que Adao teve antes de Seth, nenhum possuía ( o que constitui), em realidade, a forma humana, que é chamada com as palavras imagem e semelhança de Adao, e a qual se refere aquele de que D’us criou a Adao a sua imagem e semelhança. …

5) A Torah foi escrita na linguagem dos homens – O Rambam (Maimonidies) diz que a Torah foi escrita na linguagem do homem comum, em forma de parábolas. Para se ter um pleno conhecimento das passagens das Sagradas Escrituras é necessário o estudo da física, astronomia, matemática. Por isso, complementa, que a falta de um estudo das ciências, levam as pessoas interpretarem ao pé da letra o que diz as escrituras, pois nem todos tem a capacidade de entender as mensagens mais profundas da Torah, como as crianças. …

6) Sobre os seres que viveram com Adão – O Talmud (Eruvim 18A) fala sobre o nascimento de Shet, terceiro filho de Adam e Eva, analisando porque a Torah relata duas vezes seu nascimento.“E tornou Adam a conhecer sua mulher, e ela deu a luz um filho a quem chamou Shet” (Bereshit 4:25).“E viveu Adão 130 anos, e ele teve um filho à sua semelhança e forma. Ele o chamou de Shet” (Bereshit 5:3). Segundo o Talmud, estes dois versos revelam que, após o assassinato de Abel por Caim, Adao e Eva se separaram maritalmente por 130 anos, e somente então Adam deitou-se “novamente” com Eva. Duranteestes 130 anos, Adao procriou filhos com outros seres, não com Eva. O Radak comenta que esses filhos eram de fato crianças. Faltava-lhes, no entanto, a neshamá, a alma, para torná-los seres humanos. Maimônides descreve estas crianças como sendo seres humanos em forma e inteligência, mas nada humanos em espiritualidade, como falamos mais acima.

7) Perceber D’us por meio de suas obras – No capítulo XXXIV, Tomo I, do Guia, o Rambam fala sobre como podemos perceber a D’us. Maimônides escreveu:” Não nenhum meio de perceber a D’us se não pelas suas obras; são elas que indicam sua existência e o que a que crer a respeito dele (…). É prioridade, que examinemos todos os seres em sua realidade para que de cada ramo da ciência possamos tirar princípios verdadeiros e certos que nos sirvam em nossas investigações metafísicas. Quantos princípios não se extraem da natureza dos números e das propriedades das figuras geométricas, princípios pelos quais somos conduzidos a conhecer certas coisas que devemos apartar da Divindade, e cuja negação nos conduz a diversos assuntos metafísicos! E quanto as coisas da astronomia e da física, não penso que há dúvida à ti duvida alguma de que sejam necessárias para compreender a relação do universo com o governo de D’us, tal como a relação é em realidade e não conforme a imaginamos.”

8) O que impede o homem conhecer a verdade – No Guia, Tomo I , capítulo XXXI, fala sobre o as divergências de opiniões entre os homens e por quais motivos as mantém. As causas para o desacordo são:

1)As pretensões ambiciosas e rivalidades que impedem ao homem perceber a verdade tal como ela é;
2)A sutileza da coisa perceptível em si mesma, sua profundidade e dificuldade de percebê-las;
3)A ignorância do que percebe e sua incapacidade de alcançar ainda do que é possível alcançar;
4)O costume e a educação, porque está na natureza do homem amar e ser atraído ao que lhe é familiar.O homem ama as opiniões que lhe são familiares e nas quais foi criado, fica presa à elas e teme as que estão fora. …

9) Dogmas necessários para a ordem social – …

10) Palavra atribuída à D’us – No capítulo LXV, Tomo I, Maimônides explica o que significa palavra atribuída à D’us. O Rambam diz que é necessário excluir de D’us o atributo da palavra. Sempre que os verbos ‘dizer’ e ‘falar’ são atribuídos a D’us designam vontade e intenção de D’us.

Quando ele se refere a ‘dizer’ designam vontade e não a ‘palavra’ é que somente a palavra só pode ser dita a um ser capaz de receber ordens. Como está escrito nos Psalmos XXXIII, 6: ” Os céus foram feitos pela palavra do S’nhor.” Da mesma maneira como sua boca e o sopro de sua boca são uma metáfora e querem dizer que foram feitas por sua intenção e vontade.Todas as obras da Criação saíram do nada em virtude da palavra divina. Por outro lado, não existia nenhum ser a quem esta palavra pudesse dirigir-se e as palavras “D’us disse” não podem significar outra coisa que não seja “D’us quis”.

11) Atributos negativos de D’us – Rambam fala no ‘Guia’ (Tomo I, capítulo LVII) a existência e a essência de D’us são a mesma coisa, que não podem ser separadas uma da outra. Não caberia fazer uma delas o atributo da outra. Para Maimônides não se pode atribuir a D’us como atributo a existência e que D’us não pode ser definido e, por conseguinte, nenhum atributo senão a sua essência. D’us é o ser necessário, o qual não composição. Só alcançamos d’Ele que é, pelo que não é. Não se pode admitir, portanto, que tenha atributos afirmativos, pois não existe ser fora de sua essência.
Com razão não cabe que sua essência seja composta, de maneira que o atributo indique duas partes e com maior razão, todavia, não pode ter movimento que possam ser indicado pelo atributo. No há, então, como dar a D’us atributos afirmativos.Para isso o Rambam cita Eclesiastes (Kohelet) V,1: “Pois D’us está no céu e tu na terra, que suas palavras sejam pouco numerosas.” …

12) Linguagem dos Profetas – …

13) Milagres – …

14) “Pensamento” e “vontade” atribuídos à D’us – Que em D’us, ‘saber’ significa o mesmo que ‘viver’, pois todo ser que percebe a si mesmo está dotado de vida e de ciência ( tomadas aqui em um só e mesmo sentido). Assim se entende por ‘ciência’ a percepção de si mesmo. A vida e a ciência são, em D’us, a mesma coisa. O ‘poder’ e a ‘vontade’ não existem tão pouco no Criador por relação a sua essência; pois não exerce sobre si mesmo, e não pode atribuir uma vontade que se tenha a si mesmo por objeto, coisa que nada poderia figurar. D’us, o Altíssimo, é o Ser necessário, o qual não há composição. …

15) D’us, o Ser Necessário – D’us é o Ser de existência necessária. Como poderíamos atribuir relação entre dois seres, um não tem nada em comum com que está fora dele. Pois, segundo a opinião de Maimônides que também é a minha, só por mera homonomia se aplica a palavra ‘existir’ ao mesmo tempo a D’us e ao que está fora D’Ele. Então não há relação, na realidade, absolutamente nenhuma entre D’us e suas criaturas, pois a relação não pode existir senão entre coisas que sejam necessariamente a mesma ‘espécie próxima’.Que em D’us, ‘saber’ significa o mesmo que ‘viver’, pois todo ser que percebe a si mesmo está dotado de vida e de ciência ( tomadas aqui em um só e mesmo sentido). Assim se entende por ‘ciência’ a percepção de si mesmo. A vida e a ciência são, em D’us, a mesma coisa. …

16) A existência de D’us – Maimônides deixa claro que essa não é uma verdade que possamos conhecer somente pela fé, ela é acessível às luzes de nossa razão. Basta pensar com um pouco de sensatez para perceber que D’us criador existe. Não é, pois, primariamente, assunto de fé, senão de honradez intelectual…

17) Satã – Tudo que é emanado diretamente da vontade do Criador é o bem e D’us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente e indiretamente o mal pode ser atribuído a ação divina.

A matéria em si criada por D’us não é absolutamente um mal, mas a fonte do mal é a privação que é inerente e que é causa da corrupção. No livro de Job, temos que entender por filhos de D’us, o bem que D’us tido diretamente em vista na criação. Satã , pelo contrário representa a privação , fonte acidental do mal. Maimônides explica que, Satã, que representa a privação, pode ser considerado, por um certo ponto, como uma finalidade direta da criação, posto que o nascimento e a corrupção , que o criador teria por finalidade no mundo sublunar, só têm lugar a consequência da privação, que é inerente à matéria e que, por conseguinte, desempenha um papel importante nas coisas aqui de baixo do mundo sublunar. Satã, ou a privação que depende o mal, tem pois, em certo modo, o direito de apresentar-se diante do Eterno.Os seres superiores, únicos representantes do bem absoluto, são estáveis e duradouros, e não estão submetidos ao nascimento e nem a corrupção. Mas Satã também ocupa uma posição no mundo sublunar, já que Satã só tem relação com o mundo sublunar.

No relato do livro de Job, diz que Satã errava sobre a terra, e que as coisas da terra sob seu poder, mas que estava vedado a ele apoderar-se da alma (nefesh). Satã vem da vocábulo satán, que significa apartar, separar. Indubitavelmente, Satã significa o que aparta dos caminhos da verdade e faz que alguém se perca nos caminhos do erro. Bem, a má inclinação é Satã, a qual indubitavelmente é um anjo, pois se fala no número de filhos de D’us; a boa inclinação em realidade também é um anjo. Assim, pois, cada pessoa está acompanhada de dois anjos, um a sua direita e outro a sua esquerda, que tratam da boa e má inclinações, respectivamente. A boa inclinação e a má inclinação derivam da faculdade da alma.

18) O mal – D’us jamais é o autor direto do mal. Só acidentalmente ou incidentalmente o mal pode ser atribuído a ação divina, enquanto produzida a matéria, que está associada a privação e que, por isso, se transforma na causa da corrupção e do mal. Enquanto D’us produz a matéria com a natureza que lhe é própria, ou seja de estar sempre associada a privação. Toda destruição, corrupção ou imperfeição só existem por causa da matéria. Os males só são males em relação a certa coisa. O mal não tem existência real. Atribuir a ação divina às privações, tais como mudez, surdez e cegueira só como expressão figurada que significa que D’us, por uma ação indireta, faz cessar as capacidades de falar, de ouvir e de ver.

No homem, por exemplo, a morte é um mal. Também sua enfermidade, sua pobreza, sua ignorância são males em relação a ele, o homem. Em Bereshit I, 31 está escrito: “E D’us viu tudo o que tinha feito, e era bom.” Rabbi Meir diz: “E a morte é um bem.” (Bereshit Rabba, seção IX, fol. 7, col 3). Rabbi Meir provavelmente ao querer vincular esta passagem uma reflexão moral sobre a morte, que conduz a vida futura. Muitos homens acham que o mal é mais frequente no mundo do que o bem. A causa deste erro , diz Maimônides, é que estes homens consideram o universo senão apenas ao indivíduo humano.

Homens assim pensam que o Universo só existe para sua pessoa, como se não existissem outros seres nele. Se ocorre algo fora dos seus desejos, julgam que isso é um mal. Mas se o ser humano olhar ao seu redor e ver toda a grandiosidade do Universo e ver que ele, o homem, é tão pequeno o lugar que ocupa nele, a verdade se tornará clara, evidente. O homem não deve se enganar e crer que o Universo só existe para sua pessoa. … Muitas pessoas tem a opinião errônea de que Satã é a personificação do mal e que este rivaliza com D’us. Como expus, Satã está associada a privação. E também disse que D’us é o agente de todo o bem e tudo que foi criado. Como D’us criou a matéria, a privação é algo inerente a natureza da matéria.

Satã é um anjo, mas está num ranking menor do que os outros anjos, filhos de D’us e, muito menos rivalizar com D’us.O mal existe apenas em relação a alguém. Quando ocorre uma privação, por exemplo, a privação de audição para o homem isso é um mal. Para D’us, que está isento de privações, que é eterno e toda perfeição, para Ele não existe o mal. [2]

Fontes: [1] Eterna Sefarad, 20 de março de 2012 – http://zivabdavid.blogspot.com/2012/03/moshe-maimonides.html [2] http://doctorperplexorum.blogspot.com/2007/09/maimnides-o-rambam.html
Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 10 de Cheshvan de 5779 – 19 de outubro de 2018

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