JUDAISMO ORTODOXO (5778) – Estudo de 18 de Maio de 2018 – 04 de Sivan de 5778

I. Introdução – O judaísmo ortodoxo é um dos três grandes ramos do judaísmo, uma vertente que se caracteriza pela observação relativamente rigorosa dos costumes e rituais em sua forma mais primitiva e tradicional, segundo as regras estabelecidas pela Torá e pelo Talmud, e imediatamente desenvolvido e aplicado pelas autoridades posteriores conhecidas como Gueonim, Rishonim e Arraronim. Geralmente o Judaísmo Ortodoxo consiste em duas vertentes diferentes, a Ortodoxa Moderna e a Ultra Ortodoxa.

Os ortodoxos representam cerca de 15% da comunidade internacional. Os ortodoxos defendem os hábitos tradicionais. Defendem posições religiosas e políticas radicais como não reconhecer sinagogas e rabinos não ortodoxos.

Crenças – O judaísmo ortodoxo é caracterizado pelas crenças de que: Torá e suas leis são divinas e foram transmitidas por D-us a Moisés, são eternas e inalteráveis. Há uma lei oral no judaísmo, que contém a interpretação oficial das seções legais da Torá escrita e também é divina em virtude de ter sido transmitida por D-us a Moisés juntamente com a lei escrita, como incluído no Talmude, Midrash e numerosos textos relacionados, todos intrínseca e inerentemente ligados com a lei escrita da Torá. O messias (Machiach), de acordo com este ramo do judaísmo, ainda virá. Não creem em Yeshua, ou Jesus (como é denominado em língua portuguesa) como o ungido e filho de D-us. [1]

Mitnagdim = Mitnagdim ou misnagdim (em hebraico: מתנגדים, “oponentes”) é um tipo ortodoxo de judaísmo, que baseia suas leis geralmente nas decisões encontradas no Talmude e rejeita o misticismo do hassidismo. No século XVIII, opuseram-se ao surgimento do judaísmo hassídico – movimento de reação contra o judaísmo “acadêmico” da época, surgido na Europa Oriental (Bielorrússia e Ucrânia), sob a liderança do rabino Israel ben Eliezer (1700-1760), conhecido como Baal Shem Tov. “Os hassidim [são] inclinados à mística baseada na exaltação das emoções religiosas, enquanto os mitnagdim, majoritariamente formados nas escolas talmúdicas da Lituânia, praticam um judaísmo mais austero, mais intelectualizado, fundado no princípio da casuística dialética (pilpul). Os mitnagdim criticam a orientação hassídica de defender a supremacia da Cabala (mística judaica) sobre a Halakha e reprovam sobretudo uma alegria de viver que consideram incompatível com o estudo da Torá.”

Atualmente, os grupos religiosos que adotam as práticas dos primeiros mitnagdim continuam a ser referidos sob essa denominação, embora a oposição aos hassidim tenha se tornado muito tênue.

Os mitnagdim são também referidos como “corrente lituana”, pois os yeshivot (academias religiosas) dessa corrente foram particularmente influentes na Lituânia, ao longo do século XIX e no início do século XX. [2]

II. Ortodoxo, conservador e reformista (Ponto da vista ortodoxo) – Qual é a diferença entre Judaísmo ortodoxo, conservador e reformista? A princípio, havia apenas a Torá. Os judeus eram aqueles que se apegavam à tradição de que seus antepassados tinham testemunhado uma assombrosa revelação no Monte Sinai, algo que mudara a maneira de eles entenderem o mundo e lidar com ele.

Tinham um relatório escrito, copiosamente preservado até o mínimo detalhe, bem como uma vasta tradição oral que explicava aquele documento escrito. Ocasionalmente, havia detratores que questionavam a autoridade da Tradição Oral e dos rabinos que tomavam decisões baseados na tradição da Torá. Mas o alicerce do Judaísmo, unanimemente por três mil anos, era a revelação e suas implicações. Com o advento da classe média na Europa, muitos judeus sentiram a necessidade de não parecer tão diferente de seus vizinhos.

Na Alemanha do século dezenove, nasceu o Movimento Reformista. Seus líderes terminaram por repudiar a crença na divindade da Torá. Quando na América, grande parte da liderança ficou consternada com a rejeição do Movimento Reformista pelas leis da alimentação casher, circuncisão, cessação do trabalho no Shabat e muitos outros preceitos da Torá, eles formaram o Movimento Conservador. Chamaram-no assim porque seu objetivo declarado era conservar determinados rituais que eles consideravam elementos característicos do Judaísmo, enquanto ao mesmo tempo permitiam aquelas reformas necessárias para torná-lo aceitável ao judeu de sua época.

Enquanto isso tudo ocorria, havia aqueles judeus teimosos que se recusavam a mudar. Adotaram diversas estratégias para enfrentar os desafios da modernidade. Alguns tomaram um caminho ainda mais estrito que antes, outros fizeram adaptações que, segundo eles, não afetariam a divindade da Torá. Outros ainda procuraram um significado mais profundo na Torá, voltando-se aos aspectos espirituais ou místicos. Todos estes foram englobados pelos movimentos separatistas Reformista e Conservador como “ortodoxos” – significando aqueles que não se desviariam do caminho reto para se adaptar. Até hoje, muitos judeus recusam-se a ser rotulados com este termo, preferindo descrever-se como “observantes de Torá” ou simplesmente “Shomer Shabat”.

Desde a Segunda Guerra Mundial, o Movimento Reformista tem feito muitas investidas importantes no sentido de voltar à tradição. Nos anos mais recentes, abraçaram novamente o ritual e a espiritualidade. A melhor resposta é que a própria Torá, sendo um documento eterno, previne-se para mudanças com adaptabilidade embutida. Grandes líderes, como Rabi Shneur Zalman de Liadi (Chassidismo Chabad), Rabi Samson Rafael Hirsch (Ortodoxia Alemã), Rabi Yisroel Salanter (Movimento Mussar) e Sarah Schneurer (educação de Torá para meninas) conseguiram ver aqueles aspectos da Torá que se aplicam a uma era diferente. Eles destacaram aquelas áreas e demonstraram sua aplicação, em vez de fazerem mudanças que desafiam os alicerces da Fé Judaica.

A Torá nos foi outorgada por D’us há mais de 3 mil anos. Aplica-se a todas as situações e em todos os tempos para todos os judeus, independente a que “tribo” ele pertence, ou em que “linha” se conduz.

A Torá contém temas extremamente relevantes e é dotada de instruções fundamentais para podermos entender os acontecimentos atuais a nível mundial. Para isto é necessário apenas uma coisa: abrir nossas mentes e corações e estudá-la e desta forma, e só então, compreender e aplicar sua ilimitada grandeza. [3]

III. Religiosidade Judaica – a maneira com que os judeus expressam seu judaísmo. Ao contrário do que possa parecer externamente, não há uma unidade religiosa judaica. Cada judeu expressa sua forma de religião, de acordo com o pensamento religioso comunitário ao qual adere.

Judaísmo Rabínico – Judaísmo rabínico é o nome dado ao judaísmo tradicional, que aceita o Tanakh como revelação divina e a Torá Oral também como fonte de autoridade. Recebe este nome devido ao fato de dar grande valor aos ensinamentos rabínicos através dos tempos codificados principalmente no Talmud. Suas principais ramificações são: Judaísmo ortodoxo; Judaísmo conservador; Judaísmo reconstrucionista; Judaísmo liberal.

Algumas ramificações dão grande ênfase à parte mística do judaísmo: Chassidismo; Mashichismo; Judaísmo Caraíta. O judaísmo caraíta opõe-se ao judaísmo rabínico ao desconsiderar a Torá Oral e enfatizar apenas o valor da Torá Escrita, o que o leva a desprezar a autoridade advogada por qualquer outra escritura fora do Tanakh, como o Talmud, o Novo Testamento cristão e outros textos. Para os caraítas, apenas o Tanakh tem uma revelação divina e, por isso, nenhuma pessoa ou grupo de pessoas pode impor aos outros a sua interpretação da Torá, como o fazem os estudiosos rabínicos. Sendo assim, os caraítas dão uma grande ênfase ao cumprimento literal da Torá.

Judaísmo samaritano – O Samaritanismo é uma ramificação do Judaísmo praticada pelos judeus samaritanos, que dizem ser descendentes dos antigos habitantes do reino de Israel. Entre as principais diferenças, ainda mantêm as funções dos cohanim, crêem na santidade do monte Gerizim e aceitam unicamente a Torá (conhecida como Pentateuco samaritano) como escritura inspirada.

Ramificações Marginais – Existem alguns grupos que se consideram judaicos, mas não são reconhecidos como tais por grande parte do judaísmo rabínico. Ainda que existam diversas ramificações como vimos acima, o Judaísmo Rabínico geralmente se atém a princípios básicos que o distinguem de outros grupos religiosos e permitem identificar ramificações que fujam destes princípios.

Judaísmo messiânico e ebionismo – Entre estes pode-se mencionar o Judaísmo messiânico, o qual adere a práticas do judaísmo, mas crê em Yeshua ou, em sua forma mais conhecida, Jesus, como o Messias de Israel, integrando o Novo Testamento nas suas escrituras, dois aspectos que não fazem parte do judaísmo rabínico. Algumas outras seitas de cunho ebionita que creem em Jesus como um Messias humano também defendem que sua religião é uma forma de judaísmo, ainda que não sejam aceitos tanto por judeus quanto por cristãos.

Judaísmo Neo-Paganista – Pequeno grupo que mescla judaísmo e mitologia siro-canaanita, reconstruindo rituais e culto a El, Baal e Aserat.

Judaísmo Budista – Tradicionalmente crê-se que o primeiro norte-americano a converter ao budismo tenha sido um judeu em 1893. Figuras como Joseph Goldstein, Jack Kornfield e Sharon Salzberg ensinam a doutrina budista entre os judeus.

Judaísmo Islâmico – Existem pequenas comunidades judaicas que aceitam a Maomé e o Alcorão, mas retêm a identidade judaica, como é caso dos chalah de Bucara, do Juhidi Al-Islami do Irã e os Judeus de Timbuktu, no Mali.

Shabataianos = Alguns judeus creem que o messias veio na figura (controversa) de Shabtai Zvi no século XVIII, que depois converteu-se ao Islam. Existe ainda hoje a comunidade Dohmneh na Turquia e Grécia, que segue uma religião sincrética, com elementos judaicos, cabalísticos, shabataianos, sufistas e islâmicos.

Renovação Judaica – Forma alternativa de judaísmo que pretende adaptar a espiritualidade judaica, neo-hassídico misticismo e elementos da Nova Era com expressões contemporâneas.

Judaísmo Humanista – Pensamento humanista e não teísta, mas que busca preservar a sabedoria da cultura Judaica. [4]

IV. Etnias judaicas – Etnias judaicas é o conjunto de ramificações da comunidade judaica, considerando-se a cultura e os países onde foram radicados. Devido aos fatores de tempo, local, miscigenação e interpretação religiosa e filosófica, geralmente cada comunidade possui uma Torá (Bíblia) e tradições diferentes de um grupo para outro.

Principais etnias judaicas: Asquenazi – Judeus da Europa Central e Oriental; Judeus da Alsácia; Yekke – Judeus alemães; Litvik – Judeus da Lituânia; Galitzer – Judeus da Galícia (sul da Polônia e Oeste da Ucrânia – não confundir com Galiza); Judeus russos; Judeus de Udmúrtia e Tartaristão (relógio a divisão geográfica dos judeus na Europa). Krimchak – Judeus tártaros da Crimeia; Shuaditas – Judeus da Provença; Zafarnita – Judeus franceses; Italkim – Judeus italianos; Judeus de San Nicandro Manduzio; Sefaradi- Judeus Ibéricos; Judeus da nação portuguesa (Sefardi Ocidental); Judeus Marroquinos; Hebraicos da Amazônia; Chueta – Ilhas Baleares; Judeu-Espanhol (Sefardi Oriental); Marrano; Romaniotes – Judeus Gregos; Qartveli Ebrael (Gruzinim) – Georgia; Juhurim – Georgia; Judeus Mizrahi; Judeus curdos; Judeus iemenitas; Judeus libaneses; Judeus sírios; Judeus palestinos; Parsim – Judeus do Irã; Judeus Baghdadi; Judeus Cirenaicos (Líbia); Judeus egípcios; Judeus de Djerba (Tunísia); Judeus Indianos; Bene Ephraim; Bene Israel; Bnei Menashe; Knanya; Judeus Africanos; Beta Israel ou Falashas; Qemant – Etiópia; Lemba – Moçambique e Malawi; Abayudaya – Uganda; Sefwi – Gana; Bnai Efraim – Nigéria; Judeus de Tombuctu – Mali; Judeus Bukharan; Judeus Chineses; Sabra; Judeus Ameríndios; Judeus índios de Venta Prieta – México; Judeus Incas – Peru e Equador; Judeus Caraítas (Seguidores das Escrituras) surgido durante o domínio árabe no século VIII, tendo como base apenas a Torah e a Tanach ( A Biblia Hebraica).

Tarayru-Tota = Descendentes dos antigos cristãos-novos convertidos ao catolicismo pela força da inquisição miscigenados com os naturais da terra conhecidos por Tarairiús, tem sangue holandês e português galego da época do Brasil holandês. Até bem recentemente preservavam em segredo costumes e práticas judaizantes, além da fé judaica característica. Esta comunidade encontra-se atualmente em vias de extinção. [5]

V. Ateísmo judeu – Judaísmo ateístico ou ateísmo judeu refere-se ao ateísmo professado por pessoas que são etnicamente e, em certa medida, culturalmente de origem judia.

Porque o judaísmo engloba componentes étnicos e religiosos, o termo “ateísmo judeu” não implica necessariamente uma contradição. Com base na ênfase da lei judaica em descendência matrilinear, mesmo as autoridades religiosamente conservadoras do Judaísmo Ortodoxo aceitam um ateu nascer de uma mãe judia como sendo totalmente judeu. Um estudo recente descobriu que metade de todos os judeus americanos têm dúvidas sobre a existência de D-us, em comparação com 10-15% de outros grupos religiosos americanos.

Teologia judaica – Mais recente a teologia judaica fez pouca ou quase nenhuma reivindicação metafísica então é, portanto, compatível com o ateísmo em um nível ontológico. O fundador do Judaísmo reconstrucionista, Mordechai Kaplan, defendia uma definição naturalista de Deus, enquanto algumas teologias pós-Holocausto também tem evitado um D-us pessoal. O filósofo judeu Howard Wettstein avançou uma abordagem não-metafísica de compromisso religioso, segundo a qual a metafísica ateísmo-teísmo não são a questão. Harold Schulweis, um rabino conservador treinado na tradição Reconstrucionista, argumentou que a teologia judaica deve mover-se de um foco de D-us, para uma ênfase na “piedade”. Esta “teologia do predicado”, enquanto usando uma linguagem teísta, mais uma vez faz poucas afirmações metafísicas que os não-crentes podem achar censuráveis.

Cultura secular Judaica – Muitos ateus judeus rejeitariam até mesmo esta identificação, em vez de abraçar um secularismo profundo e baseando seu judaísmo inteiramente em etnia e cultura judaica secular. As possibilidades para o judaísmo secular inclui uma identificação com a história judaica e seu povo, a imersão na literatura judaica (incluindo os autores judeus não-religiosos como Philip Roth e Amós Oz), o consumo de comida judaica e uma ligação com as línguas judaicas, como iídiche, hebraico ou Ladino.

Uma elevada percentagem dos israelenses se identificam como seculares, rejeitando a prática da religião judaica (ver Religião em Israel). Enquanto alguns não-crentes de origem judaica não se consideram judeus, preferindo se definirem apenas como ateus, o judaísmo é sem dúvida uma cultura e uma tradição que se pode facilmente abraçar sem fé religiosa.

Pessoas notáveis – Um número de judeus conhecidos ao longo da história têm rejeitado a crença em D-us. Alguns negaram a existência de uma divindade tradicional, enquanto continuam a usar uma linguagem religiosa. Em 1656 o filósofo judeu do século XVII Baruch Spinoza foi excomungado pela sinagoga sefardita de Amsterdam depois de avançar uma noção panteísta de Deus que, segundo alguns observadores, não só é compatível como pavimentou o caminho para o ateísmo moderno. Karl Marx nasceu em uma família de etnia judaica, mas foi criado como um luterano e está entre os pensadores ateus mais notáveis e influentes da história moderna, ele desenvolveu a dialética e o materialismo histórico que se tornou o base para sua crítica contra o capitalismo e suas teorias além de definir o socialismo científico. Marx tornou-se uma grande influência, entre outros intelectuais judeus proeminentes, incluindo Moses Hess. Em um de seus mais citados comentários sobre religião, ele declarou: “Religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo”. Muitos outros judeus famosos abraçaram o ateísmo rejeitando religiosidade completamente.

Sigmund Freud escreveu O Futuro de uma Ilusão, no qual ele tanto evitou crença religiosa quanto delineou as suas origens e perspectivas. Ao mesmo tempo, ele pediu a um colega judeu para criar seu filho dentro da religião judaica, afirmando que “Se você não deixar o seu filho crescer como judeu, você vai privá-lo dessas fontes de energia que não podem ser substituídas por qualquer outra coisa “.

A anarquista Emma Goldman nasceu em uma família judaica ortodoxa e rejeitou a crença em D-us, enquanto que a primeira-ministra israelense Golda Meir, quando perguntada se acreditava em D-us, respondeu: “Eu acredito no povo judeu, e o povo judeu acredita em D-us.”

Mais recentemente, o filósofo judeu francês Jacques Derrida afirmou um tanto enigmaticamente, “Eu, com razão, passo por um ateu”. No mundo do entretenimento, Woody Allen fez uma carreira fora da tensão entre o judaísmo e a dúvida religiosa (“Como posso acreditar em D-us, quando na semana passada fiquei com minha língua presa no rolo de uma máquina de escrever elétrica? “) [6]

VI. O Judaísmo não é Ortodoxo, por Rav Tzvi Freeman
Pergunta: “Caro Rabino, estou numa enrascada. Gosto do Shabat. Gosto da Torá – especialmente histórias chassídicas e aquele lance de Cabalá. Sinto uma forte ligação com o povo judeu. Sinto-me atraído por tudo isso. Portanto, diria você, qual é o meu problema? Apenas vá em frente, certo? Mas eu não posso. Não consigo imaginar-me sendo ortodoxo. Olhe para mim. Veja como eu fui criado, de onde eu vim, onde estou agora. Você consegue imaginar um não-conformista como eu seguindo todos os regulamentos de um judeu ortodoxo, estritamente casher? Assinado, Judeu Não-Ortodoxo.”

Resposta: Caro Não-Ortodoxo, Finalmente, um homem com a minha persuasão! Não-ortodoxo! Ora! O termo mais descritivo que já ouvi para o verdadeiro Judaísmo! A crença de que nada é da maneira que deveria ser, que tudo no mundo precisa mudar, que temos de ser diferentes de todo o mundo. É isso que os judeus são – recalcitrantes, insurgentes, os revolucionários chatos da história – e o que poderia ser mais não-ortodoxo que isso? O Judaísmo não começou com o paradigma de todos os iconoclastas?

Imagine Avraham esmagando os ídolos na casa de seu pai, desafiando o Rei Nimrod e todas as normas sociais. Imagine Moshê desafiando o faraó, ou Rabi Akiva e os Sábios desafiando o poderoso Império Romano. Você descreveria isso como comportamento “ortodoxo”? * Ser judeu é rebelar-se. * Recusar-se a atender o telefone no Shabat é uma rebelião contra a tecnocracia. * Manter-se casher é uma rebelião contra o consumismo. *

Levantar-se cedo pela manhã para embrulhar-se num grande xale branco, torcer correias de couro e caixas sobre o braço e a cabeça, juntar-se a outros em fórmulas místicas e ler de um rolo antigo – é uma franca rebelião contra tudo que é considerado normal na vida moderna.

Você conhece a história do rabino que ficou de pé na rua procurando a décima pessoa para seu minyan? Finalmente, encontrou um judeu. Mas o homem tentava despachá-lo, dizendo: “Não faço parte da religião organizada.” “Se isso fosse religião organizada” – exclamou o rabino – “por que cargas d’água eu estaria na rua incomodando os passantes?”
* Os judeus já foram ortodoxos? Já houve um tempo em que nossas opiniões e comportamento eram considerados normais? * O faraó pensou que éramos loucos porque exigimos direitos trabalhistas. * Os romanos pensaram que éramos loucos porque não nos desfazíamos de crianças defeituosas. * A Igreja pensou que éramos perversos porque não nos rendemos à fé da maioria. * Os racionalistas pensaram que éramos românticos por causa de nosso misticismo e os românticos nos consideraram obtusos por nosso racionalismo. * As Nações Unidas resolveram que os judeus são estranhos, simplesmente porque insistimos em continuar existindo. Enquanto isso, todos terminaram adotando nossa opinião – e mesmo assim permanecemos como uma anomalia entre os povos. É simplesmente demais para que os outros nos entendam. – Parafraseando o LubavitcherRebe, o Judaísmo jamais pode ser chamado de fora-de-moda – porque, para começar, jamais esteve na moda. Portanto, quem foi que inventou esta incongruência, “Judaísmo Ortodoxo”?

Vou lhe dizer: Há duzentos anos, quando o Imperador Napoleão decidiu que era o verdadeiro messias e os judeus deviam ser libertados, designou vários líderes da comunidade judaica para formar um Sanhedrin de rabinos e eruditos, exatamente como tinha ocorrido na Antiguidade. Assim homenageados, eles começaram a convencer seus companheiros a se juntar a eles. Afinal, Napoleão era a onda do futuro. Isso era o progresso. Porém alguns rabinos não achavam que aquilo era progresso.

Napoleão, um messias? E Paris é Jerusalém, certo? Portanto, eles não aceitaram. E por esta teimosa recusa em entender como eles eram atrasados e bitolados, foram rotulados: vocês… vocês… vocês são RABINOS ORTODOXOS! “Somos ortodoxos mas não somos loucos” – replicaram eles – “mas o homenzinho com a mão dentro da camisa não é o messias!” É mais ou menos como os hippies, que começaram chamando-se de “excêntricos”. Algum proprietário rural em Woodstock olhou para estes jovens americanos e cuspiu aquele epíteto em frente das câmeras. E daí, disseram eles, qual o problema? E passaram a se chamar de excêntricos.

– No jargão moderno, o termo “Ortodoxo” passou a designar aqueles de nós que não alteram a Torá somente para que ela se encaixe melhor naquilo que todos estão fazendo. Neste sentido, eu definitivamente me incluo entre os “ortodoxos”. “Mas com certeza não me sinto ortodoxo.” Deveria? Há algo mais que o Lubavitcher Rebe declarou: “Etiquetas são para camisas.”

Tudo bem, há outras coisas que podem levar rótulos. Por exemplo, Templos Reformistas, Sinagogas Conservadoras, Reconstrucionista de Pine Groves. Mas os judeus que você encontrará nestes locais têm todos apenas uma etiqueta: Judeus. Porque “judeu” não é apenas um termo referente a comportamento. É um estado essencial de ser. * Não é onde você está, mas de onde você faz parte. Portanto, se alguém lhe pedir para descrever os três tipos de judeus que existem atualmente, responda da seguinte maneira: Há três tipos de judeus: * Judeus que cumprem mitsvot. * Judeus que cumprem mais mitsvot. * Judeus que cumprem mais mitsvot ainda. E é disso que se trata, porque um judeu mal pode respirar sem cumprir uma mitsvá. E quanto ao problema que você tem com o jugo de fazer isto e não fazer aquilo… não é bem assim. Para principiantes, o sistema todo já está codificado em seu DNA. É o estado natural de um judeu, por exemplo, fazer o encantamento pela manhã. É por isso que somos tão chatos. Assim podemos reclamar a Ele três vezes ao dia.

Se não o fizermos corretamente, terminamos reclamando o dia inteiro. Uma vez que temos horários estabelecidos, podemos ficar livres disso e fazer outras coisas pelo restante do dia.

“O mesmo quanto ao Shabat, manter-se casher, micvê – todas as práticas que os judeus têm cultivados em suas almas por mais de três milênios. Tudo que se precisa fazer é despertar aquela alma judaica com um pouco de Torá, alguns belos contos chassídicos e um par de doces melodias, e tudo se torna vivo e faz sua parte. Espontaneamente. Com alegria.” Você pode chamá-lo de “Judaísmo sem esforço”. Melhor ainda, não chame por nome algum. Exceto, talvez, bastante não-ortodoxo. * Chabad.org.br – Biblioteca
“Baruch Shem k’vod malchuto leolam vaed” (Bendito é o nome do seu reino glorioso por toda a eternidade.) [7]

Fontes:
[1] Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Judaísmo_ortodoxo
[2] Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mitnagdim
[3] Chabad: http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/ortodoxo.html
[4] Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Religiosidade_judaica
[5] Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Etnias_judaicas
[6] Wikipédia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ateísmo_judeu
[7] https://yochannan.wordpress.com/2009/02/11/tzvi-freeman-o-judaismo-nao-e-ortodoxo-2/

Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 04 de Sivan de 5778 – 18 de Maio de 2018

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