OS COHANIM (5779)- Estudo para 22 de fevereiro de 2019 – 17 de Adar I de 5779

I. Introdução – Cohen, Levi e Yisrael – Surgimento e significado desta classificação:
Pergunta – Gostaria de saber mais detalhes sobre as três categorias em que se divide o povo judeu: Cohen, Levi e Yisrael: como se originaram, o que eram e o que são exatamente, como posso identificar a que categoria pertenço, se elas ainda têm importância no mundo atual e em Israel? … judaísmo sustenta que cada grupo possui características e funções únicas e diferentes; um povo não é uma máquina de xerox. Porém, todos estão ligados, e isto torna o povo de Israel único e completo. Todos são parte de um todo, e o todo possui de tudo.

D’us escolheu uma tribo para dedicar-se somente a Ele, que estivesse envolvida em seu ofício e essência ao Serviço Divino. Assim, a tribo de Levi (que inclui Cohanim e Leviim) foi escolhida a dedicar-se a santidade no Tabernáculo, no Templo Sagrado, e brevemente, com a ajuda de D’us, no Terceiro Templo Sagrado. Isto não significa que o restante do povo não participasse do trabalho no Templo. A tribo de Levi era representante de todo o povo perante D’us. Esta tribo, por sua vez, não possuía um território na Terra de Israel para adquirir seu próprio sustento. Viviam das oferendas e dízimos trazidos pelo povo ao Templo. De dentro da tribo de Levi, D’us destacou os Cohanim, para executarem as tarefas mais centrais no Templo, como os sacrifícios.

Os Cohanim e Leviim deveriam estar sempre puros e elevados para trabalhar no Templo. Os Cohanim, por sua vez, possuem mais leis que preservam seu degrau de pureza, afinal, seu serviço é mais elevado. Atualmente, quando não possuímos ainda o Templo Sagrado, os Cohanim e Leviim exercem ofícios como qualquer outra pessoa do povo. Porém, várias leis ainda estão vigentes, que preservam a santidade e o respeito por eles: Cohanim e Leviim tem precedência para subir na Torá, respectivamente; os Cohanim devem evitar entrar em cemitérios, pois há impureza por lá, entre várias outras leis. [1]

II. … Quem foram os Cohanim? Um ”Cohen” é um descendente de Aarão, da tribo de Levi. Portanto, todo Cohen também é um levita, mas os demais descendentes de Levi que não são da família de Aarão não são Cohanim (plural de Cohen). Hoje em dia, os Cohanim têm a honra de serem chamados para a leitura da Torá em primeiro lugar dentro do serviço religioso realizado na sinagoga. … Cohen ou Kohen (em hebraico כהן, sacerdote, pl. כהנים kohanim) é o nome dado aos sacerdotes na Torá, cujo líder era o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote de Israel),[carece de fontes] sendo que todos deveriam ser descendentes de Aarão. Hoje, dentro do judaísmo, Cohen é uma classe de pessoas que possuem a tradição e reconhecimento da comunidade judaica, de que sejam descendentes da casta sacerdotal.

Realizam alguns serviços especiais nas sinagogas, e devem obedecer certos preceitos para garantir que estejam aptos a exercerem novamente o sacerdócio quando ocorrer a reconstrução do Templo de Jerusalém. Segundo as escrituras, e profecia de Ezequiel, somente os Cohen da semente de Zadoque serão selecionados para o ministério sacerdotal.
Os estudiosos partiram da hipótese de que se todos os cohanim da atualidade descendem de Aarão, devem ter marcadores genéticos ou alotipos comuns. As pesquisa encontraram um marcador particular (YAP) detectado em 45% dos Cohanim. Sucessivamente a seleção dos marcadores do cromossomo Y foi ampliada e foram encontrados seis marcadores específicos em 97 dos 106 cohanim testados.

Esse conjunto de marcadores chama-se “Cohen Modal Haplotype” (CMH) foi encontrada entre ashkenazim como sefaradim, e serve como meio de definição atualmente da linhagem sacerdotal. Entre não judeus, a sequência praticamente inexiste, sendo encontrado com incidências de 14% entre Yemitas e ~7% entre Jordanianos. Em 2009, foram publicados novos artigos que informam a descoberta de uma assinatura genética nos Cohen do Haplogroup J2, que apontam um tempo de ancestralidade ligado a Zadoque, o sumo sacerdote que ungiu o Rei Davi. [2]

II. Yom Kipur e o Serviço do Cohen Gadol – Yom Kipur, o 10o dia do mês hebraico de Tishrei, é o Dia do Perdão. Quando o Templo Sagrado de Jerusalém estava de pé, o ponto central desse dia era o serviço lá realizado pelo Cohen Gadol, o Sumo Sacerdote. Somente no dia mais sagrado do ano, o Cohen Gadol, que era o homem mais santo de todo Israel, tinha a permissão de entrar no Kodesh HaKodashim – o local mais santificado dentro do Templo, onde D’us explicitamente revelava Sua Presença. Apenas em Yom Kipur o Cohen Gadol era requisitado a realizar praticamente o serviço inteiro no Templo, a Avodá, que ajudava o Povo Judeu a obter perdão por seus pecados no ano que transcorrera. As restrições que têm que ser cumpridas nesse dia sagrado – a proibição de comer, beber, banhar-se, untar-se, usar calçados de couro e ter relações conjugais – combinadas com a Avodá executada pelo Cohen Gadol, visavam suavizar os pecados de cada indivíduo e tornar D’us mais receptivo ao seu arrependimento.

Quem era o Cohen Gadol? E por que Yom Kipur girava em torno dos serviços que ele realizava no Templo Sagrado? A Torá nos conta que D’us escolheu Aharon, irmão de Moshé, e seus descendentes do sexo masculino, para serem Seus Sacerdotes e servir em Seu Santuário. Aharon e seus filhos, os Cohanim, foram “separados pelo D’us de Israel da congregação de Israel, para vos fazer chegar a Ele”, para servir como sacerdotes e líderes espirituais, “ensinando Tuas leis a Yaacov e Tua Torá a Israel; porão incenso de especiarias diante de Ti e oferendas de elevação sobre o Teu altar” (Números, 16:9; Deuteronômio, 33:10). D’us nomeou os Cohanim para o desempenho de um cargo que exigia que vivessem em um nível mais elevado de santidade do que o restante do Povo Judeu. Entre os Cohanim havia o Cohen Gadol, Sumo Sacerdote, que ocupava a posição suprema de santidade. O primeiro Cohen Gadol foi o próprio patriarca dos Cohanim, Aharon, a quem D’us indicou para o cargo e que, juntamente com seus filhos, serviu no Tabernáculo – o Templo portátil construído pelo Povo Judeu enquanto esteve no deserto em sua longa jornada a caminho da Terra de Israel.

O serviço de Yom Kipur no Templo, a Avodá, tinha tamanha importância que até hoje continua fazendo parte da liturgia recitada em todas as congregações judaicas do mundo, nesse dia mais sagrado do ano. Recitamos a ordem da Avodá durante a oração de Mussaf para que – como ensinava o profeta Hoshea – a expressão de nossos lábios compense a ausência dos serviços que eram conduzidos no Templo de Jerusalém. Através da prece sincera e da recitação da Avodá, tentamos replicar em espírito aquilo que o Cohen Gadol conseguia através da realização de seu serviço. Pois, apesar da não existência do Templo Sagrado em nossos dias, em Yom Kipur todos os judeus, mesmo aqueles que não são Cohanim, são obrigados a agir como o fazia o Cohen Gadol, realizando o seu serviço espiritual que se compare aos rituais que se realizavam no Tabernáculo e no Templo Sagrado de Jerusalém, o Beit HaMikdash. Quando o Templo foi destruído, perdemos apenas seu arcabouço físico. O Templo espiritual continua a existir dentro da alma de cada um de nós, judeus, e aí continuará eternamente. O edifício espiritual interior de um judeu não pode ser destruído – jamais e por ninguém.

Sacrifícios e Incenso – No Templo Sagrado, realizavam-se sacrifícios com animais diariamente, sem exceção. Em Yom Kipur, seu significado e efeito espiritual eram muito aumentados, pois era o próprio Cohen Gadol quem os oferecia, servindo, assim, como emissário de todo o Povo Judeu. Além dos sacrifícios de animais no pátio do Templo, o Sumo Sacerdote ofertava incenso no interior do Santuário. A oferenda de incenso era o ponto culminante do dia: o Cohen Gadol realizava este serviço no local mais Sagrado dos Sagrados, no interior do Templo, onde somente ele podia entrar, e apenas no dia de Kipur, exclusivamente para realizar essa oferenda. … O Zohar, obra fundamental da Cabalá que ensina a faceta mística da Torá e de seus mandamentos, revela que as oferendas de incenso feitas duas vezes ao dia tinham também o propósito de destruir a impureza do yetzer hará – a “inclinação para o mal” que leva o homem ao pecado.

Um dia diferente dos demais – Como já vimos acima, a oferenda do incenso era o ponto alto da celebração de Yom Kipur, enquanto que a entrada do Sumo Sacerdote no Sagrado dos Sagrados era o clímax espiritual do dia. Em Yom Kipur, era uma grave transgressão omitir na mistura do Ketoret a erva que produzia fumaça, conhecida como Maalê Ashan. Ainda que tal planta entrasse na composição do incenso ofertado diariamente, omiti-la nos demais dias não era tão grave. Outra diferença interessante: durante 364 dias do ano, o incenso era ofertado no Altar de Ouro na câmara contígua ao Santuário, mas em Yom Kipur era levado diretamente ao Kodesh HaKodashim, o Santíssimo, o local mais sagrado de todo o Templo, que apenas continha a Arca Sagrada com as tábuas dos Dez Mandamentos. O Talmud ensina que D’us sequer permitia que um anjo permanecesse dentro do Sagrado dos Sagrados enquanto o Cohen Gadol fazia a oferenda do incenso, tamanha a santidade do momento. …

Evocando um ano de bênçãos – O judeu que no Yom Kipur verdadeiramente derrama seu coração perante D’us, consegue se remeter ao Cohen Gadol quando este oferecia o incenso no Santíssimo. Esse é o momento quando pode ocorrer uma transformação espiritual – quando a pessoa recebe a oportunidade de iniciar um novo capítulo em sua vida e de transformar a escuridão que nela reside em luz.

Quando um judeu retorna a seu Pai Celestial com amor e não apenas com preces nos lábios, mas com o mais íntimo de seu coração, suas palavras causam uma forte impressão nas Alturas Celestiais; e se essa pessoa se arrepende porque dentro dela sente queimar o seu amor pelo Divino Criador, seus pecados passados são transformados em méritos. Nos dias em que existia o Templo Sagrado, quando o Cohen Gadol terminava seu longo e sagrado serviço de Yom Kipur, ele oferecia uma oração curta, que evocava um ano bom e abençoado para ele próprio, sua tribo e para todos os judeus, mundo afora, tanto material quanto espiritualmente.

Isto, também, deve ser parte do serviço de cada um de nós, judeus, no Dia do Perdão. Nós, também, através de nosso jejum e nosso arrependimento, e através de nossas orações do mais profundo de nosso ser, devemos procurar evocar as bênçãos de D’us não apenas sobre nossos entes queridos e sobre nós mesmos – mas sobre todos os judeus e sobre toda a humanidade. Em Yom Kipur, cada um de nós, judeus, é um Cohen Gadol ofertando incenso no Kodesh HaKodashim, o local onde nem mesmo os anjos entravam. É o dia em que o judeu se defronta com D’us e, assim sendo, tem o poder de fazer despertar grande compaixão Divina – sobre todo o Povo Judeu e mesmo sobre todo o mundo – para que o ano seja bom e doce, espiritual e materialmente. Que neste Yom Kipur possamos todos ser inscritos para um ano bom e doce e que este ano inclua a maior das bênçãos – a chegada do dia em que o terceiro Templo Sagrado será reconstruído e os Cohanim, liderados pelo Cohen Gadol, retomarão seu serviço no Santuário. [3]

III. Judeus Negros – Uma parte da nossa Ancestralidade – Cultne entrevistou o jovem Rashdton Chelomo Dias Aleixo, um descendente de judeus negros que chegaram ao Brasil no período da escravidão. Ele fala sobre a ascenstralidade e suas origens. Na África há dois povos muito antigos que atualmente foram reconhecidos como judeus: os Falashas e os Lembas. Um teste de DNA feito em 1999 pelo geneticista inglês David Goldstein, da Universidade de Oxford, descobriu que uma tribo de negros do norte da África do Sul tem ascendência judaica. Estamos falando dos Lembas que fazem circuncisão, casam-se apenas entre si, guardam um dia por semana para orações(o shabat) e não comem carne de porco nem carne de hipopótamo, considerado parente do porco. Geneticamente, os Lembas são parentes dos Cohanim, que junto com os Levi e os Israel formam um dos grupos em que se divide o povo judeu, Os cientistas afirmaram que o ancestral comum dos Lemba e dos Cohanim viveu entre 2.600 e 3,100 anos atrás.

O período coincide com a existência de Aarão, irmão de Moisés, de quem os Cohanim descendem. Provavelmente, seria o pai também dos negros lemba. Os falashas são assim chamados pejorativamente, cujo significado é estrangeiro. Mas, também são chamados Bet-Israel. Na Etiópia formavam uma comunidade atrasada e fechada, que preservava usos e costumes milenares, dizendo-se descendentes da tribo perdida de Dan, fundada por Menelik, filho do rei Salomão com a rainha de Sabá.

Em 1947, eles foram reconhecidos pelos rabinos de Israel. Eles mantinham as rígidas leis da Toráh (Pentateuco). Viam na Etiópia até a grande seca de 1985 quando, para salvar-lhes a vida, Israel montou a “Operação Moisés” para tirá-los, secretamente, via aérea, da África e levá-los até o Estado de Israel. No dia 21 de novembro de 1984 começou esta operação. A comunidade de judeus negros da Etiópia já chegou a 80.000 pessoas, mas o governo africano ainda retém 26.000 judeus em seu território.

Ao chegarem em Israel estavam desnutridos e famintos. Israel é o único país no mundo que retirou negros da África para lhes dar qualidade de vida, estudo, trabalho. …

Por quase 3.000 anos, os judeus negros da Etiópia, conhecidos como falashas e que se auto-denominam Beta Israel mantiveram sua fé e identidade lutando contra a fome, a seca e as guerras tribais. Acredita-se que eles faziam parte de uma das dez tribos perdidas, seus ancestrais remontando ao rei Salomão e à rainha de Sheba (Sabá). Em maio de 1991, os falashas protagonizaram um êxodo milagroso. Com a Etiópia envolvida em profunda e brutal guerra civil, 14.200 membros dessa comunidade foram transportados de avião para Jerusalém pelas Forças de Defesa de Israel. A operação durou 25 horas.

O herói que idealizou e organizou o incrível resgate foi o então embaixador de Israel na Etiópia, Asher Naim. A epopéia foi narrada no livro Saving the lost tribe, lançado este ano, no qual Naim relata com humor e conhecimento de causa a ação que se tornou conhecida como Operação Salomão.(morasha.com.br). [4]

Fonte(s): [1] http://www.chabad.org.br/interativo/FAQ/coleyis.html
[2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Cohen: https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120307174932AAxwiQh&guccounter=1
[3] Morasha – Edição 65 – Setembro de 2009: http://www.morasha.com.br/yom-kipur/yom-kipur-e-o-servico-do-cohen-gadol.html [3] https://jornalggn.com.br/brasilianas-org/judeus-negros-uma-parte-da-nossa-ancestralidade/ 20/02/2011
[4] https://jornalggn.com.br/brasilianas-org/judeus-negros-uma-parte-da-nossa-ancestralidade/ 20/02/2011

Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 17 de Adar I de 5779 – 22 de Fevereiro de 2019

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