HISTÓRIA JUDAICA – O HOLOCAUSTO, JUSTO ENTRE AS NAÇÕES(5778) – Estudo de 02 de fevereiro de 2018 – 17 de shevat de 5778

 

Introdução – A expressão Justos entre as Nações (em hebraico: חסידי אומות העולם, Chassidey Umot HaOlam), que também pode se referir à casa de Noé, é um termo utilizado no judaísmo para se referir a gentios (não-judeus) fiéis às sete leis de Noé e que, por esse motivo, mereceriam o paraíso. Atualmente, o Estado de Israel a usa para descrever gentios que arriscaram suas vidas durante o Holocausto para salvar vidas de judeus do extermínio pelo nazismo.

Prêmio “Justos entre as nações” – É um prêmio instituído pelo Memorial do Holocausto como reconhecimento a todos os não Judeus que durante a II Guerra Mundial salvaram vidas de Judeus perseguidos pelo regime nazista.

Para além de dois cidadãos brasileiros (Aracy de Carvalho Guimarães Rosa e Luiz Martins de Souza Dantas) e três portugueses (Aristides de Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e o padre Joaquim Carreira), muitos outros são os famosos agraciados com este prêmio, como por exemplo o industrial Oskar Schindler, as princesas Alice e Helena da Grécia, o padre Alfred Delp, o diplomata Raoul Wallenberg, o monsenhor Giuseppe Placido Nicolini, o núncio Angelo Rotta, os cardeais Vincenzo Fagiolo e Pietro Palazzini,, entre muitos outros.

Número de justos entre as nações por país – Contagem de Justos entre as Nações por país – País de origem – Número de Justos entre as Nações.

Notas:
Polônia 6.394 Na Polônia ocupada todas as famílias que escondessem judeus nas suas casas eram executadas, no que era a punição mais severa entre todos os países ocupados.

Países Baixos – 4.767, A história de Corrie ten Boom e sua família, que foi presa por esconder judeus, tornou-se conhecida com o livro O Refúgio secreto.

França – 2.740 Ucrânia – 2.515 Em 1 de janeiro de 2015 Bélgica – 1.443 Lituânia – 693 Hungria – 685 Bielorrússia- 576 Eslováquia – 465 Alemanha – 443, Um deles foi Oskar Schindler, talvez o mais famoso. Itália- 417 Grécia – 271 Sérvia – 124 Rússia – 124 República Checa – 118 Croácia – 106 Letônia – 103 Áustria – 85 Moldávia – 73 Albânia – 63 Roménia – 53 Noruega Suíça 38 Bósnia e Herzegovina – 35 Dinamarca – 21 Bulgária – 17 Reino Unido – 13, A lista inclui Frank Foley, mas exclui Nicholas Winton, Macedônia – 10 Armênia – 10 Suécia – 9, Raoul Wallenberg. Eslovênia – Espanha – 3, Ángel Sanz Briz. Estónia – 3 Estados Unidos – 3 Portugal – 3, Aristides de Sousa Mendes, Carlos Sampaio Garrido e Padre Joaquim Carreira. Turquia – 2, Necdet Kent, Selahattin Ulkumen. China – 2 Brasil – 2, Luiz Martins de Souza Dantas e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa. Chile 1 Japão – 1, Chiune Sugihara. Luxemburgo – 1, Victor Bodson. Geórgia – 1. Total 25.685 19 de abril de 2007.[1]

II.  Raoul Wallenberg- Considerado o maior herói na salvação de judeus, seu desaparecimento é um mistério até hoje. Por Moisés Spiguel 4 de junho de 2017

No Museu do Holocausto – Yad Vashem – em Jerusalém, existe uma árvore plantada em homenagem a cada “Justo entre as Nações”, título concedido pelo governo de Israel em reconhecimento a todos os não-judeus que durante a Segunda Guerra Mundial salvaram vidas de judeus da sanha sanguinária do nazismo.

Raoul Wallenberg é um Justo entre as Nações.
Raoul Wallenberg nasceu no dia 4 de agosto de 1912, em Estocolmo, no seio de uma família de prestígio na Suécia e no exterior. Uma família que teve um embaixador no Japão, banqueiros, bispos da Igreja luterana e diplomatas. Foi para os Estados Unidos estudar. Depois de formado na Universidade de Michigan em 1935 voltou à Europa, viajou bastante e adquiriu experiência em várias áreas.

Em junho de 1944, aos 32 anos, Wallenberg assumiu o cargo de Secretário da missão sueca em Budapeste, capital da Hungria. Nessa época os exércitos alemães já tinham aniquilado a maioria das mais importantes comunidades judaicas da Europa, com exceção da de Budapeste, que um dia tivera 700 mil membros.

Em julho de 1944, 400 mil judeus – homens, mulheres e crianças – já tinham sido deportados para os campos de morte no sul da Polônia; 230 mil ainda estavam na cidade. O jovem diplomata sueco empenhava-se para impedir a morte de milhares de seres humanos pelos carrascos nazistas. Tendo recebido autorização do Ministério das Relações Exteriores da Suécia para emitir 1.500 passaportes para judeus, conseguiu elevar esta cota para 4.500 e, no final, triplicou os números.

Wallenberg montou uma equipe de 400 funcionários – dos quais 250 eram judeus – para atender a demanda. Ele próprio não dormia mais do que quatro horas por noite. O diplomata instalou hospitais, berçários, cozinhas coletivas e casas seguras através de Budapeste para ajudar os judeus. Intercedeu pessoalmente junto aos nazistas para impedir as deportações em massa, como ocorreu em dezembro de 1944, quando soube que os alemães pretendiam matar os 70 mil judeus que ainda viviam no gueto central de Budapeste.

Ele entrou em contato com o general alemão August Schmid-Thuber, um comandante da SS, e pediu-lhe que não desse continuidade aos seus planos. Wallenberg ameaçou-o, dizendo que faria tudo para garantir que o militar fosse enforcado como criminoso de guerra se o massacre ocorresse. Schmid-Thuber ordenou que os planos fossem suspensos. Com esta atitude, Wallenberg conseguiu salvar 70 mil pessoas.

Segundo fontes húngaras, durante os seis meses em que atuou em Budapeste o diplomata sueco foi responsável pela sobrevivência de 100 mil judeus, seja emitindo passaportes, ajudando os prisioneiros a saírem dos trens da morte e distribuindo alimentos e medicamentos.

Em 17 janeiro de 1945, Raoul Wallenberg desapareceu. Até hoje o enigma do desaparecimento de Raoul Wallenberg ainda não foi solucionado de maneira a satisfazer todas as partes envolvidas, principalmente os seus familiares e as autoridades suecas, apesar de dois relatórios divulgados no final do ano 2000 sobre o caso.

Em 22 de dezembro de 2000, Moscou anunciou oficialmente que o diplomata sueco Raoul Wallenberg, responsável pelo salvamento de milhares de judeus da Hungria, durante a Segunda Guerra Mundial, seria reabilitado. O governo da Rússia, ex-parte da União Soviética, reconheceu também que Wallenberg foi preso em 17 de janeiro de 1945 por membros do serviço de inteligência soviética em Budapeste, capital da Hungria, juntamente com seu motorista Vilmos Langfelder quando a cidade foi libertada da dominação nazista. Ainda segundo o governo russo, o diplomata sueco foi mantido em cárcere por cerca de dois anos e meio, sendo então executado com seu motorista em 1947.

Por razões políticas, ambos teriam sido vítimas dos expurgos do regime de Stalin. Wallenberg foi detido sob acusação de espionagem a favor dos americanos.

Especulações sobre o destino de Wallenberg têm proliferado desde que havia sido anunciada pela primeira vez a sua morte em 1947. Desde então, vinham circulando diferentes versões. Em 1957, a Chancelaria soviética havia divulgado um memorando informando que, segundo testemunho de um dos diretores do serviço de saúde da prisão, “Wallenberg morrera repentinamente em 17 de julho de 1947 possivelmente vítima de uma deficiência cardíaca”.

O comunicado oficial de Moscou, no entanto, não satisfez nem os familiares de Wallenberg, que continuam sem entender o que de fato aconteceu, pois todos os arquivos sobre o caso teriam desaparecido da então União Soviética, Uma equipe de consultores independentes coordenada por Guy von Dardel, meio irmão de Wallenberg, elaborou um relatório segundo o qual o diplomata pode ter vivido até 1989. Esse fato permaneceu oculto por várias razões entre as quais a prática dos soviéticos de registrar alguns prisioneiros com números ao invés de seus nomes justamente para ocultar sua identidade.

“O fato de o passaporte e de outros pertences de Wallenberg terem sido devolvidos aos seus familiares em 1989 constitui uma forte evidência de que ele pode ter vivido até esta data, como alguns testemunhos comprovam”, disse von Dardel. As autoridades da Suécia também não parecem muito satisfeitas com a atual posição russa. Logo após a divulgação do relatório dos historiadores, o primeiro-ministro sueco Goran Persson desculpou-se com os familiares do Wallenberg por erros eventualmente cometidos durante este caso, como o pouco empenho de procurar o diplomata junto ás autoridades soviéticas quando desapareceu.

Persson afirmou que a busca de informações deverá continuar, pois se deve partir do princípio de que ele não morreu em 1947. A posição do governo da Suécia foi dúbia durante décadas, tanto que o primeiro monumento dedicado a Wallenberg foi inaugurado em uma área pública somente em 1998. É uma estátua de bronze localizada em um subúrbio de Estocolmo.

Os esforços de Wallenberg em prol dos judeus húngaros foram reconhecidos pelo Estado de Israel, que o declarou um Justo entre as Nações e determinou o plantio de uma árvore em sua homenagem no Jardim dos Justos, no Yad Vashem, Museu do Holocausto em Jerusalém, dedicados aos não-judeus que ajudaram a salvar vidas judias das perseguições nazistas.

O Congresso Americano autorizou a entrega da Medalha de Ouro no Ato Comemorativo de Centenário de Raoul Wallenberg com o presidente Obama assinando a lei em 26 de julho de 2012. O porta-voz do Congresso afirmou durante a cerimônia: “Na história americana somente sete pessoas foram nomeadas cidadãos honorários. O primeiro foi Churchill. O segundo foi Wallenberg. Para honrar o ato outorgamos a Medalha de Honra do Congresso, uma tradição que começou com o próprio George Washington”. [2]

III. HOLOCAUSTO: O FASCISTA QUE SALVOU 5.218 JUDEUS – Giorgio Perlasca (31 de janeiro de 1910 – 15 de agosto 1992) nasce na cidade italiana de Como. Ainda jovem, adere à ideologia fascista, tornando-se um entusiasta. Em 1935 combate na África Oriental Italiana durante a guerra contra a Etiópia. Sucessivamente luta como voluntário na Guerra Civil Espanhola ao lado das forças do general Francisco Franco e, por esse motivo, ao voltar da Espanha recebe uma carta de agradecimento assinada pelo próprio Francisco Franco. No entanto, desilude-se com o fascismo italiano devido à aliança com a Alemanha (contra quem a Itália havia lutado durante a Primeira Guerra Mundial) e a implementação na Itália das leis anti-semitas e raciais, aos moldes do nazismo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Perlasca trabalha, com status de diplomático, no Leste Europeu, com o objetivo de comercializar carne para o Exército Italiano em ação nos Bálcãs. Encontra-se na Hungria quando a Itália assina o armistício (8 de setembro de 1943) com os Aliados.

Sentindo-se ainda vinculado ao soberano italiano, não adere à República Social Italiana (RSI) criada por Mussolini, sendo assim detido pelo governo húngaro pró-Alemanha, mas consegue fugir do cativeiro. Tendo ainda consigo a carta assinada pelo general Franco, procura asilo junto à embaixada da Espanha em Budapeste onde, em virtude dessa carta, recebe imediatamente a cidadania espanhola e um passaporte com o nome de “Jorge” Perlasca.

Todavia, em vez de voltar à Itália, Perlasca passa a auxiliar o embaixador espanhol, Ángel Sanz Briz que, juntamente com outros representantes de países neutros (Suécia, Portugal, Suíça e Vaticano), trabalhavam para evacuar a população judia do país. Em novembro de 1944, Sanz Briz recebe ordem do governo espanhol para retirar-se para a Suíça.

Perlasca recusa-se a sair do país, e, através de um documento forjado, apresenta-se como substituto temporário do embaixador frente à embaixada espanhola em Budapeste. Destarte, impede que o governo húngaro confisque os imóveis de propriedade da embaixada, e os transforma em “casas-seguras” (devido à imunidade diplomática), onde consegue refugiar milhares de cidadãos judeus.

Durante todo o inverno 1944-1945, Perlasca esconde, protege e alimenta milhares de judeus, além de emitir salvo-condutos que permitem a saída em segurança de um grande número desses cidadãos. A justificativa jurídica dos salvo-condutos é uma Lei espanhola de 1924 que garante a todos os judeus sefarditas o direito à cidadania espanhola.

Em dezembro de 1944, Perlasca, desafiando bravamente um coronel das SS, consegue resgatar dois moços judeus que estavam sendo levados a um trem direto para um campo de extermínio. Logo em seguida, o diplomata sueco Raoul Wallemberg, que assistiu à cena, o informa que o oficial alemão é nada menos que o famigerado carrasco nazista Adolf Heichmann.

Com a expulsão dos alemães e a ocupação da Hungria pelas tropas soviéticas, Perlasca volta para a Itália, vivendo no anonimato e sem revelar a ninguém (nem mesmo a sua família) suas ações humanitárias durante a guerra. Porém, a comunidade judia de Budapeste não o esqueceu e, em 1980, consegue localizá-lo, vivendo modestamente na Itália. É então que o mundo conhece a heróica história de Perlasca.

Giorgio Perlasca foi reconhecido e condecorado por vários governos. Suas atividades durante a Segunda Guerra Mundial foram retratadas no filme “Perlasca – Um herói italiano”, produzido pela emissora italiana RAI.

Giorgio Perlasca faleceu de um ataque cardíaco em 1992 após ter sido considerado, pelo governo de Israel, como “Justo entre as nações”.

Condecorações: Medalha da Knesset (Israel) – Jerusalem, 1989; Star of Merit (Estrela de Merito)– Hungaria, 1989; Town Seal of Padova (Cielo da Cidade de Padova), 1989; Medal of the Holocaust Museum – United States, Medalha de Museu de Holocausto – EUA) 1990; Grande Ufficiale della Republica – Italia, 1990; Medalha Raoul Wallenberg – EUA, 1990; Ordem de Izabel A Católica – Espanha, 1991; Gold Medal for Civil Bravery (Medalha de Bravura Civil – Italia), 1992. [3]

Fontes: [1] Wikipedia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Justos_entre_as_nações
[2] http://portaljudaico.com.br/considerado-o-maior-heroi-na-salvacao-de-judeus-seu-desaparecimento-e-um-misterio-ate-hoje/
[3] https://principedaliberdade.wordpress.com/2016/08/22/holocausto-o-fascista-que-salvou-5-218-judeus/

Coordenador: Saul S. Gefter, Diretor Executivo 17 de shevat de 5778 – 02 de fevereiro de 2018

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