ISAAC, NOSSO PATRIARCA (5778) – Estudo de 29 de junho de 2018 – 16 de Tamuz de 5778

I. Introdução – Isaac ou Isaque (Hebraico: יִצְחָק, Moderno: Yitsẖak, “ele vai rir”;) assim como descrito na Bíblia Hebraica, foi o único filho de Abraão com sua esposa Sara e foi o pai de Esaú e Jacó. Isaac foi um dos três patriarcas israelitas. Segundo o Livro de Gênesis, Abraão tinha 100 anos quando Isaac nasceu e Sara já havia cessado o período fértil. Isaac foi o único patriarca bíblico cujo nome não foi mudado e também o único que não deixou Canaã. Comparado com Abraão e Jacó, a história de Isaac relata poucos incidentes em sua vida. Morreu quando tinha 180 anos, tornando-se o patriarca de vida mais longa.

Etimologia- O nome Isaac é uma transliteração do termo hebraico Yiṣḥāq que significa literalmente “Ele ri/vai rir.” Textos ugaríticos que datam do século 13 a.C.E. referem-se ao sorriso benevolente da divindade cananéia El. Gênesis, no entanto, atribui o riso aos pais de Isaac, Abraão e Sara, ao invés de El. De acordo com a narrativa bíblica, Abraão caiu sobre seu rosto e riu quando Elohim comunicou a notícia do eventual nascimento de seu filho. Riu porque Sara havia passado da idade de ter filhos; tanto ela como Abraão eram velhos e adiantados em idade. Mais tarde, quando Sara ouviu três mensageiros do Senhor renovar a promessa, riu-se consigo pela mesma razão. Sara, entretanto, negou que o tivesse feito quando Elohim questionou Abraão sobre isso. O nome Isaac é mencionado 80 vezes em Gênesis.

Foi profetizado ao patriarca Abraão que ele teria um filho e que seu nome seria Isaac. Abraão era da idade de 100 anos, quando seu filho nasceu com sua primeira esposa Sara.[8] Embora fosse o segundo filho de Abraão, foi primeiro e único filho de Sara. Pertencendo à casa de Abraão, Isaac foi circuncidado, no oitavo dia de seu nascimento, a fim de estar em conformidade com aliança do Senhor. No dia em que Isaac foi desmamado, Sara viu Ismael zombando e pediu ao marido que banisse Agar e Ismael para que Isaac fosse seu único herdeiro. Abraão estava hesitando, mas a ordem de D-us ouviu o pedido de sua esposa.

De acordo com o relato bíblico em Gênesis, Sarah concebeu Isaac aos 90 anos e morreu aos 127 anos, pouco antes de Abraão chegar com Isaac da viagem para oferece-lo em sacrifício, desse modo, Isaac possuía 37 anos de idade quando foi levado em sacrifício [carece de fontes], seu pai Abraão o levou ao monte Moriá. Pela palavra de D-us, Abraão edificou um altar e ofereceu seu filho como sacrifício. Não obstante, amarrou Isaac no altar e sacou uma faca para matá-lo, no último momento, um anjo de D-us impediu Abraão.

Em vez disso, ele foi guiado até um carneiro mais próximo para sacrifica-lo no lugar de seu filho. Este episódio serviu como um teste de fé e obediência de Abraão em D-us e não como um sacrifício real.

O Livro de Jasher, um apócrifo que relata de forma paralela o Pentateuco e que tem sua existência sitada em Josué 10:13 e II Samuel 1:18 relata com mais detalhes o sacrifício de Isaac. No capítulo 22 lemos que Ismael, irmão de Isaac, estava se vangloriando pela circuncisão que havia realizado a pedido de D-us, Isaac respondeu, dizendo: Por que tu se gabar sobre isso, sobre um pouco de tua carne que tu tirar de teu corpo, sobre o que o Senhor ordenou a ti? Como vive o Senhor, o D-us de meu pai Abraão, o Senhor deveria dizer ao meu pai, toma teu filho Isaac e trazê-lo até uma oferta antes de mim, eu não iria abster-se, mas eu ia com alegria a ele aderir. E o Senhor ouviu a palavra que falou Isaac a Ismael, e parecia bom aos olhos do Senhor, e ele pensou para tentar Abraão nesta matéria, e o dia chegou quando os filhos de D-us veio e colocou-se perante o Senhor, e Satanás também veio com os filhos de D-us diante do Senhor e propôs ao Senhor que ele provasse Abraão, com o argumento de que há 37 anos, desde que Isaac havia nascido, Abraão não oferecia sacrifício a D-us e havia se esquecido Dele.

O livro relata ainda que Ismael ficou feliz pelo sacrifício de Isaac, já que imaginou que ficaria com toda a herança de Abraão, Satanás por sua vez tenta Isaac e Abraão no caminho do sacrifício, mas é repreendido por Abraão, após Satanás ver que seus planos não deram certo, ele se dirige a casa de Abraão na forma de um velho e diz a Sarah que Abraão havia oferecido Isaac em sacrifício, Sarah fica extremamente feliz por eles terem cumprido a palavra de D-us, mas fica também extremamente triste por perder seu filho e diz: “ó meu filho, Isaac, meu filho, O que eu tinha morrido nesse dia, em vez de ti.”. Algum tempo depois Satanás retorna a Sarah e desmente a morte de Isaac, nesse momento Sarah é tomada de uma alegria tão grande que sua alma sai de seu corpo e ela morre.

Vida em família – Quando Isaac era da idade de 40 anos, Abraão enviou Eliezer, seu servo, até a família de seu sobrinho Betuel na Mesopotâmia (Iraque nos tempos modernos) para encontrar uma esposa para Isaac. Eliezer escolheu Rebeca. Após muitos anos de casamento, Rebeca ainda não tinha dado à luz e acreditava-se ser estéril. Isaac orou por ela incessantemente e ela concebeu. Rebeca deu à luz a gêmeos, Esaú e Jacó. Isaac tinha 60 anos de idade, quando seus dois filhos nasceram. Isaac favorecia Esaú e Rebeca favorecia Jacó.

Ocupação – Com 75 anos de idade, Isaac mudou-se para Beer-lahai-roi após a morte de seu pai. Devido a fome no local, retirou-se para o território dos filisteus de Gerar, onde seu pai viveu anteriormente. Esta terra ainda estava sob o controle do Rei Abimeleque, como foi nos dias de Abraão. Isaac como seu pai, também enganou Abimeleque sobre sua esposa afirmando que ela era sua irmã. Voltou a todos os poços que seu pai cavou e viu que todos estavam entulhados e tapados com terra. Os filisteus fizeram isso depois que Abraão morreu. Tão logo, Isaac desenterrou e cavou mais poços até Bersebá, onde fez um pacto com Abimeleque, assim como nos dias de seu pai.

Primogenitura – Isaac envelheceu e ficou cego. Chamou seu filho Esaú para ele apanhar alguma caça, a fim de receber a bênção de Isaac. Enquanto Esaú estava caçando, Jacó, depois de ouvir o conselho de sua mãe, enganou seu pai cego propositadamente passando-se por Esaú e, assim, obteve a bênção de seu pai, de tal forma que Jacó tornou-se herdeiro principal de Isaac e Esaú foi deixado numa posição inferior. Isaac enviou Jacó na Mesopotâmia para escolher uma mulher de sua própria família. Depois de 20 anos trabalhando para Labão, Jacó voltou para casa, e reconciliou-se com seu irmão gêmeo, posteriormente ele e Esaú enterram seu pai quando ele morreu com 180 anos de idade. [1]

II. Através de Esforço – Talvez não haja figura mais enigmática em toda a Torá que nosso antepassado Yitschac. Além da Porção desta semana, quase nada aprendemos sobre o homem, seu tempo, e o que fez durante sua vida. Em vez disso, somos levados a crer que após o clímax do seu feito de esticar o pescoço para receber o golpe da lâmina do pai, esta pessoa elevada retira-se a uma vida pacífica, cavando poços. Igualmente frustrante é o papel aparentemente passivo e sem destaque que ele desempenhou nos episódios em que aparece. É levado por seu pai para ser sacrificado a D’us; o servente de Avraham (Abraão), Eliezer, é enviado para encontrar-lhe uma esposa; sua mulher o pressiona para que envie Yaacov para encontrar uma esposa; seu filho Yaacov o manipula para receber suas bênçãos. Por que Yitschac parece ser movido como uma marionete, simples argila nas mãos daqueles que o rodeiam? Que lições podemos tirar do comportamento aparentemente fora do comum do segundo grande Patriarca de nosso povo?

Nossos Sábios ensinam que os Patriarcas eram muito mais que progenitores biológicos da nação judaica. Cada um agia como “guardião dos portões”, que destrancavam os portais celestiais, permitindo-nos estabelecer um relacionamento com D’us em maneiras singularmente únicas. Pela sua incorporação dos mesmos atributos com os quais D’us age conosco, ao espelhar Suas maneiras, eles foram capazes de elevar sua constituição genética, legando aos descendentes as qualidades Divinas que foram suas conquistas durante a vida. Avraham personifica a qualidade de Chessed, bondade, de D’us. Cada ação, cada pensamento, cada palavra que falou estava repleta de amor e preocupação pela humanidade. Yitschac é a personificação do Divino atributo de gvurá, força.

Em Pirkei Avot, Ética dos Pais, nossos rabis nos ensinam: “Quem é forte? Aquele que domina suas paixões.” força não é medida por aquilo que você faz, mas por aquilo que não faz. Auto-controle, disciplina, organização são as ferramentas do forte, daquele que não pode ser levado por emoções fugazes e pelos caprichos do instinto. A lógica ditaria que esta qualidade deveria estar presente em todos os relacionamentos de Yitschac. Certamente ninguém questionaria que foi necessária uma força imensurável para calmamente se oferecer no altar, mas e quanto ao resto de sua vida? Onde mais vemos esta atitude se destacar?

A Criação é uma manifestação da bondade de D’us. Ele não tem necessidade pessoal de trazer-nos à vida. D’us é a essência da perfeição, a própria antítese do conceito de “necessidade”. Suas intenções eram apenas que Ele desejava nos conceder o maior de todos os prêmios, o dom da eternidade que vem apenas de nos conectarmos a Ele através de Seus mandamentos. Entretanto, há um ligeiro problema, por assim dizer, com Seu amor transbordante.

O desejo de dar é tão forte que se não fosse controlado, D’us derramaria Sua Divina luz em quantidades tais que mesmo o propósito da Criação seria abolido. Ao invés de dar aos seres humanos a oportunidade de atingir a perfeição, de batalhar e de aprender a lutar por si mesmo, Ele teria nos concedido a recompensa sem que precisássemos levantar um dedo. Embora pareça tentador viver uma vida de tranqüilidade, sem desafios ou obstáculos para superar, bem sabemos que isto não seria verdadeiramente satisfatório. Nos sentiríamos roubados de nossa dignidade, se nos fosse negada a chance de conseguir algo por nós mesmos. Por isso, foi necessário para D’us se restringir, ou seja, refrear Seu amor abundante, dando-nos a chance de “conseguir através de esforço”. Isso de modo algum diminui o amor, pelo contrário, aumenta-o, tornando-o mais real. Isso é similar ao modo como os pais se sentem quando observam os filhos lutando contra a adversidade.

Como desejamos aparar os golpes para eles, protegê-los da humilhação e da dor da derrota. Mesmo assim, sabemos que fazê-lo destruiria seu próprio ego, seus sentimentos de competência e segurança interior. Esta é a aplicação dos atributos de bondade e força de D’us. Sua bondade deseja derramar sobre nós o maior bem imaginável. O atributo da força, restrição, impede que Sua bondade nos sobrepuje, nos sufoque. Poderíamos dizer que é a qualidade de força que possibilita que o atributo da bondade se torne significativo e eficaz, dando-nos o espaço necessário para criar nossa própria eternidade.

Yitschac personifica a força. É sua missão facilitar a bondade de Avraham. Como pode fazer isso? Ele “sai” do contexto; retrai-se e permite que a memória e o legado de seu pai sejam perpetuados. Poderia ter criado seus próprios seguidores, ter uma “plataforma de partido” de acordo com sua vontade, mesmo assim escolheu a negação de sua identidade para que o mundo recebesse uma dose adicional da bondade de Avraham. Nossos Sábios nos dizem que Yitschac era uma cópia exata do pai. Não é uma coincidência. Era seu trabalho ser seu pai.

Qual a diferença entre um poço e uma fonte? Um poço retira a água de uma reserva específica e contém uma quantidade finita de água. Por outro lado, uma fonte é viva, tem vitalidade própria. Yitschac cavava poços, mas não simplesmente poços, abria os poços que seu pai havia cavado e lhes atribuia os mesmos nomes que seu pai. Não está vivo por seu próprio direito, está conectado à fonte de seu pai. Em cada relacionamento do qual participou, Yitschac desempenha o papel passivo. Não é tolo ou incompetente. Pelo contrário!

Dominou a habilidade de se ocultar nos bastidores, de fazer crer que não está ali. Mesmo assim permanece, sutilmente trazendo à tona o melhor aqueles à sua volta, deixando que se sintam importantes, deixando-os sentir que conquistam, enquanto realizam ações para ele. Esta é de fato um grande sinal de força!

Nós, como pais, devemos extrair a lição daquele pai que nossos Sábios dizem ser “o verdadeiro pai”, aprendendo a soltar nossos filhos, a não dominar cada decisão que eles tomam.

Como uma sombra, devemos adejar cuidadosamente, tocando e não tocando, para que eles possam vir a descobrir sua própria identidade por si mesmos. Esta é a verdadeira bondade, aquela que imita a bondade Divina. [2]

III. (Ismael x Isaac), Árabes x Judeus; irmãos de sangue ? Reza o Velho Testamento que Abraão recebeu de D-us, por volta dos 75 anos de idade, o chamado para se mudar de mala e cuia para os rincões de Canaã, com a promessa de que seus descendentes dariam origem ali a uma grande nação. Dez anos depois, porém, já estabelecido na nova terra, o longevo migrante ainda não havia conseguido gerar a tão esperada prole. Sara, a esposa, o instigou a desposar sua serva, a egípcia Agar, para fazer valer o desígnio divino – união que produziu o menino Ismael. Quando o rapagote completava seu 13º aniversário, Abraão, já com 99 anos, teve outro encontro com D-us, que reiterou a promessa feita anteriormente e garantiu que a posteridade de Abraão sairia das entranhas de Sara. Dito e feito: no ano seguinte veio ao mundo Isaac, filho do centenário porém fecundo patriarca.

Na festa de apresentação de Isaac, contudo, Sara viu o primogênito zombando do caçula, e ordenou ao marido que expulsasse Agar e Ismael de seus domínios. A idéia de desterrar o sangue do seu sangue não agradou a Abraão, que apenas levou a cabo a ação por ter a garantia de D-us que seu filho com a escrava também teria um destino fabuloso, iniciando outra grande nação. Assim, fornecendo um pão e um odre de água a Agar e Ismael, o patriarca mostrou-lhes o caminho da rua logo na manhã seguinte. Ambos erraram por algum tempo pelo deserto da Bersabéia, até que Ismael se fixou no deserto da Arábia, produzindo doze filhos – as doze tribos ismaelitas, ancestrais do povo árabe.

Do outro lado da família, em Canaã, seu irmão Isaac teve como prole Esaú e Jacó. Os doze herdeiros deste último (rebatizado mais tarde de Israel) compuseram as doze tribos que deram origem ao povo hebreu. Um choque de ódio que remonta, mais do que ao litígio entre Ismael e Isaac, ao serpentífero confronto de uma outra dupla de irmãos, Caim e Abel. Que esta história tenha um final diferente. http://veja.abril.com.br/historia/israel/especial-discordia-familiar-arabes-judeus.shtml

Um ambicioso estudo genético, realizado em conjunto por cientistas dos EUA, de Israel, da Itália, Grã-Bretanha e África do Sul, colheu amostras do DNA de 1.300 homens das duas etnias em 30 países. Estudando o cromossomo Y –aquela herança genética que é passada apenas de pai para filho sem nenhuma modificação –, obteve-se a confirmação científica de que todas as comunidades judaicas espalhadas hoje pelo mundo têm forte parentesco não apenas entre si, mas também com palestinos, sírios e libaneses. A pesquisa revela que todos esses povos possuem um ancestral comum: uma população que teria habitado o Oriente Médio há quatro mil anos. O estudo também mostra que todas essas comunidades judaicas conseguiram manter praticamente intacta sua identidade biológica, mesmo tendo migrado para regiões tão distintas do planeta. Segundo o chefe do Departamento de Estudos Judaicos da Universidade de Nova York, essa pesquisa corrobora os relatos bíblicos, segundo os quais uma variedade de famílias do Oriente Médio se originou de um mesmo patriarca. [3]

Fontes: [1] Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Isaac
[2] Chabad: http://www.beitchabad.org.br/library/article_cdo/aid/1992539/jewish/Atravs-de-Esforo.htm
[3] https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080710155423AAwSpm6
Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 16 de Tamuz de 5778 – 29 de junho de 2018

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