Perashá Vayêlech – 04 de Tishrei de 5782-10 de setembro de 2021

1) Perashá Vayêlech (Devarim/Deuteronômio 31:1-30) – inicia-se com Moshê/Moises caminhando pelo acampamento do povo judeu no último dia de sua vida, para despedir-se de seu amado povo. Em seguida, ele ensina-lhes a mitsvá de hakhel, a reunião da nação inteira a cada sete anos para ouvir o rei ler certas passagens da Torá, e D’us dirige-se a Moshê e Yehoshua/Josué (que receberá o manto da liderança) na Tenda da Assinação, ordenando-lhes copiar a Torá e continuar ensinando-a ao povo judeu. A parashá conclui com a preocupação de Moshê de que o povo judeu possa desviar-se da Torá após sua morte, acarretando-lhes punições.

2) D‘ Var Torá – Mensagem da Perashá – Teshuvá – por Rabino Shmuel M. Butman Um dos temas principais em Yom Kipur é teshuvá, arrependimento. Como é explicado no místico livro, O Zohar, uma das muitas “atribuições” do Rei Mashiach (Messias) é que ele trará até os justos (tsadikim) ao arrependimento. Na superfície, isso parece contraditório. Se eles são realmente tsadikim, por que precisariam se arrepender? E se eles realmente têm algo de que se arrepender, como podem ser chamados de justos? A filosofia chassídica resolve este problema explicando que quando Mashiach vier, os justos não terão de expiar quaisquer pecados. Ao contrário, ao fazer teshuvá (literalmente, retornar a D’us), ele combinarão simultaneamente a vantagem da pessoa justa que nunca pecou com a vantagem de alguém que retorna em penitência.

Explicando: Um tsadic (um justo) vive sua vida exatamente como D’us deseja que ele o faça, observando Torá e mitsvot sem jamais cometer qualquer transgressão. Sua vida inteira é passada no âmbito da santidade e pureza. Um báal teshuvá (penitente), em contraste, tem a vantagem de poder realmente transformar a escuridão em luz. Exatamente porque ele se afastou tanto, seu desejo de apegar-se a D’us é ainda maior que o do tsadic. Seu amor por D’us é tão intenso que até seus pecados deliberados são transformados em méritos. Quando Mashiach/Messias vier, o justo fará teshuvá no sentido de ascender a níveis ainda mais altos de conexão com D’us. Quando toda a humanidade, incluindo os tsadikim, testemunhar a infinita santidade da Era Messiânica, até os níveis espirituais mais elevados que já foram atingidos parecerão ser nada, e serão alçados a alturas nunca vistas, com a energia e vigor dos baalei teshuvá. Isso, evidentemente, será realizado por Mashiach, que abrirá os olhos do mundo inteiro à subjacente realidade Divina da existência. Que possa ocorrer em breve.

(3) Datas para lembrar – O dia de hoje na História Judaica, Domingo, 5 Setembro, 2021
28 Elul, Leis e Costumes – Selichot – A série de preces Selichot (súplicas) recitada em preparação para os “Dias de reverência” de Rosh Hashaná e Yom Kipur começa neste sábado à noite, após a meia-noite (segundo o costume ashkenazita; a comunidade sefaradita começa a 1º de Elul). Nos dias subseqüentes, o costume é recitar as Selichot nas primeiras horas da manhã, antes das preces matinais. Observâncias de Elul – Elul é tradicionalmente uma época de introspecção e inventário – um tempo para rever as próprias ações e o progresso espiritual no ano que passou, e de preparar-se para os “Dias de Reverência” de Rosh Hashaná e Yom Kipur. Sendo o mês do Perdão e da Misericórdia Divina, este é um tempo oportuno para teshuvá (retornar a D’us), prece e caridade na busca pelo auto-refinamento e para se aproximar mais de D’us. O mestre chassídico Rabi Shneur Zalman de Liadi compara Elul a um tempo em que “o rei está no campo” e, em contraste com o tempo em que ele está no palácio real, “todos que assim quiserem podem conhecê-lo, e ele recebe a todos com um semblante amigável e mostra a todos uma face sorridente.” Os costumes específicos de Elul incluem o toque diário do shofar (chifre de carneiro) como um chamado ao arrependimento. O Báal Shem Tov instituiu o costume de recitar três capítulos adicionais de Tehilim a cada dia, de 1º de Elul até Yom Kipur (em Yom Kipur os restantes 36 capítulos são recitados, completando assim o livro inteiro de Tehilim).

4) Segunda-feira, 6 Setembro, 29 Elul, Nascimento do Tsemach Tsedec (1789) O terceiro Rebe de Chabad, Rabi Menachem Mendel Schneersohn de Lubavitch (1789-1866) nasceu a 29 de Elul. Órfão de mãe aos 3 anos, foi criado pelo avô materno, Rabi Schneur Zalman de Liadi. Rabi Menachem Mendel assumiu a liderança de Chabad em 1827, por ocasião do falecimento de seu sogro e tio, Rabi Dovber de Lubavitch. Extremamente ativo nos assuntos comunitários estabeleceu e fundou colônias agrícolas judaicas que forneciam o sustento para milhares de famílias. Manteve-se também na frente de batalha contra o “Movimento do Iluminismo” que, com o apoio do regime czarista, procurava destruir a vida judaica tradicional – uma batalha que lhe granjeou nada menos que 22 (!) encarceramentos. No decorrer de sua vida, Rabi Menachem Mendel escreveu 48.000 páginas de ensinamentos chassídicos e exegese haláchica. É conhecido como o “Tsêmach Tsêdec” (“poço de integridade”) pela sua obra de responsa haláchica do mesmo nome.

5) Leis e Costumes – Selichot – Hoje não há Shofar – O shofar não é tocado no dia anterior a Rosh Hashanam para separar entre os toques de shofar do mês de Elul (que são um minhag, ou costume), e os toques de Rosh Hashaná, que são uma mitsvá biblicamente ordenada. Anulação de Votos = Após os serviços matinais, Hatarat Nedarim, a anulação de votos, é realizada (o texto para este procedimento é encontrado na maioria dos livros de orações). Visitar o Cemitério – É costume visitar os túmulos dos justos neste dia e rezar ali, pois o local de repouso de uma pessoa justa é um local oportuno para implorar ao Todo Poderoso. Véspera de Rosh Hashaná – Hoje é o último dia do ano judaico, um dia de preparação para Rosh Hashaná (Cabeça do Ano), que começa nesta noite. Selichot são recitadas antes das preces matinais. O shofar não é tocado na véspera de Rosh Hashaná, para separar entre os toques do shofar do mês de Elul (que são um minhag, ou “costume”) e os toques de Rosh Hashaná (que são uma mitsvá, um mandamento Divino). Após os serviços matinais, é feito Hatarat Nedarim, a anulação das promessas. Costuma-se rezar nos túmulos dos justos neste dia. Observâncias de Elul.

6) Terça-feira, 7 Setembro, 1 Tishrei, Adam e Eva são criados (3760 AEC) Em 1º de Tishrei – o sexto dia da Criação – “D’us disse: ‘Façamos o homem à Nossa imagem, à nossa semelhança; e que ele tenha domínio sobre os peixes do mar, as aves do ar, e sobre o rebanho, e sobre toda a terra…'” (Bereshit 1:26). “D’us formou o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o sopro da vida; e o homem se tornou uma alma vivente” (ibid. 2:7). “E D’us pegou o homem e colocou-o no Jardim do Éden, para cuidar dele e mantê-lo” (2:15). “E D’us disse: ‘Não é bom que o homem esteja sozinho; farei para ele uma companheira oposta a ele’… D’us fez o homem cair num profundo sono, e ele dormiu; e Ele tirou um dos seus lados, e fechou a carne no lugar. E D’us transformou o lado que Ele tinha tirado do homem em uma mulher, e a levou ao homem. E o homem disse: ‘Esta é agora osso dos meus ossos, carne da minha carne; ela será chamada Mulher, porque foi tirada do homem.’ Portanto, um homem deixa seu pai e sua mãe, e se apega à sua mulher; e eles se tornam uma só carne” (2:18-24). Primeiro Pecado e Arrependimento (3760 AEC) No mesmo dia em que foi criado, o homem cometeu o primeiro pecado da História, transgredindo o mandamento Divino de não comer da “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. Adam e Eva foram banidos do Jardim, e a humanidade ficou sujeita à morte, trabalho e confusão moral. Porém naquele dia o primeiro homem e a primeira mulher também se arrependeram do pecado, introduzindo o conceito e a oportunidade de teshuvá (“retorno’) na experiência humana.

7) A 3ª missão da pomba (2105 AEC) No 1º dia de Tishrei, no 307º dia do Dilúvio, Nôach despachou uma pomba da arca pela terceira vez. Quando a pomba não voltou, Nôach soube que as águas do Dilúvio tinham baixado completamente. Naquele dia, Nôach retirou o teto da arca; porém Nôach e sua família, e todos os animais, permaneceram na arca por mais 57 dias – até 27 de Cheshvan – quando a superfície da terra estava completamente seca e D’us ordenou a eles que deixassem a arca e se restabelecessem, para repovoar a terra. Sacrifício de Yitschac; morte de Sarah (1677 AEC) Supremo teste de fé para Avraham – a amarração de Yitschac em preparação ao sacrifício que D’us tinha ordenado – ocorreu em 1º de Tishrei do ano 2084 (1677 AEC), e é recordado em todo Rosh Hashaná com o toque do shofar (chifre de carneiro – um carneiro foi sacrificado no lugar de Yitschac quando um anjo revelou que a ordem de sacrificar Yitschac era apenas um teste Divino); a narrativa do evento na Torá é lida publicamente na sinagoga no 2º dia de Rosh Hashaná. No dia da amarração de Yitschac, sua mãe, Sarah, faleceu aos 127 anos, e foi enterrada na Gruta de Machpelá em Hebron.

8) Báal Shem Tov tem uma visão de Mashiach (1746) Numa carta ao seu cunhado, Rabi Gershon Kitover, o Báal Shem Tov relata: “EM Rosh Hashaná de 5507 eu fiz uma ‘subida da alma’ da maneira que você conhece… Subi nível após nível até que cheguei à câmara de Mashiach… E perguntei a Mashiach: “Quando o Mestre virá?” E ele respondeu: “Quando teus ensinamentos forem disseminados e revelados ao mundo, e teus mananciais brotarem…” (Keter Shem Tov 1:1). Daf Yomi (1923) “Daf Yomi”, regime de estudo diário do Talmud (no qual o participante estuda uma folha ao dia para completar todo o Talmud em sete anos), iniciado por Rabi Meir Shapiro de Lublin, foi lançado em Rosh Hashaná em 1923. Leis e Costumes = “Bom Ano Novo” – Na primeira noite de Rosh Hashaná, desejamos uns aos outros ”Leshana Tovah Tekatev Vitechatem” – “Que você seja inscrito e selado para um ano bom.” Maçã e mel

Na refeição da noite, comemos maçã mergulhada em mel, a cabeça de um peixe, romãs, tzimmes (cenouras doces) e outros alimentos que significam um ano doce e bem-sucedido.
Shofar – No decorrer da manhã e do serviço Mussaf, o shofar é tocado cem vezes, em varisa combinações de tekiah (um toque longo), shevarim (um trio de soluços interrompidos) e teruah (um stacatto de notas curtas), em cumprimento da mitsvá fundamental de Rosh Hashaná. O shofar serve para trombetear nossa coroação de D’us como Rei do Universo, como um chamado ao arrependimento e para evocar a lembrança da Amarração de Yitschac. Tashlich = Durante a tarde, o serviço de prece Tashlich, no qual pedimos a D’us para “jogar os nossos pecados nas profundezas do mar” é recitado à beira de um corpo de água (mar, rio, lago, etc.) contendo peixes. Dez Dias de Arrependimento = O período de dez dias começando em Rosh Hashaná e terminando em Yom Kipur é conhecido como “Os Dez Dias de Arrependimento”; este é o período, dizem os sábios do Talmud, sobre o qual o profeta fala quando proclama (Yeshayáhu 55:6): “Busca a D’us quando Ele deve ser encontrado; chama-O quando Ele está próximo.” O Salmo 130, Avinu Malkeinu e outras inserções e adições especiais são incluídas em nossas preces diárias durante estes dias.

9) Quarta-feira, 8 Setembro, 2 Tishrei, Rosh Hashaná, Leitura da Torá – Rosh Hashaná 2: Genesis 22:1-24, Rosh Hashaná 2: Números 29:1-6, 2º dia de Rosh Hashaná: Yirmiyáhu 31:1-19. Leis e Costumes – Shehecheyanu (Novos frutos) Ao acender velas e fazer kidush na véspera do 2º dia de Rosh Hashaná, uma “nova fruta” (i.e., uma que não tenha ainda sido comida nesta estação) é colocada sobre a mesa; a fruta é então comida após o kidush. Isso é para nos deixar aptos a fazer a bênção Shehecheyanu, louvando a D’us por “nos conceder a vida, nos sustentar e nos trazer a esta estação” (como os dois dias de Rosh Hashaná são considerados como “um longo dia”, a bênção Shehecheyanu, recitada nas festas pelas mulheres quando acendem as velas e pelos homens no kidush, exige uma fonte adicional de júbilo).

Shofar – Como fizemos ontem no 1º dia de Rosh Hashaná, novamente tocamos o shofar cem vezes, em várias combinações de tekiah (um toque longo), shevarim, (três soluços interrompidos) e teruah (um stacato de notas breves), em cumprimento da mitsvá fundamental de Rosh Hashaná. O shofar serve para anunciar nossa coroação de D’us como Rei do Universo, como um chamado ao arrependimento e para evocar a lembrança do sacrifício de Yitschac. Como já fizemos a bênção Shehecheyanu no toque do shofar de ontem, aquele que toca o shofar deve vestir uma roupa nova. Dez Dias de Arrependimento.

10) Quinta-feira, 9 Setembro, 3 Tishrei, Assassinato de Guedalyá (423 AEC) 3 de Tishrei é dia de jejum pranteando o assassinato de Guedalyá ben Achikan, governador da Terra de Israel por um breve período após a destruição do Primeiro Templo. O assassinato de Guedalyá significou o fim da pequena comunidade judaica remanescente na Terra Santa após a destruição, que fugiu para o Egito. (seu assassinato na verdade ocorreu a 2 de Tishrei, mas a comemoração do evento é adiada para o dia seguinte, devido à celebração de Rosh Hashaná).
Leis e Costumes – Jejum de Guedalyá – Lamentando o assassinato de Guedalyá, abstemo-nos de comida e bebida da alvorada ao cair da noite; preces selichot são incluídas na prece matinal. Dez Dias de Arrependimento. Sexta-feira, 10 Setembro, 4 Tishrei, Leis e Costumes – Dez Dias de Arrependimento. Acendimento das velas de Shabat 20 minutos antes do por do sol, PetrópolisRJ, 17:25 h; Termino de Shabat, sábado 05 de Tishrei, 11 de Setembro as 18:19h. Leis e Costumes – Observâncias de Elul.

11) Sabado, 11 de Setembro, 05 de Tishrei, Leis e Costumes: Leitura da Torá – Perashá Vayêlech (Devarim/Deuteronômio 31:1-30); Leitura dos Profetas – Oséias 14: 2-10; Miquéias 7:18. Oséias 14: 2. Volta, ó Israel, ao Senhor teu D’us, para você ter tropeçado na sua iniqüidade. 10. Quem é sábio e vai entender isso, perspicaz e vai conhecê-los, porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, e os rebeldes tropeçarão neles. Miquéias 7:18- 20. 18. Quem é D-us semelhante a ti, que perdoa a iniqüidade e passa sobre a transgressão do resto da tua herança? Ele não mantém Sua ira para sempre, porque Ele deseja bondade. 19. Ele voltará e concede-nos compaixão; Ele deve esconder as nossas iniqüidades, e Você deverá lançar nas profundezas do mar todos os seus pecados. 20. Você deve dar a verdade de Jacob, a bondade de Abraão, que Você jurou aos nossos antepassados desde os dias da antiguidade.

(12) Para Contemplar – “Biologia Ao Contrário”, Adaptado por Rabino Yanki Tauber, de uma palestra do Rabino Menachem Mendel Schneerson, Z”L – Uma pessoa consiste de um corpo e uma alma – um invólucro físico de carne, sangue, tendões e ossos, habitado e vitalizado por uma força espiritual descrita pelos mestres chassídicos como “literalmente uma parte do D’us acima”. A sabedoria comum acredita que o espírito é mais elevado que a matéria, e a alma, mais sagrada (i.e., mais próxima do Divino) que o corpo. Este conceito parece ter sua origem no fato de que em Yom Kipur, o dia mais sagrado do ano quando atingimos o auge da intimidade com D’us, seja ordenado pela Torá como dia de jejum, no qual aparentemente abandonamos o corpo e suas necessidades para nos devotar exclusivamente às atividades espirituais de arrependimento e prece. Na verdade, no entanto, um dia de jejum faz aflorar um relacionamento mais profundo com o corpo.

Quando uma pessoa se alimenta, é nutrido pela comida que ingere. Num dia de jejum, a vitalidade vem do próprio corpo, da energia armazenada em suas células. Em outras palavras, em dias menos sagrados, é uma força externa (a energia do alimento) que mantém o corpo e alma juntos; em Yom Kipur, a união do corpo e alma deriva do próprio corpo. Yom Kipur, assim, oferece um sabor do supremo estado da criação, conhecido como o “Mundo Vindouro”. O Talmud nos diz que “no Mundo Vindouro, não é preciso comer nem beber” – uma declaração que às vezes é entendida como implicado que em seu estado mais perfeito, a criação é totalmente espiritual, sem corpos e todas as coisas físicas. O ensinamento cabalista e chassídico, no entanto, descreve o Mundo Vindouro como um mundo no qual a dimensão física da existência não é anulada, mas preservada e elevada. O fato de não haver “comida e bebida” no Mundo Vindouro não se deve a uma ausência de corpos e vida física, mas ao fato de que neste mundo futuro, “a alma será nutrida pelo próprio corpo”, e a simbiose de matéria e espírito que é o homem não exigirá quaisquer fontes externas de nutrição para sustentá-lo.

(13) Tanto o físico como o espiritual são criações de D’us. Ambos foram criados por Ele a partir do nada total, e cada qual tem a marca de seu Criador nas qualidades específicas que o definem. O espiritual, com sua transcendência de tempo e espaço, reflete a infinitude e sublimidade de D’us. O espiritual é também naturalmente submisso, prontamente reconhecendo sua subserviência a uma verdade mais elevada. São estas as qualidades que fazem o “sagrado” espiritual e um veículo de relacionamento com D’us. O físico, por outro lado, é tactual, egocêntrico e imanente – qualidades que o classificam de “mundano”, que o marcam como uma ofuscação, em vez de uma revelação, da verdade Divina. Pois o inequívoco “Eu sou” do físico desmente a verdade que “não há ninguém mais além d’Ele” – de que D’us é a única fonte e fim de toda a existência.

Em última análise, porém, tudo vem de D’us; todo aspecto de Sua criação tem sua fonte n’Ele e serve para revelar Sua verdade. Portanto, num nível mais profundo, as qualidades que tornam o físico “profano” são as qualidades que o fazem mais Divino. Pois o que é o “Eu sou” do físico, se não um eco do inequívoco ser de D’us? O que é a tactilidade do físico se não uma intimação do absolutismo de Sua realidade? O que é a “abnegação” do físico se não uma demonstração da exclusividade de “Não há ninguém mais além d’Ele”? Atualmente, o mundo físico nos mostra apenas sua face mais superficial, na qual as características Divinas estampadas nela são corrompidas como uma ocultação da Divindade. Atualmente, quando o objeto físico nos transmite “Eu sou”, não transmite a realidade de D’us, mas uma existência independente que desafia a Divina verdade.

(14) Porém no Mundo Vindouro, o produto do trabalho de uma centena de gerações para santificar o mundo material rumo a um fim Divino, a verdadeira face do físico, virá à luz. No Mundo Vindouro, o físico, em muitos respeitos, superará o espiritual como transmissor da Divindade. Pois enquanto o espiritual expressa várias características Divinas, o físico expressa o ser de D’us. Hoje em dia, o corpo deve olhar para a alma como seu guia moral, como sua fonte de consciência e avaliação de tudo que é Divino. Mas no Mundo Vindouro, “a alma será nutrida pelo corpo”. O corpo físico será uma fonte de identificação mais elevada que a própria visão espiritual da alma. Yom Kipur é um sabor do mundo futuro de biologia ao contrário. Assim, é um dia no qual somos “sustentados pela fome”, derivando nosso sustento do próprio corpo. No mais sagrado dos dias, o corpo torna-se uma fonte de vida e nutrição, em vez de seu recipiente.

TENHA A SEMANA QUE VEM MUITO BOM, SAUDÁVEL E PRÓSPERO! SHABAT SHALOM !
Coordenador: Saul S. Gefter – 04 de Tishrei de 5782-10 de setembro de 2021

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