D. PEDRO II E OS JUDEUS (5778) – Estudo de 15 de junho de 2018 – 02 de Tsmuz de 5778

I. UM AMIGO CHAMADO PEDRO, Por Rachel Stoianoff

Diz o velho ditado que todos os caminhos levam a Jerusalém. No meu caso alguns caminhos levaram-me a Petrópolis. Lendo um artigo sobre a cultura judaica de D. Pedro II, tive conhecimento também da existência do Rabino Mossé de Avignon na Provença Francesa e fiquei encantada com a grande amizade que mantiveram até o fim de suas vidas.

Decidi ir a Petrópolis visitar o Museu Imperial. Muito interessada no que vi, voltei lá três vezes. Apreciei o manto, o cetro e a coroa imperial que pertenceram ao Imperador. Resolvi conhecer melhor a cultura judaica de Pedro e o respeito e a admiração que ele tinha pelos judeus. Anotações daqui e dali resultaram neste trabalho, pois achei que devia contar o que foi visto e pesquisado.

No final concluí que em outro tempo mais antigo, em outra dimensão no espaço de nossas vidas eu tive também um Amigo Chamado Pedro.

No arquivo em Petrópolis, achamos mais uma carta que o rabino Mossé dirigiu ao imperador em Nove de agosto de 1889, enviada juntamente com a biografia “Dom Pedro II, Empereur du Brésil”, cuja autoria e até existência do autor tinham sido postas em dúvida por D’Escragnolle. A missiva, em estilo muito floreado, fecha com o seguinte parágrafo:
“Uma das mais belas retribuições de minha vida será apresentar, como historiador. francês, o maior dos modernos imperadores, D. Pedro II. Com os sentimentos de minha devota admiração, imploro Sua Majestade aceitar esta nova oferenda e as mais profundas homenagens de seu humilde e respeitoso servo, discípulo de Moisés e dos profetas, que invoca para Sua Majestade, Sua Augusta Família e seu Povo, a graça divina do Supremo Criador, para que Ele o proteja contra os ataques dos insetos e o coloque à sombra das Suas Asas (em hebraico:) que os anjos o acompanhem em todas Suas andanças!”-Benjamin Mossé Grão-Rabino Oficial da Instituição Pública (WOLF, Egon e Faria 1983)”.
A História do Povo Judeu, tão ligado à religião e as tradições seculares, é uma. história muito especial. A história dos judeus, tão diversa da de outros povos é, no entanto a história de toda humanidade.

As narrativas bíblicas esclarecem os caminhos da humanidade desde a época nômade, desde as tribos, até a formação de nações construídas com leis próprias. As histórias dos profetas, reis, e patriarcas, são um patrimônio de conduta para todas as crenças e todos os homens. A história judaica mesclou-se à história de inúmeros povos e países onde os judeus viveram, incluindo o princípio da História do Brasil desde o descobrimento, Cabral, Fernando Noronha, Pedro da Gama, tantos que para cá vieram, aqui estiveram em paz enquanto durou a repressão à inquisição pelo Marquês de Pombal.

Com a chegada da corte portuguesa em 1808, os portos foram abertos à imigração e os judeus que chegaram a partir daí não tinham a ver com os anteriores cristãos novos.

O Brasil Império florescia sob o reinado do jovem Imperador Pedro II. E aqui propriamente começa a nossa história: o imperador amigo e admirador do povo da história e da língua hebraica, deixou uma grande profusão de documentos sobre o assunto, e registrou de próprio punho em seus diários, o bom relacionamento e as amizades que tinha e cultivava com os judeus do Brasil e de outras terras.

No museu de Petrópolis, encontra-se todo um acervo desta face pouco conhecida do Imperador D. Pedro, que foi coroado com 15 anos, falava francês e inglês, era culto e foi sempre dedicado ao estudo durante a vida apesar dos seus deveres para com o Brasil. Em 1830 seus estudos incluíram latim, música dança caligrafia, geometria, matemática, geografia e, em 1839 ele dedicou-se ao alemão e italiano. Depois D. Pedro aprendeu com perfeição o grego, hebraico, sânscrito, árabe, provençal e a língua tupi.

Em 1891, D. Pedro publicou um livro de versões de poesias judaicas declarando então, que se dedicara ao hebraico, para conhecer a história e literatura dos judeus e os livros dos profetas. Seu primeiro professor foi o judeu sueco Aker Blom por volta de 1860 e depois os judeus Koch, Henning e Seybold.

Em 1887, viajando à Europa, D. Pedro declara ser o hebraico sua língua preferida e, em seu diário, ele anota suas traduções do hebraico, assinala que ministrou aulas de hebraico, depois registra “Traduzi Nehemias com facilidade, não tenho esquecido o “hebraico”.

Até depois de abdicar, D. Pedro continuou estudando sempre a língua hebraica. Traduziu Camões para o hebraico, passou partes do Velho Testamento do hebraico para o latim, dentre elas o Cânticos dos Cânticos, Isaías, Lamentações e Jó. D. Pedro foi o precursor dos estudos hebraicos no Brasil e por causa dele muitos estudiosos passaram a cultivar a língua hebraica.

O Imperador deixou um trabalho de 19 páginas que está no Museu de Petrópolis com o significado de palavras hebraicas do livro dos Salmos e do Gênesis, sendo que ele as traduziu para o inglês e o grego, não para o português. Este documento contém o hebraico escrito de seu próprio punho.

D. Pedro tinha amigos judeus aos quais freqüentava e que também recebia no Paço Imperial. Quando o Imperador criou a Ordem da Rosa, vários judeus a receberam no Brasil, como o Coronel Francisco Leon Cohn, Henry Nestor, Dreifus e outros israelitas residentes em outros países também foram honrados. Abraão Bernel, por exemplo, recebeu a ordem por serviços humanitários no Brasil. Firmas inglesas a receberam, todas elas relacionadas aos Rothschild. O coronel Francisco Leon Cohn chegou a Tenente Coronel da Guarda Nacional em 1876. Um judeu, Morris N. Kohn, americano, fez a planta para a instalação da luz elétrica no Palácio da Quinta da Boa Vista. Este judeu que veio residir no Brasil foi o inventor da cama patente. Quem se lembra?

Em 1869, chegou ao Rio o maestro e pianista judeu Gottischalk. E entre muitas apresentações houve uma solene dedicada ao Imperador, composta de 20 músicos sob a regência do maestro, e foi apresentada à Grande Marcha Solene, variações do Hino Nacional. A Lista de artistas israelitas que aqui vieram, foi enorme e, tiveram sempre o apoio de sua Majestade: Harold Hime, Paula Bucheim, Max Liechtenstein, Ida e Helena Goldsmith e muitos outros.

Quando a Independência do Brasil foi proclamada, a Constituição declarou a religião romana como a religião do Império, mas permitia outras religiões. D. Pedro viajou muito e por onde passava visitava as sinagogas; assim foi nas duas sinagogas principais de Londres, sendo, que em uma delas o rabino Marks abriu a “Torá” a seu pedido, e no Sábado lá estava D. Pedro assistindo ao culto onde recebeu bençãos para si e toda a família Imperial. Em S.Francisco a Torá lhe foi apresentada e o Imperador a leu fluentemente, leu o livro de Moisés e traduziu o texto com desembaraço para surpresa dos presentes. E assim visitou as sinagogas das cidades onde esteve nos Estados Unidos. Fez o mesmo na Europa.

No seu diário ele registra a passagem pela sinagoga de Bruxelas, esteve também na sinagoga de Toledo fazendo anotações sobre a música e o canto assistindo aos shabat invariavelmente. O Imperador foi à Palestina. Esteve numa sinagoga Samaritana em Sebastia e ele anota que a Torá que lhe foi apresentada era de pele de gazela, muito antiga e tinha o Pentateuco escrito em letras fenícias ou cananéias usadas antes do exílio Babilônico.

Em Damasco procurou os judeus e os visitou. Na Palestina esteve em Cafarnaum e anotou: “Estudei a Bíblia quanto pude”, e trouxe uma pedra das ruínas da Sinagoga. Foi nesta viagem, várias vezes à Jerusalém. E anotou: “Vou ao Monte das Oliveiras e vou ver os judeus orando junto à Muralha do Templo”.

E voltando ao Brasil, D. Pedro sempre ligado aos seus amigos judeus, continuou mantendo vasta correspondência sobre o hebraico. Havia um especial – Ernest Renau, filósofo, professor de hebraico e sânscrito, era escritor, mas os livros por ele publicados sobre religião não interessaram a D. Pedro, visto que os pontos de vista de Renau não coincidiam com o sentido religioso do Imperador. D. Pedro era religioso, o estudo do hebraico, o interesse pelas sinagogas e os judeus, estão alinhados com ele, que declarava: “Creio em Deus, sempre tive fé”. O Brasil seguia seu caminho, e o Império negociava com o exterior, o Brasil tornava-se conhecido e o Imperador recebia publicações de várias partes do mundo.

Assim foi-se formando a biblioteca Imperial. Dos Estados Unidos, chegou um livro em hebraico de autoria do rabino Halish e também um manuscrito de Jerusalém enviado por Salomon Henvitz. Muitas cartas em hebraico, poemas, um livro sobre Judah Helevy vieram ao Castelo D’EU quando o Imperador já estava no exílio. No exílio, D. Pedro dizia aos jornalistas que o abordavam: “não me chamem Vossa Majestade, mas Monsieur “D’Alcântara”.

As anotações de D. Pedro depois que perdeu o Império são diferentes.
Ele foi para França depois que a esposa morreu, e continuou freqüentando os meios judaicos. As anotações em seu diário são variadas referentes aos seus contatos com os israelitas radicados em setores diversos: professores, médicos, escritores, rabinos etc.

Seis semanas antes de sua morte, ele enviou carta ao professor Max Pettenkoper, agradecendo as poesias em hebraico. D. Pedro foi amigo do rabino Benjamin Mossé de Avinhão, que lhe sugeriu que traduzisse os poemas litúrgicos daquela região da Provença, pois ele dominava os dois idiomas.

Os poemas eram escritos de maneira especial, eram piuts, escritos uma linha em hebraico, outra em provençal. D. Pedro fez a tradução ao seu modo.

O texto hebraico foi para o francês e o provençal para caracteres latinos e assim D. Pedro fez muitas traduções para o rabino de Avinhão, incluindo o aramaico.

As publicações religiosas do rabino denominadas “La Famille de Jacob” estão documentados os trabalhos de D. Pedro. A Biblioteca Nacional de Paris possui esses exemplares, as bibliotecas judaicas na França e em Israel não os têm, embora constem documentos franceses as traduções feitas pelo Imperador dos “Treze atributos de Deus” do rabino Salomon bem Isaac de Troyes, no Brasil não há nenhum documento a respeito.

D. Pedro recebeu em 15/09/1873 o grande Diploma de Honra por seus trabalhos por intermédio do rabino Mossé que, juntamente com o Barão do Rio Branco, escreveram uma biografia do Imperador.

A morte de D. Pedro aos 68 anos foi um choque para o rabino de Avinhão e ele escreveu um necrológio no seu jornal “La Famille de Jacob”. D. Pedro II d’Alcântara, cuja biografia um modesto rabino teve a honra de escrever com a colaboração de um sábio brasileiro Barão de Rio Branco, foi uma das mais admiráveis figuras de nossa época moderna. Fundador e organizador do imenso Império brasileiro foi amigo das letras. Conhecedor a fundo do hebraico, era certamente mais fluente nesta língua que muitos filhos de Israel. Ele não somente amava nossa língua, mas nos amava, elogiava as virtudes de nosso povo e indignava-se com o anti-semitismo.

A última obra em que o monarca trabalhava era judaica, uma manifestação ressoante em favor do judaísmo que guardara para sempre sua memória.

O povo judeu que encontrou tanto desamor através dos séculos também teve amigos sinceros, e entre eles em muito especial, Pedro João Leopoldo Salvador Bibiano, Francisco Xavier de Paula Leopoldino Miguel, Gabriel Gonzaga de Alcântara Orleãns e Bragança, Imperador do Brasil.

Referências Bibliográficas: Wolf, Egon e Frieda. D. Pedro II e os Judeus. Ed. B’nai B’rith. 1983; Wolf, Egon e Frieda. O Imperador e o Rabino – Resenha Judaica; Arquivo do Museu Imperial de Petrópolis. [1]

II. D. Pedro II: o único governante do Brasil que amava os judeus, por Prof. Renato Dasg

Comentário de Julio Severo: É uma grande honra para o Brasil ter tido em D. Pedro II um governante que admirava e respeitava o povo judeu. Pena que as gerações seguintes de presidentes brasileiros nunca seguiu os passos do grande monarca brasileiro. O uso do termo “progressista” em referência a D. Pedro II não é sobre esquerdismo, mas suas ideias avançadas.

Certamente, o político mais honesto e progressista que o Brasil já teve, D. Pedro II, Imperador do Brasil de 1841 a 1889, notório por imensa cultura e interesse por diversas áreas do conhecimento humano, era poliglota e falava inclusive o hebraico.

É de seu governo a primeira Lei contra preconceito em nosso território: “ninguém pode ser perseguido por motivo de Religião, uma vez que respeite a do Estado, e não ofenda a Moral Pública”.

Nosso Imperador, incentivador da educação e saúde brasileiras, autor de um projeto de absorção sócio-econômica dos negros livres graças à abolição da escravatura, em 1888, prestes a ser colocado em prática e abortado pelo golpe da república, participava de diversas academias de ciências e letras, sendo eleito membro da Academia Francesa de Letras tornando-se imortal.

O amor do monarca pela língua hebraica, estudada durante toda a sua vida com dedicação ímpar, nasceu durante a juventude. Foram seus mestres rabinos e professores judeus, tanto no Brasil quanto no exterior. O domínio do hebraico era tão contundente que Pedro de Alcântara falava, lia, ouvia e escrevia na Língua Sagrada.

A motivação imperial centrava-se no interesse de ler a Bíblia no original, na religião judaica e nos hábitos culturais do Povo do Livro, além de ser uma forma de apagar os atos de crueldade cometidos por seus antepassados, reis de Portugal, durante o período da Inquisição.

Quando marechal Deodoro da Fonseca, através de uma ação covarde e traidora, decretou a 15 de Novembro de 1889 por meio de um golpe militar de estado o fim do período imperial numa quartelada quase sem força política e nenhum apoio popular, o início de um período republicano ditatorial, destituindo o último imperador e maior estadista brasileiro, Dom Pedro II, teve de partir em exílio para a Europa.

O Brasil de Império independente e progressista tornava-se uma República retrógrada dependente de várias nações por iniciativa própria e sem recursos para sustentar a imensa onda políticos que visavam os próprios interesses e que até hoje continuam no poder. Com semelhança de fatos, Sua Majestade cotejou seu exílio com o exílio judaico e fez de seu objeto de estudo conforto para seu sofrimento aprofundando seu conhecimento da gramática e literatura hebraicas.

Contudo, seu interesse pelo povo judeu despertava a curiosidade todos e, por ser a sociedade preconceituosa, foi, em numerosas ocasiões, ridicularizado. Em um artigo publicado em 1872, o escritor antissemita português Eça de Queiroz, autor de “Os Maias”, deixa passar sua repulsa contra os israelitas ao debochar de D. Pedro: “Sua Majestade, conhecido pela modéstia nos costumes e nas iguarias que impõe no Palácio Real, tem na verdade uma gula especial e única: a língua hebraica. (…) Só sabe balbuciar ‘hebraico’.

Certa vez, quando recebido com pompa nos palácios reais ingleses e solicitado a exprimir suas vontades e preferências, exclamou querer conhecer a comunidade judaica inglesa. Os oficiais da recepção tiveram a ridícula ideia de levar um Imperador a uma sinagoga. Rodeado por bufos judeus imersos em suas orações, pôde deglutir D. Pedro, com muita curiosidade e satisfação, porções inúteis sem fim de hebraico”.

Todavia, Sua Majestade não se contatava com a dedicação passiva. Foi autor de um livro de gramática hebraica, em francês; traduziu do hebraico para o francês a canção “Had Gadiá”, da Hagadá de Pessach, por compreender que a canção reflete a essência da justiça divina e seu poder sobre a vida e a morte.

Ainda se preocupou em traduzir para o francês, três cânticos litúrgicos antigos datados do século XVI ou XVII, que costumavam ser entoados nas festas de Brit Milá e Purim por algumas comunidades na Provença Francesa.

Em seu livro “Poésies Hébraïco-Provençales du Rituel Israélite Comtadin. Traduites et Transcrites par S.M. Dom Pedro II D’Alcantara, Empereur du Brésil. Avignon 1891” publicado com as traduções, D. Pedro expôs na introdução a história das canções e seu valor literário, para que seus leitores pudessem captar a luminosidade oculta nos tesouros da literatura hebraica.

No prefácio, confessou seu amor pela língua hebraica e descreveu as gradativas fases de seu estudo, mencionando com reverência os nomes de seus professores de hebraico: seu primeiro mestre o judeu sueco Akerblom, que vivia no Brasil; o segundo Dr. Heining; depois, Dr. Koch e, por último, Dr. Christian Seybold.

A respeito da publicação de D. Pedro II, a crítica literária judaica mundial afirmou que “nenhum de nossos homens de letras teve a ideia de salvar do esquecimento e da perda estas peças do folclore judaico, até que veio o Imperador brasileiro e coletou-as, interpretou-as, traduziu-as e publicou-as, com total fidelidade aos originais”.

Durante o exílio real em Paris, entre 1889 e 1891, D. Pedro II estabeleceu laços de amizade com intelectuais e escritores hebraístas e judeus. Um deles, Ephraim Deynard (1846-1936), em carta aberta, destacou o conhecimento da língua hebraica pelo Imperador, “Desta forma Sua Majestade destacou-se e gravou seu nome, em letras luminosas, na história e no coração do povo do D’us de Abraão.

Esta saudação é-lhe dirigida por dezenas de milhares de filhos de Israel, pela grande honra que Sua Majestade conferiu a este povo antigo por ter estudado sua língua”.

Durante suas viagens à Europa, D. Pedro tinha o hábito de visitar sinagogas. O Imperador entrava incógnito e se sentava junto à porta, como se fosse um visitante pobre. Em algumas sinagogas, quando pensavam que fosse judeu e lhe destinavam a honra de ler na Torá e lhe perguntavam seu nome e de seu pai, D. Pedro II dizia quem era na verdade, respondendo humildemente que não era judeu.

Em 22 de setembro de 1876, ele esteve na sinagoga de Odessa, Rússia, e se impressionou com a bela melodia das orações. Em demais ensejos, Sua Majestade costumava rezar com o sidur, livro próprio de orações em hebraico, assim sempre soube quando se levantar e o que dizer, acompanhando atentamente a liturgia.

Há um relato que em certa vez, no ano de 1871, na Grande Sinagoga de Great Portland Street, em Londres, se identificou após ser confundido em ser judeu, mas, mesmo assim recebeu a confirmação do convite de Leitura da Torá. D. Pedro fez o ritual da “subida” à Torá proferindo as respectivas bênçãos em hebraico e até mesmo traduzindo os versículos que havia lido. Logo após, diante dos presentes, emocionou a todos declarando: “Levarei comigo, em meu coração, o selo da Torá de Moisés, e suas palavras pairarão para sempre diante de meus olhos”.

Em dezembro de 1876, D. Pedro foi à Terra Santa, participou com os judeus das orações de sexta-feira à noite, no Muro das Lamentações. Foi, provavelmente, nesta viagem que o Imperador adquiriu os rolos da Torá, hoje tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e expostos no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Pesquisadores israelenses consideram estes rolos da Torá como os mais antigos existentes no mundo, datando do século XIV ou XV.

A sinagoga mais antiga do Rio de Janeiro, a Shel Guemilut Hassadim dos marroquinos, em Botafogo, foi fundada durante o seu Império.

Por fim, D. Pedro II faleceu em Paris no dia 5 de dezembro de 1891. No texto publicado pelo jornal HaTsfirá, A Sirene, editado em Varsóvia, na Polônia, em língua hebraica, escreveu o redator a respeito da vasta cultura de D. Pedro II e seu especial interesse pela língua hebraica, ressaltando o fato de o Imperador do Brasil saber e falar fluentemente o hebraico: “Bem aventurados aqueles que viram D. Pedro II, Imperador do Brasil, e ouviram-no falar na língua sagrada. Bem aventurados todos aqueles que o saudaram e foram por ele saudados”.
Fonte: Facebook do Prof. Renato Dasg

III. Resumo… Muitos estudos têm sido publicados sobre D. Pedro II, imperador do Brasil. Entretanto, alguns aspectos de sua vida não têm sido explorados mais profundamente: sua dedicação à literatura e aos estudos judaicos, sua preferência pelo idioma hebraico, entre outros que estudou durante sua vida, e seu desejo de conhecer as origens do Cristianismo através da análise dois textos bíblicos originais. D. Pedro era um intelectual, e tinha prazer em viajar com recursos próprios. Visitou o Oriente Médio e a Terra Santa, e sempre manteve contato com judeus de várias partes do mundo. O Imperador visitou sinagogas inúmeras vezes, para tomar parte na leitura da Torah. Foi membro de muitas instituições culturais, conforme mostrado por sua vasta correspondência.

O imperador conviveu com escritores, artistas e cientistas de sue tempo, tendo sido patrono de alguns deles, como os músicos Carlos Gomes e Richard Wagner, os pintores Almeida Junior e Pedro Américo e os cientistas Louis Pasteur e Camile Flammarion. O Rabino Benjamim Mossé, seu biógrafo, esteve presente durante o exílio do imperador, dando-lhe textos hebraicos para traduzir. D. Pedro encontrou um lenitivo para a amargura do exílio nas traduções hebraicas e na convivência com judeus. D. Pedro II representando o Brasil de um modo positivo entre as nações do mundo. [2]

Fontes: [1] O Guia Legal: http://www.oguialegal.com/pedro2ejudeus.htm
[2] http://oseias46a.blogspot.com/2014/12/d-pedro-ii-o-unico-governante-do-brasil.html
[3] http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-06102014-190859/pt-br.php

Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 02 de Tsmuz de 5778 – 15 de junho de 2018

1 comentário em “D. PEDRO II E OS JUDEUS (5778) – Estudo de 15 de junho de 2018 – 02 de Tsmuz de 5778”

  1. Uma honra para nós, brasileiros, saber como o último monarca do país amou o povo judeu. A manifestação do interesse desse imperador por assuntos judaicos expressa bem o reconhecimento por toda uma história de valores impregnada na cultura ocidental, cuja formação teve grande contribuição do povo judeu. Não resta dúvida que a humanidade ainda não reconheceu o grande papel assumido pelos judeus como povo eleito, no papel de líder dos demais povos na realização da vontade de Deus, manifesta na maior obra literária de todos os tempo: a Bíblia Sagrada.

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