Religiões Abraâmicas (5781) – Estudo para  09 de julho de 2021 –  29 de Tamuz de 5781

I. Religiões abraâmicas- são as religiões monoteístas cuja origem comum é reconhecida em Abraão ou o reconhecimento de uma tradição espiritual identificada com ele. Essa é uma das três divisões principais em religião comparada, junto com as religiões indianas (Darma) e as religiões da Ásia Oriental. As religiões abraâmicas se espalharam globalmente através do Cristianismo sendo adotado pelo Império Romano no século IV e o Islã pelos impérios islâmicos do século VII. As principais religiões abraâmicas em ordem cronológica de fundação são o judaísmo (a base das outras duas religiões) no século VII a.C., cristianismo no século I e o islamismo no século VII. Cristianismo, islamismo e judaísmo são as religiões abraâmicas com o maior número de adeptos. Religiões abraâmicas com menos adeptos incluem a fé Drusa (às vezes considerada uma parte do Islã), a Fé Bahá’í e Rastafari. No início do século XXI havia 3,8 bilhões de seguidores das três principais religiões abraâmicas e estima-se que 54% da população mundial se considere adepta de uma dessas religiões, cerca de 30% de outras religiões e 16% é não religiosa. Símbolos das três principais religiões abraâmicas: judaísmo (Estrela de Davi), cristianismo (Cruz cristã) e islamismo (nome de D-us em árabe). As três principais religiões abraâmicas são, em ordem cronológica de fundação, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Judaísmo – O judaísmo considera-se como a religião dos descendentes de Jacó, um neto de Abraão. Ele tem uma visão estritamente unitária de D-us e o seu livro sagrado central para quase todos os ramos é a Bíblia Hebraica, como elucidado na lei oral. O judaísmo também tem um pequeno número de denominações, das quais as mais significativas são os ortodoxos, conservadores e reformistas.

Cristianismo – O cristianismo começou como uma seita do judaísmo no século I e evoluiu para uma religião separada, a Igreja Cristã, com crenças e práticas distintas. Jesus é a figura central do cristianismo, considerado por quase todas as denominações como de origem divina, tipicamente como a personificação de um D-us Trino. A Bíblia Cristã é geralmente considerada a autoridade máxima, juntamente com a Sagrada Tradição em algumas denominações apostólicas, tais como o protestantismo, o catolicismo romano e a ortodoxia oriental, além de dezenas de denominações significativas e pequenas.

Islã – O islã surgiu na Arábia[nota 4] no século VII, com uma visão estritamente unitária de D-us. Os muçulmanos (seguidores do islã) tipicamente apontam o Alcorão como a autoridade máxima de sua religião, como revelado e esclarecido através dos ensinamentos e práticas[nota 6] de um central, mas não divino, profeta, Maomé. A fé muçulmana abarcou elementos tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas nunca foi considerado uma ramificação de nenhum deles. O islã tem dois ramos principais (sunitas e xiitas), cada uma tendo várias denominações.

Conceitos em comum – Jerusalém é uma cidade sagrada para as religiões abraâmicas. As três principais religiões abraâmicas têm certas semelhanças. Todas são monoteístas e concebem D-us como uma figura de um criador transcendente e a fonte da lei moral, e as características de suas narrativas sagradas partilham muitos dos mesmos valores, histórias e lugares, embora muitas vezes apresente-os com diferentes funções, perspectivas e significados. Elas também têm muitas diferenças internas com base em detalhes de doutrina e prática. Às vezes e em vários locais as diferentes religiões, e alguns dos ramos dentro da mesma religião básica, têm estado em um conflito amargo com o outro na medida de guerra e derramamento de sangue. [1]

II. Islamismo: relação com Judaísmo – Superficialmente, o islã parece ser uma religião simples, como tantas outras que se popularizaram, com dogmas claros, obrigações e proibições. Os deveres do fiel se resumem aos cinco pilares do islã:

Shahada (ou testemunho): a confissão – o politeísmo é o maior pecado – que efetua a conversão na fé que aceita um d-us único e Maomé como seu profeta exclusivo.

Salat: a reza (recitação de veneração e não pedido de benefícios a d-us) que se faz cinco vezes por dia e, na sexta-feira, a oração comunal na mesquita.

Zakat: a esmola, correspondente ao dízimo cristão: todos os crentes são obrigados a entregar uma parcela da renda para fins sociais dentro da coletividade islâmica.

Ramadan: é o mês de jejum, entendido como purificação e ascese para d-us, desde o nascer até o pôr do sol, quando acaba a abstenção de relações sexuais, comida e bebida, inclusive água, e se iniciam as confraternizações que duram toda a noite e a madrugada.

Hajj: é a peregrinação a Meca – da mesma forma que Jesus, Maomé se viu inicialmente como reformador do judaísmo e adotou Jerusalém com cidade sagrada, porém, rejeitado pelos judeus, Maomé a substituiu por Meca e, em segundo lugar, Medina, ambas cidades sagradas na Arábia Saudita. Jerusalém mantém a posição de terceira cidade sagrada do Islã, ainda que seja mencionada no Alcorão apenas uma vez…

É notável a semelhança das imposições monoteístas anteriores, o judaísmo e o cristianismo, com a crença e o ritual básicos do islã que, aliás, se considera a continuação e o aperfeiçoamento daquelas. Maomé se integra assim na extensa linhagem de profetas “enviados por deus ao homem”.

Para os muçulmanos, deus “desce” ao homem, pois este nunca poderia se elevar e chegar a d-us por seus próprios esforços. O islã dá continuidade na exigência de comportamento ético do ser humano, tal como é também o papel da moral judaico-cristã. No entanto, na imposição do islã aos politeístas, estes tinham que escolher entre a conversão ou a morte!

Os monoteístas possuem uma genealogia comum. O mundo antigo, politeísta, era mitificado por vários deuses e deusas representando forças naturais ou misturas mitológicas entre homens e animais. Os deuses não eram seres melhores do que os homens, só eram mais fortes. A relação entre eles era utilitarista: os homens tentavam agradar e até manipular os deuses por meio de sacrifícios e magia. Isso até que, na Terra de Israel (ou Palestina) – cruzamento das vias comerciais e militares entre o Egito e Mesopotâmia (o atual Iraque) que sofria invasões frequentes –, o pastor Abraão (Ibrahim para os muçulmanos) acreditou estar em contato com um d-us mais onipotente e benevolente do que todas as outras divindades, cujas existências passaram a ser negadas. Nasceu, assim, o monoteísmo!

A Era dos Patriarcas é mitológica – não há evidências textuais ou arqueológicas sobre ela –, mas é geralmente situada em torno de 1800-1700 a.C. O êxodo do Egito por parte dos hebreus, descendentes dos patriarcas, sob a liderança do profeta Moisés, teria ocorrido em torno de 1300 a.C. Este mito formativo, que constituiu o monoteísmo ético, foi a revelação divina dos dez mandamentos, que formalizariam o padrão de conduta para os hebreus. Eram regras que, louvadas por muito ritualismo, demarcavam de forma binária o bem e o mal.

Essa revolução mental e social eliminou todos seus concorrentes sobrenaturais, estabelecendo entre os judeus um contrato com deveres e direitos mútuos. Desde que eles se transformassem em um povo sacerdotal, teriam a proteção divina contra a imprevisibilidade caótica de uma natureza descontrolada, antes atribuída à arbitrariedade de vários deuses.

Com uma entidade zeladora e vigilante, onipotente e onisciente, mesmo se as vicissitudes da vida não cessassem, doravante a responsabilidade por catástrofes individuais ou coletivas não podia ser atribuída a um destino cego, mas ao comportamento inapropriado do próprio homem. Doenças, fome, derrotas militares, todas as desgraças eram punições via retiradas de graças divinas. Esse compromisso dos indivíduos com uma vida virtuosa, sob pena de ficar “desgraçado“, constitui a instalação da consciência culpada!

O judaísmo é, tal como serão posteriormente o cristianismo e o islamismo, uma religião de revelação: o transcendente irrompe, espontaneamente, no mundo visível e se revela mediante mensageiros escolhidos (por si só), os chamados profetas, que passam a prometer recompensas ou castigos, o paraíso ou o inferno. Outras religiões como o hinduísmo e o budismo carecem dessa “descida” do sobrenatural ao mundo natural. Nestas, os homem é chamado a fazer o esforço de “subir” até níveis de consciência superiores. Se ele não o faz, não há divindade punitiva, mas ele condena a si mesmo ao ciclo incessante de morte e renascimento que produz sofrimento.

Na segunda metade do primeiro milênio a.C., desenvolveu-se uma diáspora judaica em que pensadores judaicos começaram a aplicar os valores do judaísmo a outros grupos não judaicos. Judeus entraram em contato e se deixaram influenciar pelas ideias do helenismo, uma civilização que abrangia o Mediterrâneo e o Oriente Médio em um ideal de fraternidade humana universal, baseado na supremacia da razão.

Os judeus mais conservadores consideraram isso uma traição e, metodicamente, foram erigindo um muro de regras religiosas – proibindo, por exemplo, casamentos mistos – que separavam os judeus dos demais homens “não-irmãos”. Facilitaram sua função de povo sacerdotal, mas dificultaram a convivência com os “pagãos”, cuja sociabilidade conduziria à apostasia, ou seja, ao abandono da fé original.

Os ocupantes romanos buscaram assimilar os judeus à cultura imperial, provocando as grandes revoltas que combinavam regionalismo, restauração religiosa fundamentalista e esperanças messiânicas. As derrotas culminaram em: a destruição do Templo, a abolição da soberania e, no século II, em um genocídio que pôs fim à presença física de judeus na Judeia, logo rebatizada de Palestina. A comunidade judaica, sobrevivente na Galileia, tornou-se minoria em meio a uma maioria cristã. [2]

III. “Salvação da alma” no judaísmo, no cristianismo e no islamismo – Nessas três religiões há o entendimento de que, após esta existência terrena, poderá haver outra vida. Não estou falando em reencarnação, pois não é outra vida terrena, mas uma vida num outro plano de existência. Para se referir a esse “outro lugar”, essas religiões usam expressões como: Mundo Vindouro (judaísmo); Céu, Eterni­dade, Paraíso (cristianismo); Jannah ou Paraíso (islamismo).

Apesar de cada crença retratar de modo diferente essa “segunda fase”, o que quero ressaltar é que há consenso de que, após a morte física neste mundo terreno, há uma vida em outro plano, e que a condição que desfrutaremos nela é decidida ainda nesta existência terrena. [3]

Fontes: [1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%B5es_abra%C3%A2micas
[2] Blog Cidadania & Cultura: https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2014/07/04/islamismo-relacao-com-judaismo/
[3] https://henriquelima.com.br/breve-historia-das-religioes-monoteistas-e-a-salvacao-da-alma/
Coordenador: Saul Stuart Gefter 29 de Tamuz de 5781 – 09 de julho de 2021

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